Percy Jackson e os Deuses Gregos, de Rick Riordan | Resenha
‘Percy Jackson e os Deuses Gregos’: apresentando a mitologia grega para a garotada
Rick Riordan é um dos autores do momento! Trazendo ao mundo a série Percy Jackson e os Olimpianos, o autor conquistou leitores do mundo inteiro – e os dois primeiros livros da série chegaram a servir de base para dois filmes, O Ladrão de Raios e O Mar de Monstros.
Levando em consideração que a sua série Percy Jackson e os Olimpianos retrata a mitologia grega, de maneira super descontraída e atuante no século XXI; nada mais natural do que escrever um livro que fale sobre a própria mitologia grega, já que a grande maioria do público leitor – principalmente o público jovem – não a conhece – pelo menos, não muito.
Percy Jackson e os Deuses Gregos é um tipo de “manual da mitologia grega para leigos”, separado em capítulos que contemplam o início de todas as coisas de acordo com os gregos antigos e seguindo adiante com narrativas sobre os deuses do Olimpo – nem sempre respeitando a ordem cronológicas dos acontecimentos, o que eu achei que deixou a história da mitologia grega, que já é um pouco confusa, ainda mais difícil de acompanhar.
Então, amigo, se você está pensando que lendo esse livro vai ser capaz de se lembrar dos nomes de cada deus grego e suas peripécias, me desculpe, mas está sonhando alto demais. Prepare-se para ler muitos nomes e cada um mais esquisito do que o outro. E prepare-se para perceber que os deuses gregos não eram tão respeitáveis quanto se espera de… bem, uma figura divina.
Atribuo isso ao imenso senso de humor negro que os gregos pareciam ter com relação à sua fé e à sua própria sociedade. Os caras, eu admito, tinham uma criatividade, muitas vezes, mórbida e francamente pervertida.
Mas não estou aqui para exaltar os nossos queridos gregos, embora eles bem que mereçam.
O fato é que os livros da série Percy Jackson e os Olimpianos são da categoria infanto-juvenis. Portanto, uma vez que seu foco está no público jovem, Riordan fez um movimento que, na minha opinião, foi ousado.
Em Percy Jackson e os Deuses Gregos o narrador é o próprio Percy, o protagonista da série. E, no momento, mais importante do que isso, um adolescente. Sendo assim, Rick Riordan teve que enfrentar a difícil tarefa de usar a linguagem de um adolescente.
Cara, vou ser sincera agora: eu não sei se que conseguiria fazer isso.
Mas Rick Riordan consegue. O suficiente para me irritar em determinados momentos. Nada pessoal, mas às vezes ele pareceu forçar um pouco o humor na narrativa. Meus caros, o humor deve vir naturalmente. Senão, deixa de ser engraçado.
Bom, eu não curti muito esse estilo de narrativa. Mas admito que, se o objetivo do autor era se aproximar do público jovem, sua jogada foi brilhante e sua habilidade foi inegável. O toque sarcástico humorístico que o narrador deu à narrativa foi um toque crucial para chamar a atenção do público.
Entretanto, tenho que admitir que em mais de um momento, a narrativa jovial e implicante de Percy – ele faz chacota de praticamente todos os deuses gregos, à medida que narra suas histórias – conseguiu arrancar de mim boas risadas.
Mas tem uma característica muito presente no livro – na verdade, tudo gira ao redor dela – que, na minha opinião, foi ótima para o leitor: a mitologia grega. O livro, como o próprio título já diz, se volta para os deuses gregos, cujas histórias formam o miolo da mitologia e até mesmo da História Grega. Por isso, nesse livro temos um capítulo para os deuses gregos mais importantes, como: Héstia, Deméter, Perséfone, Hera, Hades, Poseidon, Zeus, Atena, Afrodite, Ares, Hefesto, Apolo, Ártemis, Hermes e Dioniso.
E, cá entre nós, embora os mitos gregos não sejam exatamente a melhor forma de se adquirir ética social – os deuses gregos eram, de fato, figuras de atitudes, no mínimo, duvidosas -, é sim uma forma de ver o mundo. A verdade é que os mitos gregos eram uma forma de ensinar o povo, na Grécia. Eles são o berço do pensamento grego.
Só precisam ser muito bem interpretados.
Mas quanto à parte física da obra, ou seja, o livro em si, eu não tenho absolutamente nada do que reclamar. Tudo no livro beira a perfeição. A capa é absolutamente linda, intensamente colorida e rica em informações. A fonte está ótima para a leitura. O tamanho do livro pode ser um empecilho caso o leitor queira carregar a obra consigo, mas não é nada gritante. Porém o que fez com que os meus olhos brilhassem ao abrir e folhear o livro foram as ilustrações – feitas por ninguém menos do que John Rocco. Essa foi uma jogada genial por parte da editora. Agregou muito valor à obra!
Percy Jackson e os Deuses Gregos é uma obra perfeitamente educativa e divertida. E, mesmo se não fosse, o livro vale a pena apenas pelo primor de trabalho que a editora empreendeu desde a capa até a mini biografia do autor na última página. Com essa obra, mais uma vez, Rick Riordan traz um pouco do universo grego até nós, que ficamos muito gratos!