Plutão, de R.J. Palacio | Resenha
‘Plutão’: Se é planeta eu não sei, mas é uma bela história de amizade
Ser amigo não é só estar próximo nos bons momentos, mas é também estender a mão quando o outro necessita de ajuda. A verdadeira amizade é aquela que está presente, inclusive, quando tudo parece desmoronar. Com o avanço da tecnologia, a distância não é mais uma barreira para acolher e ser acolhido. Amizade é isso! Uma troca mútua. E, para celebrar O Dia do Amigo (20 de julho), nada melhor do que falar sobre uma bela e inspiradora história de amizade: Plutão, de R.J. Palacio. O título pode parecer algo científico, técnico… Mas, se você reconheceu a autora, já sabe que tem em mãos mais uma trama extraordinária. E o melhor, com um dos personagens mais queridos da ficção criada por ela: August Pullman, ou Auggie para os íntimos. Prepare-se para se emocionar!
Lançado exclusivamente no formato de e-book pela editora Intrínseca, Plutão é a mais recente obra de R.J. Palacio trazida ao Brasil. O livro conta a história de Christopher, o melhor amigo de infância de August Pullman – que apenas é citado na obra Extraordinário -, em um dos dias mais complicados da sua vida (ou, como o próprio define, “o pior dia da sua vida”). Chris está passando por momentos difíceis: dificuldades na escola, separação dos pais e a necessidade de se enturmar na banda do colégio. Com isso, qualquer outra coisa que não saia do jeito que o menino espera vira um problemão. A narrativa oscila entre a tumultuada rotina vivida pelo garoto em um dia, desde o acordar até a hora de dormir, e recordações de momentos em que esteve ao lado de Auggie, quando ainda moravam no mesmo bairro.
Dizer que a trama de R.J. Palacio é “extraordinária” é clichê, porém, ao mesmo tempo, é difícil arrumar outro adjetivo mais apropriado. O modo como a autora constrói a narrativa, e principalmente os personagens, é de uma sutileza e transmite uma verdade que emociona o leitor. É complicado retratar o universo infantil, ou qualquer trama focada no público jovem, sem cair nos esteriótipos. Palacio, entretanto, desvia destes obstáculos com facilidade e apresenta crianças como elas devem ser, expondo os pensamentos sem filtros, sendo amáveis, curiosas diante do diferente e, em certos momentos, egoístas e, até mesmo, cruéis.
Christopher, protagonista de Plutão, não é das crianças mais adoráveis. Melhor dizer, ele ainda não tem maturidade para lidar com um dia difícil e não entende que os outros também têm problemas. Como é normal da idade, ele se acha o centro das atenções e, no dia em que se passa a trama, o personagem chega até a ser um pouco chato (na minha visão de leitor adulto). No entanto, em alguns flashbacks, podemos ver um outro lado do garoto, apaixonante. Por mais difícil que seja aturá-lo, em alguns momentos, o aprendizado transmitido por Palacio é incrível, tanto para ele quanto para nós mesmos. É impressionante como ela consegue abordar temas como amizade, responsabilidade e família, engajando e emocionando o público (é difícil admitir, mas, até para um marmanjo como eu, rola aquele nó na garganta). Isso sem contar quando Auggie, o menino extraordinário que arrebatou os nossos corações, reaparece e, mais uma vez, rouba a cena, mostrando que, além de um garoto encantador, é também um amigo formidável! Sem palavras!
Plutão, como os outros livros da autora, Extraordinário e O Capítulo de Julian, é edificante e motivador. Leitura obrigatória para toda a família (ou para qualquer um que goste de uma boa história e de refletir sobre questões da infância e da juventude), pois, além de entreter, serve como ponte para tratar de diversos assuntos mais delicados e ajuda a aproximar pais e filhos, valorizando e incentivando o hábito da leitura no ambiente familiar, que falta no Brasil.
Um tema inusitado que tem destaque na publicação, refletindo, inclusive, no título é o rebaixamento de Plutão como planeta (que recentemente voltou a ter esta denominação – esses astrônomos só podem estar de brincadeira com a nossa cara). A associação feita na obra é fantástica e mostra a sensibilidade de R.J. Palacio em transformar uma denominação científica em algo simbólico, envolvente e extremamente pessoal. Pode parecer banal, mas não é.
Confusões cientificas à parte, mais uma vez, Auggie mostra que o mais importante é o que cada um carrega dentro de si. Não devemos julgar a aparência, pois, atrás de um rosto deformado, podemos encontrar uma grande amigo. Plutão é mais um trabalho brilhante de R.J. Palacio, que reforça o valor da amizade e de se importar com quem a gente ama. Uma bela história!
“E, quando amigos precisam de nós, fazemos o que podemos para ajudar, certo? Não podemos ser amigos só quando é conveniente para a gente. Boas amizades valem um esforcinho a mais!”
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