O Dia da Morte de Denton Little, de Lance Rubin | Resenha
O Dia da Morte de Denton Little: inusitado, ágil e divertido
O nascimento é o começo de tudo. Uma jornada que se inicia repleta de experiências e novidades a serem descobertas. Mas todo princípio também tem um fim: a “temida” morte! E, ao contrário do nascimento, que é anualmente festejado, a morte é uma incógnita. Um dos grandes mistérios da vida. A nossa perspectiva é viver muito e bem, mas não necessariamente isso acontece. E se soubéssemos quando vamos morrer? Será que aproveitaríamos mais a vida? Imagina se você descobrisse que fosse morrer jovem. Valeria a pena perder tempo com tarefas consideradas chatas ou elaborando planos para o futuro? Essa é a realidade apresentada por Lance Rubin na obra juvenil O Dia da Morte de Denton Little, publicada pela editora Intrínseca, que narra a história de Denton, um adolescente de 17 anos nas vésperas do seu dia de morte.
Na trama, o governo americano se utiliza de uma prerrogativa muito doida que calcula, assim que uma criança nasce, o dia da sua morte. O dia de Denton se aproxima e, apesar de conformado, o garoto nem imagina o que está por vir. Mesmo com um plano bem definido para os seus últimos momentos, ele acorda com uma baita ressaca numa cama que não é a sua, com uma garota que não é a sua namorada no dia do seu funeral.
Pera aí, funeral?
É isso mesmo! No universo criado por Lance Rubin, o funeral é antes do futuro defunto partir. Uma lógica bem interessante, afinal, é um evento em que o “morto” pode receber pessoalmente as condolências e falar tudo o que tem vontade (sem poupar ninguém). Além, é claro, de se esbaldar na pista de dança. O máximo, não?
Ainda na manhã do funeral de Denton, o garoto tem que lidar com uma mancha, que apareceu misteriosamente no seu corpo, e está se espalhando. E, para piorar, durante o funeral, um desconhecido está prestes a fazer revelações bombásticas sobre a sua mãe, já morta.
Ah, só mais um detalhe: mesmo sabendo o dia exato da morte, uma pessoa não sabe exatamente que horas vai ser. Ela pode partir no começo do dia ou nos últimos segundos. Resumindo, muita tensão! Já deu para sentir que os últimos suspiros de Denton não serão nada calmos e que o dia da sua morte PROMETE! Uma coisa é certa: você não faz ideia do que vai acontecer!
Sério, muita ação! Me senti como naquele seriado 24 horas!
São tantos acontecimentos no desenrolar de O Dia da Morte de Denton Little, que não há espaço para você respirar.
Isso é uma boa característica e que prende o leitor? Sem dúvidas! No entanto, não esperava tanta ação. Até porque, a premissa “saber a data de morte” – que é o principal destaque do livro e, diga-se, sensacional – é muito apropriada de se abordar sob a perspectivas psicológicas e sociais, que ficaram em segundo plano.
Lance Rubin trata com muito humor os dilemas do adolescente e da situação, porém, não interioriza a temática principal no protagonista como vemos em outros livros, inclusive, os juvenis. Ele opta por uma sequência narrativa repleta de acontecimentos, surpresas, reviravoltas (ação). Com isso, os questionamentos de Denton não são tão desenvolvidos – uma pena!
Foi uma questão de escolha de abordagem do autor. Preferiria outro caminho, mais reflexivo, no entanto, naquilo que se propõe, Rubin foi fantástico. O Dia da Morte de Denton Little é inusitado, ágil e divertido.
Mesmo tratando de um tema mórbido, a história não é, de longe, sombria. O humor de Denton sobre o seu fardo (transmitido na narração em primeira pessoa) é crucial para a leveza da narrativa. Inclusive, com algumas piadas, você fica até meio constrangido, mas acaba gargalhando. Os demais personagens também são simpáticos (destaque para Paolo) e formam uma boa sintonia com o protagonista, que colabora para o clima mais descontraído do livro. É interessante observar também como o autor se apropria das características das tramas adolescentes e as absorve num universo bem peculiar, sem deixar furos. Tudo é muito bem amarrado.
O Dia da Morte de Denton Little é, a princípio, trama de um livro só. Mas, adivinhe, tem continuação!
Pois é, fiquei meio chocado quando descobri. Pela sinopse, e até meados da leitura, achava isso um pouco impensável, porém, devido ao foco na ação escolhido pelo autor, acaba que um segundo volume se faz necessário. Afinal, por mais que a trama tenha começo, meio e fim, algo maior acaba intrigando o leitor: explicações sobre o método que calcula a data de morte e o porquê de ele ser utilizado.
O dia da morte de Denton Little mistura um universo criativo, repleto de ação e reviravoltas, com personagens cativantes e muito humor! Com certeza, uma boa pedida para garotada se aventurar numa trama ágil e divertida. Se você soubesse que iria morrer amanhã, o que faria?
Fnac – Livraria Cultura – Livraria da Folha – Livraria da Travessa – Saraiva – Submarino
2 Comentários
Daniel Lanhas
Espero mesmo que você goste.
Falei do seriado “24 horas”, mais pela correria da trama mesmo, afinal, é o último dia de Denton, mas em termos de estrutura narrativa não é separado em horas 😉
Obrigado pelo comentário =)
Mariana FS
Oi Daniel!
Esse livro me deixou curiosa desde o lançamento, mas não estava bem certa se iria gostar dele. Lendo sua resenha vejo que sim. Também não imaginava que fosse uma trama com toda essa ação e muito menos que haveria uma continuação.
Espero que a minha experiência seja positiva como a sua.
PS: Como em 24 horas? Isso é muita ação! rsrs
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com