Entrevista: Hector Angelo
Com apenas 13 anos de idade, Hector Angelo é artista plástico, ilustrador e escritor, com quatro obras publicadas e reconhecidas, inclusive, internacionalmente
A carinha é de menino – afinal, ele é apenas um menino mesmo. Mas o talento é de gente grande. Apesar da pouca idade, do alto de seus 13 anos, Hector Angelo é um artista nato e já com uma sólida carreira. O escritor, ilustrador e também artista plástico é autor de quatro livros e se encaminha para a sua próxima obra. O dom da escrita, inclusive, o levou para fora do país, quando o seu terceiro livro, A Transformação de Joca, foi selecionado no Concurso Internacional de Escritores Infanto-Juvenil Lusofonos La Atrevida , instituição ligada à Universidade de Lisboa. Em conversa com o Vai Lendo, Hector falou sobre a descoberta de suas habilidades artísticas, como conciliar o trabalho com a vida normal de adolescente e suas aspirações.
Mesmo utilizando uma linguagem simples, Hector desenvolve tramas elaboradas e ricas em detalhes e soma à criatividade das narrativas suas ilustrações singulares e cheias de movimento. Aliás, todo o seu trabalho, seja na artes ou na escrita, está interligado, afirmou, e se complementa. Tanto que, ele contou, não se lembra exatamente de onde vinha a sua inspiração, embora tenha alguns exemplos vindos de sua própria casa. Só se recorda de ter as ideias e transportá-las para as páginas. E isso desde pequeno.
“Hoje me inspiro muito no universo pop, nos contos de fadas e nos acontecimentos, mas, quando era menor, não tinha uma inspiração”, explicou Hector. “As ideias iam surgindo na minha cabeça e não sei explicar de onde vinham. Acho que descobri que tinha nascido para ser artista desde do meu primeiro contato com o lápis e o papel, ou seja, desde sempre. Meu avô é escritor, também pinta algumas telas, minha avó escreve poesia e pinta tecidos, ela também tem dons artísticos. Os meus trabalhos como escritor, ilustrador e artista plástico estão sempre interligados. Meus desenhos têm histórias e minhas histórias têm desenhos. Gosto muito de escrever, criar personagens, histórias, mas passo a maior parte do tempo desenhando”.
Com a maturidade precoce de alguém que, desde cedo, já sabe exatamente o que quer e trabalha para seguir realizando o sonho de ser aquilo que sempre desejou, Hector tem pleno reconhecimento das dificuldades que a profissão impõe, principalmente para alguém tão jovem. Ao mesmo tempo, tem consciência de suas conquistas notáveis e das possibilidades que se abrem para o seu futuro. Tanto que, para começar a trabalhar em outro projeto, ele afirmou, utiliza o que arrecadou no projeto anterior.
“Quando tem algum projeto maior, como a minha viagem à Feira do Livro de Londres, corremos atrás de patrocínio, mas os outros projetos são pagos com o que conseguir arrecadar no projeto anterior”, disse. “Um livro ou exposição paga a outra, mais ou menos assim. Entrar no mercado editorial é tão difícil como acho que tudo é em qualquer profissão. Acho que, no Brasil, é um pouco mais complicado, porque a cultura em nosso país não tem o reconhecimento que deveria ter. Em relação à minha idade, muitos se interessam pelo meu trabalho por curiosidade justamente por eu ser novo. O reconhecimento internacional é um grande passo para minha carreira e muito importante, além de dar mais visibilidade para o meu trabalho. Não esperava essas conquistas tão cedo. Acho que é porque, por mais que ser artista seja o meu objetivo, venho fazendo o meu trabalho sem pensar muito no retorno que ele vai me dar. Mas, lógico, quando o resultado é bom, fico feliz demais!”.
Um pouco comedido, Hector não se vê como uma referência para outros jovens e aspirantes a artistas. Contudo, espera que o seu trabalho possa, sim, inspirar aqueles que desejam seguir carreiras artísticas. E como fica a vida de adolescente em meio a tantos compromissos profissionais? De acordo com ele, como o trabalho é algo prazeroso, raramente entra em conflito com a sua rotina. E sobre o próximo livro, que deve ser lançado até setembro deste ano, pela Quarenta e Dois Editora, Hector adiantou que fará uma releitura dos contos de fadas.
“Os leitores vão se surpreender com a transformação que vou fazer nos contos de fadas”, declarou. “Vou contar ‘o verdadeiro’ final feliz das princesas. Preparem-se para conhecer o ‘Depois do Final Feliz’. Quanto a conciliar a minha vida com o trabalho, por não considerar o que faço ‘um trabalho’ e sim um momento bom, muitas vezes, acabo deixando de sair para desenhar e escrever. Na escola, agora consegui encontrar uma maneira de ir aos meus compromissos de trabalho sem me prejudicar com as faltas e faço uns trabalhos extras sobre as matérias que perdi. Através do meu trabalho, acredito que posso mostrar para os jovens que nunca é cedo para acreditar no seu talento e fazer o que gosta. Não me imagino como referência, acredito que meus textos e personagens possam, de alguma maneira, inspirar ou se parecer com os meus leitores. Não sei bem se é um conselho e nem sei se já posso dar conselho para alguém, mas acredito que, para ser feliz, você tem que fazer o que gosta”.
Para saber mais sobre Hector e seu trabalho acesse o seu site oficial.