Steve Jobs por Walter Isaacson | Resenha
‘Steve Jobs por Walter Isaacson’ mostra que biografia pode ser uma boa leitura
Desde a publicação, em 2011, vários amigos me indicaram a biografia do Steve Jobs por Walter Isaacson, porém, pelo meu receio com este tipo de obra, me esquivei. Sempre preferi ficções. Até que, no Natal de 2013, quando o burburinho em torno do livro havia diminuído e ele já estava excluído da minha lista de desejos, eu o ganhei de presente. Aí, não teve jeito, tive que colocar na fila e, em menos de um mês, devorei as mais de 600 páginas.
Nunca fui fã do Steve Jobs. Sempre detestei o endeusamento em torno de sua figura, apesar de reconhecer os seus feitos tecnológicos e no mundo empresarial. Também não tenho o costume de ler biografias, talvez, pela falta de interesse maior em uma personalidade específica ou simplesmente por achar que, em muitos casos, o trabalho é apenas uma colcha de retalhos jornalísticos encadernado para que os fãs mais fervorosos gastem o seu dinheiro.
Em relação ao homenageado, senti um misto de aversão e admiração. Logo nos primeiros capítulos, a minha antipatia pelo Steve foi comprovada. Não concordava com a sua filosofia de vida e repudiava o modo como tratava as pessoas à sua volta. Não dá para passar por cima de tudo para conquistar seus objetivos. Em contrapartida, passei a respeitá-lo mais como visionário. Ele realmente pensava à frente do seu tempo e elaborava produtos de qualidade com fácil usabilidade para o consumidor.
Não vou negar que o cara era um gênio, mas não foi a sua genialidade a responsável por eu ficar fascinado pela obra. O modo como o autor apresentou a pesquisa e construiu a narrativa foi o que efetivamente me conquistou e motivou a escrita deste texto, mesmo três anos após o lançamento.
O Steve Jobs apresentado aos leitores é tão complexo como o próprio ser humano. O autor busca, e isto é o barato da obra, tornar os fatos mais críveis possíveis. Ele não se atém apenas aos grandes feitos do protagonista, ou o que ele teve que fazer para atingir o sucesso. Através das suas pesquisas e entrevistas apuradas, consegue explorar um fato sobre os diferentes ângulos e mostrar opiniões distintas. Além disso, não se coloca como uma verdade absoluta. Em inúmeros momentos do livro é possível ver divergência em relação a certos acontecimentos.
A obra escrita por Walter Isaacson vai além do tradicional culto à personalidade. Ela compila toda a pesquisa sobre a vida de Jobs, sem se esquivar dos defeitos e das contradições do mesmo. Assim, deixa a cargo do leitor avaliar as impressões apresentadas, resultando num trabalho mais rico em conteúdo, consistente e interessante.
Um fato relevante é que o próprio Steve liberou o autor para ter total controle sobre o livro, incentivando, inclusive, entrevistas com alguns desafetos. A mulher de Jobs, Laurene Powell, por sua vez, também apoiou a publicação da biografia, sem qualquer tipo de censura. Sem dúvidas, essa liberdade criativa oferecida contribuiu para o engrandecimento da obra, que pôde oferecer aos leitores uma chance de conhecer, de fato, a pessoa que tanto gerou (e gera) admiração e ainda alguns outros tantos questionamentos. Assim, foi possível a quem leu o título tirar suas próprias conclusões a respeito desse personagem tão instigante, baseadas em fatos precisos e verídicos e não apenas em suposições ou opiniões meramente pessoais e tendenciosas.
Não sou um ávido leitor de biografias, mas aprendi com o livro escrito por Walter Isaacson, a respeitar o gênero. Deixei o meu preconceito de lado e pude constatar que é possível fazer um trabalho informativo e reflexivo de qualidade e que nos instigue a ler o próximo capitulo.
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