Resenhas

Alucinadamente Feliz, de Jenny Lawson | Resenha

‘Alucinadamente Feliz’: apesar de tudo, impossível conter a gargalhada

O que é felicidade para você? Ter dinheiro? Ser realizado(a) pessoal e profissionalmente? É ter as pessoas que você ama ao seu lado? Ou simplesmente conseguir enfrentar e viver cada dia? Pois é, viver parece tão fácil, certo? Deveria ser, pelo menos. Contudo, para algumas pessoas, por exemplo, conseguir superar seus traumas e problemas diários é um desafio excruciante e, por vezes, desesperador. Mas Jenny Lawson decidiu que, apesar de tudo, ela seria “Alucinadamente Feliz”. E é justamente essa tentativa que ela nos mostra em seu livro Alucinadamente Feliz – Um Livro Engraçado Sobre Coisas Horríveis, publicado pela editora Intrínseca.

Confesso que livros de não ficção não costumam ser o meu gênero preferido, mas, desde que ouvimos falar sobre a obra de Jenny, na Turnê Intrínseca, sabíamos que esse era um livro que deveria e merecia ser lido (rolou até um embate aqui para saber quem iria ler primeiro). E, olha, terminada a leitura, posso afirmar que todos deveriam ter a experiência de acompanhar a trajetória de Jenny. Ela é autora best-seller do “New York Times” e criadora do The Bloggess – que a tornou bastante conhecida principalmente devido à maneira aberta e verdadeira de expor os seus dilemas com a depressão e os distúrbios mentais. Sim, porque Jenny tem praticamente TODOS os distúrbios mentais que você possa imaginar – e clinicamente comprovados: depressão altamente funcional com transtorno de ansiedade grave, depressão clínica moderada, distúrbio de automutilação brando, transtorno de personalidade esquiva e um ocasional transtorno de despersonalização, além de tricotilomania (que é a compulsão de arrancar os cabelos). É, e achávamos que nós é que tínhamos problemas.

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Jenny Lawson / Foto: Maile Wilson

Como o nome do livro pode atestar, a obra passa longe de ser depressiva ou sombria. Pelo contrário. É uma das coisas mais divertidas e engraçadas que eu já li na vida. Sim, acredite se quiser. E aí você acaba entrando num dilema e se questionando, porque, gente, você literalmente está lá rindo da desgraça alheia! Eu juro que nas primeiras páginas até tentava segurar e disfarçar o riso, mas é praticamente impossível. No ônibus, então, tenho certeza de que pensaram que a louca era eu (ainda mais quando eu GARGALHAVA). Mas, como Neil Gaiman (eles são muito amigos. Chique, né?) e a própria Jenny nos avisam antes sobre as consequências dessa leitura, assumo total responsabilidade.

A escrita de Jenny é leve, despojada e muito ágil. Também, para acompanhar o ritmo do pensamento dela, só assim mesmo. É impressionante a rapidez com que ela mesma forma alguns questionamentos e os responde logo em seguida. E isso é simplesmente genial. E muito louco. E compulsivo. Porque você fica tão incrédulo(a) com o que está lendo e se diverte tanto também que simplesmente não dá para largar. Viu, como é muito louco? Acompanhar a rotina de Jenny e sua família é, ao mesmo tempo, encantador e assustador. Encantador no sentido de realmente testemunhar uma pessoa lutando diariamente para encarar os seus próprios demônios e medos e, ainda assim, conseguir achar graça disso e transformar tudo – ou quase tudo – em alguma lembrança engraçada. E assustador por acompanhar tudo isso sabendo que é verdade. Que não só ela, mas várias pessoas passam pelos mesmos problemas e constantemente são assombradas por suas próprias mentes e precisam se esforçar para não sucumbir à depressão e aos outros problemas, igualmente sérios.

Alucinadamente Feliz
Foto: Vai Lendo

Outro ponto positivo no livro é a dinâmica de Jenny com os outros “personagens”, digamos assim. Seus familiares e amigos. Se Jenny ainda consegue achar um equilíbrio nas horas mais obscuras, muito se deve ao apoio e ao amor das pessoas que a rodeiam. Seus pais, amigos, filha e o marido, Victor. Aliás, se tudo não estivesse comprovado e registrado em livro, iria achar que Victor foi inventado. Que homem incrível ele parece ser. Sinceramente, não deve ser fácil conviver com alguém como Jenny por 18 anos, como se estivesse numa montanha-russa de emoções. E Jenny não só tem noção disso, como reconhece todo o esforço que Victor faz pelos dois. É lindo “ver” a cumplicidade deles, mesmo nos momentos mais tenebrosos. E já comentei como também é engraçado? Sei que estou sendo repetitiva, mas, pelo amor de Deus, é de chorar de rir com esse casal (olha eu novamente me sentindo culpada). E o que falar dos amigos, da filha e dos pais da autora? Todos, sem exceção, fazem parte da base que não apenas compõem Jenny, mas principalmente a permitem ser do jeito que ela é. Sem culpa ou cobranças. E todos lidam com os problemas da mesma forma. Nem tudo são flores e, na maioria das vezes, é muito difícil (só eles sabem!), mas, no final, o que importa é estarem unidos.

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Fonte: thebloggess.com

E como não falar da capa? Se eu já não tivesse ouvido falar sobre o livro, certamente ele teria me despertado, no mínimo, o interesse. Como não amar e sorrir ao ver um guaxinim parecendo “alucinadamente feliz” numa capa, gente? Podemos dizer que Rory (sim, ele tem um nome) faz parte da família de Jenny, mas não falarei mais nada sobre ele porque vocês PRECISAM conhecê-lo com a apresentação dela. De nada.

Alucinadamente Feliz Capa
Capa ‘Alucinadamente Feliz’, de Jenny Lawson / Foto: Vai Lendo

Para não estragar a graça da leitura – até porque, é MUITA graça mesmo -, vou me abster de contar algumas das peripécias e loucuras que Jenny nos traz no livro, porque só lendo para crer! De verdade. Tanto que ela ainda se preocupou em mostrar fotos para provar. O que só torna tudo ainda mais engraçado. Alucinadamente Feliz não é um livro apenas para as pessoas que passam por isso. De forma alguma. É para todos nós que, por várias vezes, nos pegamos reclamando da vida. Não que os problemas dos outros possam ser minimizados apenas por não terem transtornos mentais e não terem que enfrentar tudo isso. Mas Jenny nos mostra que a vida tem, sim, um sentido. Ela não se omite, em momento nenhum, de falar sobre o seu pior lado. Sobre as consequências disso na sua vida e na vida das pessoas que ama. Do seu medo diário. Ela não transforma algo sério em piada. Não é isso. Ela simplesmente optou por não DEIXAR que isso a destrua. Que faça da sua vida um inferno constante. Ela decidiu lutar, por mais difícil que seja. Por pior que seja. Ela decidiu lutar por ela, por sua família, por seus amigos. Por todos nós. E, se ela ainda consegue achar uma maneira de se divertir às próprias custas, quem somos nós para evitar o riso? Aliás, eu acho mesmo que o riso é o maior reconhecimento que alguém que se propôs a ser “Alucinadamente Feliz” pode ter.

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Alucinadamente Feliz Ficha Técnica

 

 

 

 

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

3 Comentários

  • Vanessa

    Affff…..acho que eu sou a única pessoa que não gostou do livro.
    Li a primeira vez e desisti. Comecei novamente e fui até a página 102 e sinceramente, não vi nada demais e não achei muito graça nos “causos” contados por ela

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