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Ciclo da Herança, de Christopher Paolini | Resenha

‘Ciclo da Herança’: uma série envolvente, rica em detalhes e com personagens inesquecíveis

Christopher Paolini, autor do Ciclo da Herança – originalmente conhecido como Trilogia da Herança, mas fontes me informaram que, como o último livro ficaria muito extenso, foi decidido que seria dividido em dois, transformando a Trilogia em um Ciclo -, logo se tornou um de meus ídolos literários depois que li o primeiro volume da série, composta por 4 volumes: Eragon, Eldest, Brisingr e Herança. Foi uma surpresa realmente agradável descobrir um autor jovem e perfeitamente capaz de desenvolver com tanta maestria uma história rica e fluida.

Começando de maneira misteriosa e envolvente, a trama se foca no jovem Eragon, um camponês morador do vale Carvahall. No entanto, sua vida pacata sofre uma brusca reviravolta depois que ele encontra – de maneira bastante mágica, diga-se de passagem – uma estranha joia azul. Joia essa que, mais tarde, chocou. E o que saiu de dentro dela foi um filhote de dragão de escamas e olhos azuis, mais tarde batizado de Saphira – e, posteriormente, uma forte candidata a se tornar a personagem favorita da maioria dos leitores.

Qual é a problemática da história e os perigos que transformarão a vida do jovem Eragon em uma grande aventura?

Ao encontrar o ovo de Saphira e tendo ele chocado ainda em sua posse, Eragon se tornou um Cavaleiro de Dragão. E isso foi um tipo de acontecimento histórico bem marcante, já que o único Cavaleiro de Dragão ainda vivo era o atual rei, o tirânico Galbatorix, que se preocupava bastante em manter o seu domínio sobre a Alagäesia – e ter outro Cavaleiro de Dragão seria a alavanca para que rebeliões eclodissem e a coragem se instaurasse nos corações dos inimigos do rei.

Então, havia duas saídas: ou o rei tentava converter Eragon em seu aliado; ou o matava.

E qual foi a opção que Galbatorix escolheu?

“Morte ao Eragon e ao seu dragão!”, foi a primeira escolha do rei.

Mas eu diria que não foi nem pelo fato de a trama já ser por si só envolvente que a história de Eragon me cativou de maneira irremediável e quase imediata. Foram os detalhes – que, ao mesmo tempo, são um pontinho negativo, uma vez que tornam a história um pouco mais difícil de ler, obrigando o leitor a voltar muitas vezes para acontecimentos passados, tornando assim o livro mais denso.

E é por isso que eu não consigo nem imaginar o imenso trabalho que o autor deve ter tido para finalizar a série. Porque alguns detalhes se encaixam e evoluem com o decorrer da trama, chegando a se tornar eventos cruciais para o desfecho. Então, aqueles que pretendem ler o Ciclo da Herança, meu conselho é: atenção aos detalhes! Lembrem-se dos acontecimentos pequenos!

Além dos detalhes significativos, Chris mandou muito bem ao apresentar uma riqueza muito grande de culturas entre as diversas espécies existentes nesse seu universo imaginário. Temos anões, elfos, Urgals, dragões, humanos, espectros e monstros diversos. Cada um deles possui sua língua própria – mas, calma, tem um glossário no final de cada livro, que auxilia o leitor justamente nessa parte, bem como uma sinopse bastante completa no início de cada volume, para que o leitor se lembre dos acontecimentos nos livros anteriores. Temos também histórias particulares para diversos personagens, o que proporciona uma intimidade muito bacana entre o leitor e a trama.

Mas é claro que eu não poderia deixar de separar um espaço para falar do vilão. A bem da verdade, o Ciclo da Herança apresenta, no geral, um “vilão-mor”, que seria o Galbatorix – mas, certamente, ao longo da história, há os vilões menores e momentâneos, que não deixam de brilhar com sua esperada maldade. Mas devo dizer que, no que concerne vilania, eu diria que Galbatorix chega bem perto de ganhar o prêmio de vilão do ano. O cara não é o tipo de vilão insuportável que dá ao leitor vontade de pular no pescoço dele. Galbatorix é um vilão frio, inteligente, calculista e francamente mau. Sabemos disso apenas pela repercussão que suas maldades têm sobre os demais personagens e na trama em si. Ele é do tipo que é mau porque PODE!

Por que resolveu se tornar um rei tirânico?

“Por que não?”, imagino que ele responderia.

Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de que o protagonista, o Eragon, não só  é humano, como também apresenta as características da espécie. Ele é jovem, inexperiente, tem dúvidas, não sabe de muita coisa, comete erros, fica com raiva, chora, ri e se apaixona. Não costumo ser fã de protagonistas, mas esse eu consegui aceitar muito bem e cheguei a respeitá-lo.

Já a Saphira é um caso à parte. Como um dragão, ela é uma criatura rodeada de história e mistérios. Ao mesmo tempo em que é muito jovem e sujeita às implicações de sua pouca idade – como desilusões e inexperiência -, mostra uma sabedoria e sensatez anciãs naturais à espécie.

No que concerne a aparência física do livro, eu diria que a editora Rocco fez um ótimo trabalho simplesmente ao publicá-los – é uma história que merece ser lida. As capas estão ótimas, elas se interligam e se completam. No entanto, devo dizer que o acabamento deixou um pouco a desejar – sofri bastante com descolamento das brochuras e uma deteriorização um pouco rápida demais dos meus livros, principalmente os dois primeiros, Eragon e Eldest.

E se você, por acaso, ouvir falar do filme Eragon… esqueça-o no ato. Nunca, eu repito, NUNCA assista o filme! Pelo menos, não até ler o primeiro livro. E, se puder evitar, não assista nem mesmo depois de ler. Eu diria que o filme simplesmente usou os mesmos nomes e, rusticamente, a mesma base da trama dos livros. Porque são bem diferentes – um diferente que beira o ofensivo.

Mas, filmes à parte, acho que Christopher Paolini criou uma obra digna de ser lida e apreciada – vide o fato de que não fiz quase nenhuma crítica negativa à obra. E acho que aqueles que gostam de literatura fantástica apreciarão muito o Ciclo da Herança.

Deixo aqui o meu reconhecimento e meus parabéns ao autor.

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