Auggie & Eu – Três Histórias Extraordinárias, de R.J. Palacio | Resenha
Auggie & Eu: um presente extraordinário de R.J. Palacio
No final de 2015, a editora Intrínseca trouxe uma novidade fantástica: finalmente, iria publicar a versão impressa das histórias de Julian, Christopher e Charlotte, que compõem o universo de Extraordinário, escrito por R.J. Palacio, na coletânea Auggie & Eu – Três Histórias Extraordinárias.
Por mais que seja defensor do livro digital, tenho que admitir a importância que ainda ocupa o livro em papel (principalmente pela abrangência de público) e, conhecendo duas destas obras, era fundamental espalhar esta ideia e cativar novos leitores. Afinal, as tramas de R.J. Palacio têm personagens incríveis e inspiradores e passam uma excelente mensagem para crianças, jovens e, até mesmo, adultos. Falam da infância de uma maneira natural e envolvente. Uma leitura que merece ser apreciada.
O Capítulo de Julian (a minha história favorita da coletânea) mostra o ano de chegada de August Pullman à Beecher Prep sob o olhar daquele que mais fez bullying com o novato, o detestável Julian. A trama retrata o turbulento ano letivo do garoto e as férias com a avó. Na obra, temos a oportunidade de conhecer os conflitos internos do “vilãozinho”, bem como a sua estrutura familiar. O livro nos ensina que a bondade vem de onde menos se imagina.
Já Plutão conta a história de Christopher, amigo de infância de Auggie, que apenas é citado em Extraordinário. Nela, acompanhamos um dia problemático na vida do menino, que, em alguns momentos, é bem egoísta, e aprendemos uma grande e bela lição sobre amizade.
As duas primeiras histórias são emocionantes. Sério, difícil até de segurar o choro. Se quiserem saber mais detalhes sobre ela, é só clicar no link a seguir e ler as resenhas de O Capítulo de Julian e Plutão.
Antes de falar de Shingaling, terceira e última história de Auggie & Eu, não poderia deixar de mencionar a introdução desta coletânea. Na obra, Palacio fala um pouco da experiência na escrita de Extraordinário, como também de seu relacionamento com os leitores. Uma ótima oportunidade de conhecer um pouquinho mais sobre autora. Suas palavras, como sempre, são inspiradoras e extremamente sensatas. Com muita sensibilidade, ela mostra muito respeito não apenas por sua obra – além da consciência de seu valor e de sua importância -, mas também pelos leitores.
Enfim, vamos à terceira história de Auggie & Eu.
Shingaling é, antes de mais nada, uma merecida homenagem às meninas.
Depois de termos diferentes perspectivas de como os personagens de Extraordinário lidaram com a chegada de August Pullman na Beecher Prep, temos a oportunidade de conhecer o ponto de vista de Charlotte, a menina convocada pelo Sr. Buzanfa parar recepcionar o novato, sobre os acontecimentos que marcaram aquele ano.
Apesar de mencionar como Charlotte lidou com o menino de rosto deformado, Shingaling não se detém a esta temática. Pelo contrário, isto é apenas um mero detalhe. Na obra, Palacio explora com mais ênfase o universo em torno das meninas e, por isso, é bem provável que desperte um interesse maior deste público. Charlotte é apaixonada por musicais da Broadway e dança, sente muita insegurança em relação à aparência física, se preocupa muito com os que os outros pensam dela e vive as primeiras paixonites. Muitas garotas certamente se identificarão com ela.
O foco de Shingaling, portanto, é falar das relações entre os colegas de escola, dos grupos, as chamadas “panelinhas”. A autora mostra as diferentes percepções sobre uma mesma pessoa, que, para alguns, pode ser a mais amada possível e, para outras, as piores do mundo. Ela também fala de pertencimento e de como as amizades mudam conforme crescemos. Mais uma vez, Palaccio é impecável.
Sei que é meio manjado falar que a obra da autora é extraordinária, mas não tem como fugir do óbvio. De todas as histórias de Auggie & Eu, Shingaling foi a que menos me envolveu (provavelmente, por ser um leitor masculino e adulto), porém, é inegável a qualidade da publicação. Palacio, mais uma vez, dá uma verdadeira lição de vida, além de quebra fazer uma justa homenagem às meninas.
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