O Circo da Noite, de Erin Morgenstern|Resenha
‘O Circo da Noite’: um livro mágico, surpreendente e totalmente fantástico
A resenha de hoje, que é de um livro que eu gosto muito. Muito mesmo. E o engraçado é que, à primeira vista, nem faz muito o meu estilo – sou mais voltada para assuntos práticos, que tenham alguma questão racional envolvida ou alguma mensagem maior a passar. Mas foi uma agradabilíssima surpresa descobrir esse meu lado mais romântico.
De Erin Morgenstern, o livro que me conquistou foi O Circo da Noite, publicado pela editora Intrínseca.
Tudo começa quando dois velhos amigos magos – ou mágicos, ilusionistas… você escolhe – se encontram e decidem começar uma nova disputa entre si, intermediada por dois representantes cuidadosamente escolhidos. Mas, além de duas peças em seu xadrez de mágicas, eles precisam também de um tabuleiro ideal.
E é justamente aí que Sr. Barris, Monsieur Lefèvre, Madame Padva e as irmãs Burgess, contando com uma ajudinha do relojoeiro Herr Thiessen, entram na história. Juntos, eles criam o mais fantástico e maravilhoso circo que se possa imaginar, Le Cirque des Rêves – O Circo dos Sonhos.
Que, como o próprio nome sugere, seria um sonho! Fantástico, todo em preto e branco, com atrações surreais e tendas de fora da imaginação. É este o “tabuleiro” que vai juntar as duas peças de xadrez metodicamente escolhidas pelos dois velhos magos. São eles Celia e Marco, magos também, é claro.
De início, ela não sabe quem ele é, mas são oponentes e seu trabalho nesse jogo de mágica é superar um ao outro, usando as mais incríveis criações e realizações. Embora os dois saibam que estão competindo, mas não saibam bem o motivo ou quando e como tudo termina, se contentam em manter o Circo funcionando e em constante crescimento.
Quer saber como esse embate termina?
Sugiro que leia o livro.
Só vou dizer que essa disputa acaba por se transformar em um lindo e delicado romance, pelo qual eu mesma me apaixonei irrevogavelmente.
Mas à frente, na história, há o ingresso de personagens muito significativos e cativantes – talvez até mais do que Celia e Marco. Mas, no final – que eu achei poeticamente brilhante -, estarão todos ligados.
Esse livro tem dois elementos cruciais, que foram os responsáveis pela minha paixão pela história: a magia inexplicável e, ao mesmo, incrivelmente delicada e simples, mas capaz de transformar todo o ambiente descrito pela autora; e o ambiente físico em si, o circo. Eu simplesmente adoro tudo e qualquer obra que envolva circos. Eu acho fantástico esse ambiente onde o inexplicável e o incrível podem se tornar comuns.
Nem me apeguei muito aos personagens em si. E nem precisei. O ambiente do livro foi o que me cativou.
E, cá entre nós, a autora soube trabalhar isso muito bem, com uma escrita fluida e muito, muito fácil e gostosa de ler. Ela quase me fez acreditar que esse tipo de magia realmente existia.
O Circo da Noite é um livro do qual eu realmente não tenho nada do que reclamar. Para mim, essa obra conseguiu beirar a perfeição. É uma pena que não seja tão conhecida.
Porque deveria. Deveria mesmo.
Quanto ao trabalho da editora, muito bom, como de costume. A capa está boa – um pouco fofa, na verdade -, a diagramação está delicada e bonita e a revisão foi bem feita. Na verdade, a Intrínseca deveria ser aplaudida de pé só pelo fato de ter publicado esse livro.
Se eu tivesse que resumir O Circo da Noite em uma só palavra, seria: mágico. Mas eu gostaria de terminar com as palavras do próprio livro: “O circo chega sem ser anunciado. Simplesmente está lá, quando ontem não estava. Um cartaz diz: ‘Abre ao cair da noite, fecha ao amanhecer. Entre nas tendas”.