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Percy Jackson – O Ladrão de Raios, de Rick Riordan | Resenha

‘Percy Jackson – O Ladrão de Raios’: o início de uma jornada épica de um herói cativante

o-ladrc3a3o-de-raiosNós, aqui do Vai Lendo, somos muito fãs do tio Rick Riordan. Como não amar uma pessoa com a capacidade única de misturar mitologia com atualidade numa trama divertida, leve e extremamente envolvente? Fora que Riordan também escreve compulsivamente, então, para nós, leitores compulsivos, a relação é totalmente mútua e vantajosa. Com o lançamento do primeiro volume de sua nova série – As Provações de Apolo -, intitulado O Oráculo Oculto, publicada pela editora Intrínseca, nós nos empolgamos para revisitar aquele que deu origem a tudo. O nosso primeiro querido herói: Percy Jackson. Sim, nós vamos começar a resenhar toda a coleção dos Olimpianos (aliás, algo que já deveríamos ter feito, diga-se de passagem), também publicada pela Intrínseca! Então, pode começar a se preparar para embarcar novamente nessa jornada com a gente.

A trama traz aquela questão que sempre esteve na cabeça daqueles que gostam de mitologia: e se os deuses do Olimpo estivessem vivos em pleno século XXI? Pois bem, em Percy Jackson e o Ladrão de Raios, eles não só estão como também tiveram filhos com mortais. Crianças essas consideradas semideuses, marcadas pelo destino, porém, provavelmente não conseguirão passar pela adolescência ou sequer descobrir a sua verdadeira identidade. Percy Jackson, ou melhor, Perseu Jackson é uma delas. Com 12 anos, o garoto, que sofre da síndrome do déficit de atenção e tem dislexia, está prestes a ser novamente expulso da escola. Como se isso já não fosse o bastante, Percy tem a impressão de que criaturas e deuses do Olimpo estão saindo dos livros para a realidade, após presenciar (e estar envolvido, inclusive) uma série de acidentes. Ao ser enviado para um campo de treinamento especial, que recebe humanos metade deuses e metade homens, Percy recebe uma tarefa muito importante: recuperar o raio-mestre de Zeus que fora roubado. Com a ajuda de Annabeth, filha de uma deusa, e Grover, um sátiro, Percy não apenas terá que enfrentar o responsável pelo roubo, mas também encarar o pai que o abandonou, resolver um enigma deixado pelo Oráculo e desvendar uma traição.

Percy Jackson consegue conquistar os leitores logo de cara. Sendo um livro narrado em primeira pessoa, é fundamental que o(a) protagonista seja bem construído e desenvolvido, ao longo das páginas, para a leitura não ficar cansativa e desinteressante. E isso Rick Riordan sabe fazer com maestria. É impossível não se apaixonar por Percy e se identificar com seu jeito mais descolado, um pouco desastrado e seu tom bastante sarcástico. Aliás, esse é um dos trunfos do livro e uma das marcas registradas do autor: o humor. Que atire o primeiro raio aquele(a) que conseguiu não soltar, pelo menos, uma gargalhada em todos os capítulos. Temos que ter a consciência de que Percy está no início da adolescência, tem apenas 12 anos e vê sua vida virar de cabeça para baixo num mundo em que agora deuses e monstros não são somente mitos. Quer dizer, é de pirar, certo? Por mais impulsivo e, por vezes, inconsequente que ele seja, suas atitudes são totalmente compreensíveis, ainda mais sabendo qual é a sua motivação (não darei spoilers, obviamente). O mais importante é que Percy é carismático e divertido e traz ainda aquela inocência que dá um tom mais leve à trama.

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Mas um herói também precisa de ajuda para cumprir suas missões e Percy não teria metade da graça se não fossem Annabeth e Grover. O trio se complementa. Annabeth é uma das campistas que está há mais tempo no alojamento. E, como desde cedo já teve que encarar a realidade dura de treinamentos e de perigos, pode-se se dizer que é um pouco mais madura e, até mesmo, um pouco mais inteligente do que os outros (tal mal, tal filha). Porém, nem por isso a personagem deixa de ser interessante. Pelo contrário, Annabeth é a voz da razão que falta em alguns momentos para Percy. Por outro lado, temos Grover; talvez, o mais medroso dos três, mas igualmente leal e disposto a encarar todos os seus piores pesadelos pelos amigos. E, claro, com muito humor. É a leveza cômica nos momentos mais sombrios. E Quíron? O professor e mestre que todos pedimos aos deuses.

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Quanto à mitologia, Riordan usa e abusa de sua liberdade criativa, sem, contudo deixar de lado a essência dessas histórias que tanto nos hipnotizam. O modo como ele consegue representar cada deus grego em suas formas e características mais marcantes é surpreendente e extremamente prazerosa. Zeus, Poseidon, Hades, Ares, Atena, Dionisio, entre tantos outros. Estão todos lá, confirmando seus mitos e sua imponência, ainda que o Olimpo, agora, esteja sediado no coração dos Estados Unidos e que os deuses andem de motos e tenham filhos quase mortais espalhados por todo o mundo e influenciando em momentos históricos, como a Segunda Guerra Mundial, por exemplo. O principal é que Rick Riordan faz mais do que apenas bons livros. Ele aproxima os jovens da mitologia, daquela leitura histórica, emocionante e detalhista que forma novos leitores. E que assim continue por muitas gerações de heróis.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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