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O Martelo de Thor – Magnus Chase e os Deuses de Asgard, de Rick Riordan | Resenha

‘O Martelo de Thor’: um segundo livro evoluído e muito bem construído

Família… O nosso ponto fraco e também maior fortaleza. Laços que não necessariamente são de sangue, mas capazes de serem rompidos, mesmo sob os mais terríveis e sombrios desafios. Para mim, essa foi a tônica de O Martelo de Thor, segundo livro da nova série de Rick Riordan, agora focada na mitologia nórdica, Magnus Chase e os Deuses de Asgard, publicado pela Intrínseca. E, olha, por todos os deuses, que magia é essa Riordan? É muito difícil termos uma continuação no mesmo nível do primeiro título, justamente por ser uma obra de transição. Mas novamente o autor acertou em cheio.

Foto: Vai Lendo
Foto: Vai Lendo

Dessa vez, pouco mais de um mês se passou desde os últimos acontecimentos da vida de Magnus – entre eles morrer, ir para Valhala, descobrir que seu pai é o deus nórdico Frey e enfrentar algumas batalhas ao lado de uma valquíria, um elfo e um anão – e, agora, parece que os problemas só aumentaram. Como se não bastasse ainda ter que correr atrás do martelo de Thor, que segue desaparecido, ele ainda precisa impedir um casamento arranjado e impedir os planos de Loki, tudo em cinco dias.

Sei que serei repetitiva, pois é algo que eu sempre aponto em minhas resenhas sobre os livros de Riordan, mas eu simplesmente a-d-o-r-o o jeito como ele escreve, como ele consegue transpor essa linha entre a mitologia e a realidade e como ele, por mais absurdo que seja, tem a capacidade de transformar tudo isso em algo tão natural. É sério, gente, toda vez que eu leio algum de seus livros, entro tanto na história e absorvo tudo aquilo que acredito piamente que esses deuses realmente estão entre nós. Eu sei, me julguem, mas me deixem ser feliz na hora da leitura.

Novamente, o livro é todo narrado em primeira pessoa, o que me agrada profundamente, uma vez que Magnus é, para mim, o melhor protagonista de Riordan (fãs de Percy Jackson, não me matem…. Eu também curto o semideus grego, mas todos sabemos que ele tem seus altos e baixos). O melhor em relação a Magnus é que ele simplesmente não se leva a sério. E acho que é isso que o torna tão leve e tão agradável. E divertido. Que tiradas sensacionais temos nesse livro, que, aliás, já considero uma das marcas registradas dessa série (não sei lidar com Thor, gente, de verdade!). Magnus é um personagem forte e, ao mesmo tempo, bastante sensível. E, mesmo sendo um filho de um deus nórdico, o torna muito humano. Fora que ele mesmo aponta os seus próprios defeitos e inseguranças. É genial e de fácil identificação.

Foto: Vai Lendo
Foto: Vai Lendo

Em relação à trama, mesmo sendo um segundo livro, Riordan é mestre – no nível de Zeus mesmo – em preparar o terreno para as suas conclusões épicas. Ainda que esse título não seja munido de muita ação, ele trouxe elementos fascinantes para o universo da história. A começar por Alex, a nova personagem. Não posso me estender muito sobre Alex, pois, para mim, é uma das melhores coisas que surgiram na série, mas o que eu tenho a dizer é que é incrível o poder do escritor de trazer à tona debates e assuntos tão atuais, de maneira tão objetiva e sutil e para todas as idades.

Foto: Vai Lendo
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Inclusive, eu tive muito essa impressão lendo o livro. Do cuidado e da atenção que Riordan tem com o seu público e principalmente a consciência de ser um formador de opinião. Para mim, é nítida a evolução de história em relação à saga de Percy e, acima de tudo, do desejo do escritor de passar certos valores. Religião , desigualdade social, gêneros, bullying, família, ressentimentos, força, caráter… Todos esses temas – entre outros – são, sim, abordados através de Magnus, Blitz, Hearth, Alex e Samirah. E também de Amir. Muito bacana ver Amir interagindo mais com esse mundo um tanto quanto desfuncional e encantador. E o mais interessante ainda é o fato de Riordan conseguir acrescentar essas questões dentro de um contexto tão mágico e, ao mesmo tempo, atual.

E, como sempre, temos mais um ótimo gancho para nos deixar ainda mais ansiosos pelo terceiro volume. Ah, e se você, como eu, AMA um crossover e uma reunião de família, só digo uma coisa: prepare-se psicologicamente para o final deste livro!

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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