A Fúria dos Reis – As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin | Resenha
‘A Fúria dos Reis’: com muitos detalhes e uma narrativa épica, começam as guerras de Westeros
Depois de ficar algumas horas olhando para a tela em branco do computador, pensando: “Santo Cristo, como vou resenha esse livro sem ser apedrejada depois?”, e, ainda por cima, não encontrar uma solução, resolvi deixar as coisas fluírem – porque deu para perceber que planejando, a resenha não ia sair nunca.
Mas vamos lá! Vou tentar fazer isso sem dar nenhum spoiler.
A resenha de hoje é do livro A Fúria dos Reis, segundo volume da série Crônicas de Gelo e Fogo, do infamemente conhecido George R. R. Martin.
É até difícil fazer um resumo do livro, porque a própria sinopse está incrivelmente bem feita. Mas vou tentar mesmo assim.
Nesse segundo volume, eu diria que o nosso querido Martin já deixa bastante óbvia a sua intenção de não poupar ninguém – inclusive os leitores com coração fraco e sentimentos fortes. Como o título brilhante e poeticamente já diz, o foco desse livro está na “fúria dos reis”, que nada mais é do que uma disputa mortal e muito, muito sanguinolenta entre os vários aspirantes a rei que surgem em Westeros, querendo conquistá-la. Nada mais do que cinco aspirantes a rei, se eu não estou enganada, se erguem e se mostram muito dispostos a conquistar o tão loucamente sonhado Trono de Ferro – que deve ser incrivelmente desconfortável, mas todo mundo quer. Vai entender…
Então, acho que já deu para notar onde essa confusão toda vai dar: Guerras, traições, intrigas e muito, muito sangue.
Mas aquém dessa confusão de “quem vai ficar com o Trono de Ferro?”, temos os eternos mistérios e perigos antigos de Westeros que fazem com que essa série do Martin seja caracterizada como literatura fantástica. Temos a Muralha, que originalmente protege, com a ajuda da sua Patrulha da Noite, o reino de ameaças antigas e muito, muito perigosas – e que, francamente, são o que mais me intrigou e ainda me intriga ao longo da grande aventura que está sendo essa série. E é justamente nesse segundo livro que o autor vai começar a dar atenção a esses perigos que estão do outro lado da Muralha, pois tudo indica que eles estão prestes a voltar.
E, só para constar, se você não leu o primeiro livro e espera começar a seguir a série nesse segundo e entender alguma coisa, meu caro, desiste. Porque até eu, que já li o primeiro volume, me confundo o tempo todo!
Nesse segundo volume, Martin mantém o seu sistema narrativo, usando o foco de diferentes personagens para cada capítulo – e eu ainda acho essa ideia sensacional, porque acrescentou muito mais detalhes à história; e detalhes esses que não poderiam ser percebidos se apenas um foco narrativo fosse usado.
É nesse livro também que o autor começa a esclarecer a personalidade e até mesmo o papel de muitos personagens, cuja descrição e foco empregados no primeiro volume podem te deixado um pouco a desejar. Posso tomar como exemplo os personagens Jon Snow e Daenerys Targaryen, ambos começam a trilhar seu próprio caminho a trilhar seu próprio caminho; a Arya Stark, que também envereda em uma jornada sozinha para alcançar o seu bastante sangrento objetivo. Esses personagens em particular prometem bastante.
E eu me sinto no dever de comentar que a capacidade de Martin de desenvolver os seus personagens – vários ao mesmo tempo – me fascina de maneira bastante peculiar. Eu ainda não consegui entender como ele não se perde no meio de tantas histórias, tantos detalhes e tantas personalidades. É nesse segundo livro que ele começa a mostrar realmente que ele está falando sério e que essa série não é para os fracos e, definitivamente, não é para os “preguiçosos”, digamos assim. Porque acompanhar a trajetória conturbada e cheia de curvas da série é uma tarefa que exige um pouco do leitor. Quando as pessoas dizem que demoram para terminar de ler os livros dessa série não é só por causa da espessura dos volumes – por falar nisso, esse segundo livro possui nada menos do que 656 páginas metodicamente preenchidas -, mas também pelo trabalho que exige do leitor.
De maneira geral, apesar de esse segundo volume apresentar, na minha opinião, uma riqueza maior no que se refere aos personagens em si, eu diria que o caminhar dele foi mais lento do que o primeiro. Não sei se foi porque os acontecimentos do primeiro volume, especialmente da metade para o final, foram muito chocantes, eu diria que em A Fúria dos Reis, Martin tenta dar uma visão geral da Westeros e dos seus personagens. É como se ele ainda estivesse tentando fazer com que o leitor se acostume com esse universo imenso que ele criou.
Quanto ao trabalho da editora, mantenho a minha opinião dada na resenha do primeiro livro. O trabalho da Leya estava excelente em A Guerra dos Tronos, e felizmente se mantém da mesma forma nesse segundo volume. Torço para que continue assim. A editora está de parabéns!
Pessoalmente, eu gostei desse segundo livro na mesma proporção que gostei do primeiro. E recomendo com igual fervor. No entanto, atento para o fato de que eu, com toda a sinceridade, não acho que seja um livro para “principiantes”. Se você quer ingressar nesse universo literário, eu não recomendo que comece com essa série – mesmo os leitores mais “experientes”, eu aconselho que comecem como deve ser, pelo primeiro volume.
Mas para todos que quiserem se aventurar nesse épico fantástico que George Martin criou, eu desejo boa sorte e torço para que gostem tanto quanto eu gostei.