Bienal 2015: a bela mitologia de Colleen Houck
Em encontro com leitores na Bienal do Livro 2015, Colleen Houck, autora da ‘Saga do Tigre’, foi ovacionada e falou sobre o lançamento de sua nova trilogia, dessa vez, egípcia, iniciada com ‘O Despertar do Príncipe’
Uma entrada imponente e com recepção digna de uma celebridade. Ou melhor, uma idolatria que beira à veneração. Quase como uma deusa. E, a julgar pela aparência de Colleen Houck para o encontro com os leitores que ocorreu no último sábado (12), na Bienal do Livro 2015, quem iria dizer o contrário? Com uma bela túnica azul com detalhes em dourado, cheia de acessórios, a escritora da Saga do Tigre, publicada pela editora Arqueiro, poderia facilmente se passar por uma de suas personagens fantásticas. Não à toa, levou o público que lotou o auditório Madureira do Riocentro ao delírio e ao total estado de êxtase. E foi assim durante todo o bate papo. Qualquer novidade, qualquer frase proferida por ela era seguida por gritos e aplausos dos jovens. Tudo isso porque Colleen conseguiu criar toda uma nova mitologia, além de mundos fantásticos, que arrebatou o coração e a mente dos leitores. Ela aproveitou a ocasião para falar mais sobre sua nova obra, O Despertar do Príncipe, também publicado pela Arqueiro. De acordo com a autora, o livro é o primeiro volume da trilogia Deuses do Egito, que, dessa vez, irá abordar a mitologia egípcia. E, para alegria de todos, a continuação já está pronta.
“Serão três livros nessa nova série (iniciada pelo Despertar do Príncipe), além de um conto menor”, explicou Colleen. “Eu já finalizei o segundo e, agora, estou escrevendo o terceiro. Eu acho que vocês vão gostar muito porque, na minha saga do tigre, eu tinha dois rapazes bonitos. Nesta trilogia, eu tenho três. Esta série tem muito simbolismo. Eu uso muito o número três, por exemplo, e vocês vão perceber. São três príncipes, três pirâmides, três histórias de amor. O conto, este outro volume menor que irá sair além da trilogia, e que eu também já terminei, é muito importante. Ele fala basicamente sobre o vilão e, se você pular esse, não vai saber direito sobre ele. Todo bom vilão tem que ter uma boa história por trás para dar mais sentido a ele. Para dar a sua essência”.
Além de confirmar o segundo título da nova trilogia para 2017, Colleen, causando comoção geral, também anunciou o quinto livro da Saga do Tigre, O Sonho do Tigre, porém, apenas para 2018, após finalizar o terceiro livro da série egípcia, que, a autora garantiu, será o seu próximo projeto. Por falar na sua primeira coleção – que a tornou mundialmente famosa -, a escritora confessou que o seu livro favorito é A Viagem do Tigre, por achá-lo “empolgante e assustador, ao mesmo tempo” e declarou ainda que o final de O Destino do Tigre apresentado aos leitores é diferente da conclusão que ela imaginou, a pedido de sua editora. Porém, ela disse que há três finais para a obra disponíveis em seu site. Colleen também falou sobre a adaptação cinematográfica de A Maldição do Tigre – o primeiro livro da série -, já confirmada, com lançamento previsto para 2017.
“Se vocês me seguem nas redes sociais, já sabem que o diretor do filme foi escolhido e é da Índia”, disse. “Ele é muito doce e se parece muito com o Sr. Kadam (seu personagem preferido da saga). Os produtores querem que a atriz que irá interpretar Kelsey seja famosa. Eles já estão procurando, mas querem escolher ela primeiro para, depois, encontrar os meninos. Eu considero os filmes mais difíceis, até porque, quando você é escritor, você não tem muito poder, principalmente nos primeiros filmes. Só nos próximos que dá para se envolver mais. A J.K. Rowling, por exemplo, não se envolveu muito no primeiro filme do Harry Potter, mas esteve presente nos outros. Depende muito do contrato. Como autor, você tem que escolher o que é mais importante para você, mas isso, em um filme, é mais complicado. Mas a pessoa que está responsável pelo filme ama a série. Está comigo desde o início. Ele considera a série o seu bebê. Eu confio muito na equipe e acho que vocês ficarão muito felizes. E, como o diretor é indiano, vamos fazer o possível para que os atores, tirando a Kelsey, que é americana, sejam também”.
Fã declarada de mitologia, Colleen afirmou, contudo, que teve dificuldades em escrever sobre a Índia e que, ainda hoje, não consegue entender tudo sobre a sua cultura, mas exaltou a experiência de trabalhar em cima dessa história, assim como na atual, sobre o Egito. E também não descartou a possibilidade de as duas séries se conectarem, no futuro. Ela contou ainda sobre as dificuldades de publicar a sua obra no início da carreira e deu conselhos para quem deseja se tornar escritor(a).
“Quando eu entreguei os dois primeiros volumes da Saga do Tigre, ninguém quis”, confidenciou. “Então, eu resolvi apostar na autopublicação e comecei a vender os primeiros livros por um preço baixo. Até que, em 2010, as pessoas começaram fazer muitos downloads deles, eles entraram na lista de mais vendidos e tudo começou a acontecer. Eu só escrevia por diversão. Para mim mesma. É uma surpresa todo esse sucesso, e eu adoro compartilhar meus tigres com o mundo. Eu fui bastante criticada no início por colocar uma garota americana para salvar o dia na Índia. Muitas pessoas, hoje em dia, me perguntam também se os personagens são reais, se eu me baseei em alguém. Eles são personagens que a gente idealiza. Eu acho que é isso o que nós queremos quando lemos um livro. E, se você quer ser um(a) escritor(a), o primeiro conselho que eu dou é leia muito, isso é muito importante. E, depois, descubra o que é melhor para você, em termos de história”.
Mesmo confirmando a presença de mitologia em obras futuras – “isso sempre vai estar presente”, atestou -, Colleen também mostrou vontade de escrever um livro de ficção científica, outro gênero que adora. Encantada por pão de queijo e o chocolate brasileiro, a escritora ainda exaltou os fãs do Brasil, apesar de ter contado uma história inusitada que passou justamente com uma fã brasileira.
“Minha fã mais louca é do Brasil, que devia ter uns 16 anos, eu acho, e meu pediu em casamento”, contou, aos risos. “Os fãs daqui são fantásticos. Vocês são apaixonados, entusiasmados. Eu nunca fui a um evento literário como esse. Não é a mesma coisa nos Estados Unidos. Eu acho maravilhoso poder trazer tantas crianças durante a semana. Ler é muito importante. Acho isso incrível mesmo, vocês são demais”.
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