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Coração Perverso, de Leisa Rayven | Resenha

‘Coração Perverso’: um spin-off nostálgico, ousado e provocante

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‘Coração Perverso’, de Leisa Rayven / Divulgação

É possível fugir do destino? Ou melhor, você acredita em destino? Às vezes, deixamos as oportunidades passarem e anos mais tarde é que tomamos a consciência das oportunidades perdidas. Quem nunca? Cabe a cada um saber ouvir o próprio coração e, quem sabe, esquecer um pouquinho a razão. Até porque “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. E é exatamente isso que Leisa Rayven sabe, como ninguém, mostrar para os seus leitores. E o fez novamente em Coração Perverso, que podemos chamar de um spin-off dos aclamados Meu Romeu e Minha Julieta, todos publicados pelo selo Globo Alt, da Globo Livros.

Nesse terceiro livro, Leisa nos apresenta a história de Elissa Holt, a irmã do nosso querido, lindo e idolatrado Ethan Holt. Assim como o seu irmão, Lissa não tem, digamos, muita sorte no amor. Tanto que criou uma regra para ela mesma: nunca namorar atores. Sendo uma bem-sucedida diretora de palco em Nova York, ela sabe, por experiência própria, que esse tipo de homem não é confiável. Até que conhece o irresistível Liam Quinn. E tudo o que ela mais temia e também esperava acontece, é claro. Após um breve, porém bastante intenso romance, há seis anos, os dois voltam a se reencontrar no teatro. Sim, eles terão que trabalhar juntos. E, para piorar a situação, Liam está noivo de Angel Bell, a queridinha de Hollywood da vez. Mas, como nem tudo na vida pode ser encenado, Elissa e Liam vão precisar lidar com os seus problemas mal resolvidos e seus próprios sentimentos (e hormônios) que afloram instantaneamente com o reencontro. Dessa vez, Elissa pode não conseguir ter o controle da situação, muito menos do seu coração.

Seguindo o mesmo padrão dos livros anteriores, Leisa mescla passado e futuro para nos contar a história de Elissa e Liam, o que eu particularmente gosto muito, pois dá – apesar das alterações temporais – agilidade à trama, a partir do momento que a autora consegue estimular a curiosidade do leitor para se aprofundar na trama. Fora que fica sempre aquela impressão de duas histórias em uma: passado e presente. Cada uma com suas peculiaridades e pontos importantes, que Leisa sabe ligar de maneira bem leve e despretensiosa. Sim, porque não esperem uma narrativa rebuscada. Pelo contrário. Coração Perverso, inclusive, é até mais “informal” do que seus predecessores, na minha opinião. O que também não pode ser considerado ruim, visto que a autora sabe equilibrar seus pontos positivos e negativos, porque, gente, vamos combinar, depois de Meu Romeu e Minha Julieta, seria difícil manter o mesmo nível numa história em que os protagonistas não são Ethan Holt e Cassie Taylor. Mas Elissa e Liam também têm o seu charme e conseguem nos cativar.

Confesso que, em termos de história, eu não consigo desapegar dos primeiros livros. Acho os dois muito marcantes. Contudo, a riqueza de detalhes na escrita de Leisa é um presente para qualquer leitor, juntamente com seus personagens coadjuvantes que, vez ou outra, ainda roubam a cena. Josh, seu lindo, estou falando de você mesmo. A dinâmica entre ele e Lissa é tão leve e tão divertida, que você também quer ser amigo dos dois. Se, nos livros anteriores, a trama se desenrola na vida “real” dos protagonistas e nos palcos, em Coração Perverso são os bastidores que chamam a atenção.

Agora, se tem alguém que sabe como criar uma química entre personagens, essa pessoa é Leisa Rayen. Gente, me abana porque eu fiquei literalmente sem ar! Elissa e Liam podem ser quase tóxicos um para o outro, mas para nós, meros leitores, essa tensão sexual é arrebatadora. Quase sufocante. De verdade. Por mais que, muitas vezes, eu não concordasse com as atitudes do casal (Elissa, te entendo, não te julgo, mas juro que, em alguns momentos, tinha vontade de te sacudir), é simplesmente impossível ficarmos imunes aos anseios de ambos e suas necessidades carnais. Ninguém é de ferro, né? Palmas, mais uma vez, para Leisa que, ouso dizer, conseguiu se superar no clima e na descrição das cenas “mais quentes”. E, não. Essas cenas não são forçadas e simplesmente jogadas nas páginas. Leisa não precisa disso, nem nós, e felizmente ela sabe como fazer as coisas.

Arte 'Coração Perverso' / Reprodução Facebook Globo Alt
Arte ‘Coração Perverso’ / Reprodução Facebook Globo Alt

Além de tudo isso, ainda temos aquela sensação boa de nostalgia ao “reencontrarmos” alguns dos nossos personagens mais queridos dos dois primeiros livros, entre eles Ethan e Cassie, claro. Por mim, a participação poderia ser ainda maior. Todos nós merecemos mais de Ethan e Cassie. Como sempre, Leisa consegue mexer com os nossos corações, justamente por não se omitir quanto às inseguranças, medos e incertezas enfrentadas pelo ser humano, principalmente no que diz respeito ao amor. Ela nos mostra que, sim, o amor é intenso, provocante e excitante, mas também pode deixar marcas profundas e difíceis de serem curadas. Porém, acima de tudo, Coração Perverso também afirma que vale e muito a pena batalhar pelo que queremos, pela nossa felicidade. Apesar de todos os desafios e obstáculos – que, às vezes, temos mesmo que enfrentar para amadurecermos e darmos valor às coisas -, o amor verdadeiro, que existe, sim senhor(a), justifica todos os meios e compensa todos os sacrifícios.

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Coração Perverso Ficha Técnica Livros

 

 

 

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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