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Saiba tudo sobre o aplicativo que estimula a troca de livros

O Vai Lendo conversou com Renata Miguez, uma das idealizadoras do Livrio, sobre os principais objetivos e desafios do aplicativo, que já possui 2.500 usuários cadastrados

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Foto: Divulgação

Como todo leitor apaixonado, você faz questão de indicar os seus livros preferidos para qualquer pessoa. Veja bem, indicar. Emprestar já são outros quinhentos. Quem nunca sofreu ao ver um exemplar de seu próprio acervo nas mãos dos outros? Aquela angústia em saber se a obra voltaria no mesmo estado, se as páginas estariam intactas. Acredite, você não é o(a) único(a). Para reverter esse receio coletivo surgiu o Livrio, um aplicativo que estimula a troca de livros. Como também sofremos esse apego, conversamos com Renata Miguez, uma das idealizadoras do projeto, que falou sobre o diferencial da ferramenta e as principais expectativas em relação aos usuários.

Criado em janeiro por uma startup catarinense, o aplicativo – que é gratuito – já conta com 2.500 usuários cadastrados, estimulando o compartilhamento de informações e especialmente o acesso às obras, o que, aliás, é um dos principais objetivos do Livrio, de acordo com Renata. E foi justamente a dificuldade de se achar alguns títulos o pontapé inicial para o desenvolvimento do aplicativo.

“O propósito do Livrio é ser uma biblioteca colaborativa e geodistribuída”, explicou Renata ao Vai Lendo. “Queremos que você possa disponibilizar os seus livros que estão em casa para qualquer pessoa na rede. Eu sou sócia de um espaço de coworking e, lá, nós tínhamos uma biblioteca e eu queria que as pessoas tivessem acesso aos livros, porque poucos tinham esse hábito ou sabiam que os títulos estavam lá. Chegamos a cadastrar os livros numa planilha, divulgamos, mas a verdade é que isso não é muito prático. Não havia nenhum meio para dar essa informação de forma clara, que os livros estavam disponíveis. Então pensamos: por que não fazer um aplicativo? Ao conversar com o Aurélio, meu sócio e desenvolvedor, nos juntamos com o Daniel, designer, e começamos a pensar nas possibilidades. Queríamos compartilhar os livros, mas não sabíamos como. Percebemos que as pessoas também queriam compartilhar, mas tinham receio do empréstimo”.

Com um smartphone, você pode cadastrar os seus livros, a partir da leitura do código de barras – que irá fazer a busca pelo ISBN (Número Padrão Internacional do Livro), ou também incluir os títulos manualmente e pesquisar pelo nome, o próprio ISBN ou autor. Além disso, o usuário também acompanha toda a movimentação, desde a aprovação da troca até a devolução, cujo prazo você pode determinar pelo próprio aplicativo, que avisa, inclusive, a hora em que o livro será devolvido. Quanto à segurança dos próprios usuários, Renata afirmou que – ainda que seja fisicamente impossível assumir todas as responsabilidades da plataforma – a equipe trabalha para aprimorar a fiscalização, até poder contar com o total apoio e respaldo da própria comunidade do aplicativo.

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“Nenhum aplicativo, hoje em dia, faz isso, com leitor de código de barra”, apontou. “O aplicativo vem com essa perspectiva de dar uma segurança. E uma das prioridades é a classificação dos usuários. O empréstimo, no caso do Livrio, pode ser solicitado. Você recebe uma mensagem dizendo que uma pessoa quer o seu livro. Então, você pode simplesmente aceitar ou não. Caso aceite, recebe uma mensagem e entra em contato com a pessoa para combinar a entrega e a devolução. A diferença que notamos no primeiro mês de funcionamento é que as pessoas já querem combinar dentro do aplicativo o local em que vai rolar essa transação. Então, possivelmente no próximo mês, já devemos disponibilizar o chat para os usuários. Não tem como assumirmos todas as responsabilidades. A plataforma facilita o encontro e, ao longo do tempo, vamos criar dispositivos possíveis para que ele seja 100% seguro. Até agora, não tivemos nenhum problema. Mas, no futuro, vamos deixar isso na mão da comunidade. Se alguém tiver problema, o usuário vai notificar”.

Como uma plataforma independente, o Livrio não possui qualquer tipo de parceria/apoio com editoras e demais segmentos do mercado editorial. Mas, segundo Renata, a ideia é trabalhar para reverter a situação, uma vez que, para ela, a forma de consumo está mudando e, com isso, é possível encontrar um meio de exercer um trabalho colaborativo para estimular o compartilhamento de informações.

“Nós acreditamos na colaboração, inclusive com as editoras”, indicou. “A economia está mudando e a forma de consumo também. Eu vejo as editoras como futuros parceiros. Poderemos trabalhar juntos, de alguma forma. Espero que a gente encontre um modelo aberto. Acho que as editoras podem avaliar como podemos trabalhar juntos e nos beneficiarmos da informação. Não concorremos com as editoras, não vendemos livros. Mas podemos ser parceiros nessa busca, nesse compartilhamento”.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Com o retorno dos usuários, que têm sido bastante participativos, Renata garantiu que eles já trabalham no desenvolvimento de uma versão do Livrio para web, para melhorar constantemente a experiência e garantir um acesso fácil aos livros.

“A resposta dos usuários tem sido surpreendente”, exaltou. “Não esperávamos tanta receptividade. É claro que ainda há o medo de emprestar o livro e não saber o que vai acontecer. Algumas pessoas ficam com o coração apertado. Mas nós resolvemos um problema em duas pontas. Conseguimos, de alguma forma, melhorar essa experiência de empréstimo, com a ajuda da comunidade, e principalmente a questão do acesso aos livros. Esse é o maior objetivo. Dar acesso a essa informação e histórias que estavam paradas. Nós brincamos que queremos ser a maior biblioteca distribuída do mundo. Você pode compartilhar aquilo que é seu. Estamos mais interessados no acesso do que na posse. Você não precisa emprestar o seu livro preferido, com autógrafo, mas aquele do qual você gosta e gostaria de que as pessoas lessem. Quanto mais gente tiver acesso a essa informação, ao conhecimento, melhor”.

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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