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Cidade dos Ossos, de Cassandra Clare | Resenha

‘Cidade dos Ossos’: de maneira envolvente e criativa, Cassandra Clare nos apresenta todo o novo e rico universo dos Caçadores de Sombras

O livro de hoje é o Cidade dos Ossos, da mundialmente aclamada série Os Instrumentos Mortais, da famosa Cassandra Clare, publicado aqui no Brasil pelo Grupo Editorial Record, sob o seu selo Galera Record.

A história se passa na moderna e badalada Nova York, e é protagonizada por Clarissa Fray, vulgarmente conhecida como Clary, uma humana, ruiva e vítima de todos os problemas típicos de uma adolescente novaiorquina. Uma garota normal…

Só que não.

É claro que Clary não é uma menina normal. Do contrário, não haveria história, não é?

E esse é justamente o ponto crucial da trama. Nesse primeiro livro, Clary vai descobrir algumas coisas bem chocantes sobre o passado da sua mãe, de sua família e dela mesma.

Eu sei que não deveria falar nada para vocês. Sei que deveria preservar a história como um grande mistério e meio que obrigá-los a buscar o livro.

Mas me permitam atiçar cruelmente a curiosidade de vocês, meus amigos.

Tudo começa com Clary e seu melhor amigo, Simon Lewis, entrando em uma boate muito, muito suspeita, onde eles… Oh, não. Perdão. Na verdade, ela – porque o pobre Simon, como o mundano que é, não é capaz de ver nenhum traço da magia que existe no mundo, pobrezinho – presencia uma cena chocante:

O assassínio de um demônio, pela lâmina serafim de um Caçador de Sombras alto, loiro e bonitão – o sensacional e único Jace Wayland.

E é a partir daí que Clary mergulha de cabeça em um universo cheio de magia, criaturas estranhas, demônios, fadas, lobisomens, vampiros, feiticeiros e Caçadores de Sombras para responder a um simples pergunta: quem é ela?

Porque, depois de ter sido capaz de verdadeiramente ver uma cena que deveria ser invisível para qualquer olho mundano, a conclusão a que se chega é que Clary não é mundana.

Agora cabe a vocês, meus amigos, pegarem o livro e descobrir o que acontece e como acontece.

Mas vocês devem estar se perguntando o que, em nome de tudo o que é sagrado, são os Caçadores de Sombras?

Eles são nada mais do que os descendentes dos anjos, ou seja, nephilins. Homens e mulheres com habilidades especiais de luta, sem falar de seus objetos fantásticos, como as lâminas serafins, e suas técnicas mágicas para aumentar suas capacidades físicas – os símbolos que eles desenham na própria pele. E seu dever nada mais é do que manter o Submundo – o mundo constituído pelas criaturas mágicas – sob controle e livre dos demônios.

Em outras palavras, os Caçadores de Sombras são os grandes justiceiros e guardiões do mundo e do Submundo.

Legal, né?

Mas o que eu achei mais fascinante nesse imenso universo criado por Cassandra foi justamente a sua complexidade e completude. O Submundo existe fora da vista dos seres humanos, mas parece tão real na forma como a autora o coloca que fez com que eu me perguntasse se não poderia mesmo ser real.

E quando o autor consegue fazer o leitor imaginar a sua história como parte da realidade é porque ele conseguiu um grande feito. Dou os meus parabéns a Cassandra Clare.

Eu os desafio a encontrarem algum ponto fraco no universo criado por Clare, porque eu tentei, mas não consegui. Os sombrios e temidos vampiros, os fogosos e selvagens lobisomens, as sábias e estranhas fadas, os terríveis demônios e, é claro, os misteriosos feiticeiros, os conflitos e rixas entre os habitantes do Submundo, e até mesmo as dificuldades familiares dos Caçadores de Sombras, que parecem travar uma batalha não apenas com demônios, mas também com eles mesmos – porque podem ser descendentes dos anjos, mas o são do homem também -, tudo isso, bem como as leis que se aplicam a esse povo mágico e oculto, tornam o universo criado por Clare realmente fascinante.

Ela conseguiu me impressionar.

Mas, por outro lado, é claro que houve pontos que eu não gostei ao longo da história, como a questão sanguínea que surge ao longo do livro. No entanto, não vou me prolongar nesse assunto, porque não tem como falar dele sem soltar um spoiler. Então, se quiser saber do que estou falando, vá ler o livro.

Nesse primeiro volume, Clare parece armar um grande palco que servirá de base para todos os cinco livros que virão a seguir do Cidade dos Ossos. É nesse primeiro que ela apresenta um mundo completamente diferente, com seus habitantes fantásticos e os desafios que os heróis da história terão que superar e que serão discutidos e combatidos mais à frente.

Os personagens são muito bem montados e deixam a trama bem completa – temos o herói bonitão com síndrome de badboy, uma protagonista que consegue ser corajosa e irritante na medida certa, uma personagem linda e sedutora, um típico guerreiro responsável, embora frustrado, um cômico que sempre se dá mal e um excêntrico engraçado e apaixonante. Gostei do esquema de personagens, que apesar de vastos, são muito bem trabalhados. Ponto para Clare!

No entanto, devo dizer que o vilão me decepcionou um pouco. Mas acho que a culpa é minha mesmo, afinal, eu gosto de vilões que são puramente maus porque podem. E o vilão nesse primeiro livro é simplesmente um fanático doido que não vai medir esforços para conseguir o que quer.

Que é… dominar o mundo, é claro. Nesse caso, o Submundo. E meio que explodir os seres humanos.

E se ele tiver que passar por cima dos seus antigos amigos ou mesmo dos seus filhos, tudo bem para ele.

Mas, tirando toda essa síndrome de dominação do mundo, ele até que é um cara legal (obs: estou sendo irônica).

Ah, antes que eu me esqueça, você pode ter ouvido falar do filme que fizeram baseado nesse livro… Pois é. Como de costume, infelizmente, não é grande coisa – em nenhum aspecto. E, com o mundo sabendo desse fracasso, resolveu-se, então, criar uma série de TV, chamada Shadowhunters – como nunca assisti a série, vou me abster de tecer comentários.

Mas, de qualquer forma, sugiro que leia o livro antes de assistir qualquer coisa.

Quanto ao trabalho da editora, tudo o que posso dizer é que não esperava menos de um dos maiores nomes no que concerne o mercado editorial do Brasil. O trabalho da Record está simplesmente impecável. A capa está lindíssima e, cá entre nós, deliciosa – como o relevo da capa é diferente, adoro passar a mão sobre ela -, sem falar que a editora preparou um exemplar que qualquer leitor vai adorar ver na sua estante. O tamanho da fonte está bom, bem como a espessura da margem e a revisão. Enfim, o material fisico está muito bem feito e eu não poderia encontrar nenhum defeito nem mesmo se quisesse.

E, sinceramente, eu não quero. Não vale a pena tentar encontrar um defeito em um material tão ricamente montado.

Uma típica ficção fantástica urbana e moderna, Cidade dos Ossos apresenta uma trama diferenciada e rica. Foi o suficiente para despertar o meu interesse e me surpreender ao longo da leitura. E eu com toda a certeza recomendo.

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