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Lugar Nenhum, de Neil Gaiman | Resenha

‘Lugar Nenhum’, que, na verdade, é um lugar incrível

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Acreditam que só agora eu parei para pensar no título do livro e concluí que ele foi excepcionalmente bem escolhido? Neil Gaiman mandou muito bem ao escolher esse título, que embora não chegue a ser citado na história com essas exatas palavras, caracteriza perfeitamente a ideia principal da história. Gostei.

A propósito, o livro de hoje é Lugar Nenhum, de Neil Gaiman, publicado no Brasil pela editora Intrínseca – uma nova edição do livro, quero dizer.

Posso dizer com alguma certeza que Lugar Nenhum é o meu tipo de livro, ou seja, é um livro meio estranho.

A começar pelos elementos componentes da história – e da história em si -, os quais formaram uma mistura meio doida que, por mais incrível que pareça, ficou muito legal. Eu gostei do livro justamente por causa dessa mistura de coisas “nada a ver” que acabaram formando uma miscelânea que fez seu sentido.

Agora permita-me fazer um resumo da história.

Tudo começa com Richard Mayhew, em Londres, onde tem uma vida normal, um trabalho normal e um noivado não tão normal, porque a noiva dele é insuportável, na verdade – mas isso não é o mais importante. O importante é que alguma coisa – é claro que eu não vou dizer o que é, porque não quero estragar a surpresa – acontece e isso muda a vidinha sem graça dele completamente. O fato é que o pobre Richard parece deixar de existir para todas as pessoas que conhecia. Com isso, ele acaba descobrindo que a sua Londres pode não ser a única Londres.

Quer saber o que isso quer dizer? Vá ler o livro.

O fato é que Richard, junto com um grupo bem diferenciado – entre eles está o Marquês De Carabás, por quem eu aqui e agora declaro a minha devoção eterna -, vai ter que passar poucas e boas e uma aventura e tanto na tentativa de recuperar a sua vida normal – e chata.

E é só isso que eu vou falar sobre a história. Se quiser saber mais, sugiro que leia o livro.

Em Lugar Nenhum, tive o prazer de encontrar dois dos melhores vilões da história dos vilões. Esses são malvados mesmo – do tipo que afoga filhotinhos fofos por diversão. E, melhor ainda, um deles é super eloquente – esse aí ganhou o meu coração junto com o marquês. Adorei eles!

Por falar no marquês, gostei muito dele justamente por ser um personagem excêntrico e cômico. Se todo livro tivesse um desse tipo, o mundo seria um lugar mais feliz.

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Arte publicada pela editora Intrínseca no Facebook

O personagem principal é o maior mané. Meio irritante ele. Se morresse, acho que eu dançaria de alegria, junto com os vilões da história.

Mas a despeito do protagonista, esse livro me ganhou com suas estranhezas, seus vilões, o marquês – quem ler vai entender do que eu estou falando – e o final. Gostei bastante do final.

O interessante desse livro é que o tempo todo você se pergunta se está lendo um livro genial ou se é só um monte de loucuras que o escritor saiu cuspindo nas páginas alucinadamente. Mas, como eu continuei lendo, concluí que se tratava do primeiro caso.

O autor, muitas vezes, faz uso de uma linguagem repetitiva e muito próxima da oralidade. É uma boa forma de garantir que, mesmo com todas as loucuras e peculiaridades no universo da história, o leitor vai com certeza entender tudo. Francamente, não sei determinar se isso me agrada ou não – mas, bem, como eu li até o final e gostei da história, acho que posso dizer que não me desagradou.

Gaiman parece não ter medo de falar exatamente o que pensa. De forma que me vi, muitas vezes, lendo passagens estranhas e que me faziam pensar: mas que doideira é essa?

E, francamente, gosto muito de livros doidos.

Eu simplesmente não fazia ideia do que aconteceria a seguir e tinha certeza de que não importava quantos milhares de especulações eu fizesse, estariam todas erradas, porque não é possível pensar nem remotamente parecido com o Gaiman.

Sou fã desse cara.

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Quanto ao trabalho da editora, está ótimo, como de costume. A capa está boa, condizente com a história – tem uma porta na capa e não dá para ver aonde ela leva, o que faz todo o sentido – e eu gostei da textura da capa – ela é meio crespinha, de um jeito que eu não sei explicar, mas é bem legal. A diagramação está simples, mas bem feita. Só tenho duas observações – uma delas acho que chega a ser uma crítica: o tamanho do livro – as dimensões, não o número de páginas -, que eu achei um pouco maior do que o necessário, o livro poderia ser menor, mesmo que ficasse um pouco mais espesso. E a outra coisa se refere à revisão do livro. É a primeira vez que sinto necessidade de falar sobre isso com a Intrínseca, mas o número de erros de revisão foi maior do que eu considero adequado. Mas, no todo, o trabalho da editora está bem feito e eu não esperava menos de uma editora como a Intrínseca.

Enfim, Lugar Nenhum é um livro bem diferente, meio estranho – talvez estranho demais para alguns -, mas eu gostei muito. É uma mistura de elementos estranhos que deu bastante certo. E a todos que curtem estranhezas literárias, eu recomendo esse livro.

Ah, sugiro que deixe para ler o conto no final do livro por último.

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