LER – Salão Carioca do Livro: o talento de Bruno Miranda
Bruno Miranda bateu um papo exclusivo com o Vai Lendo, durante a LER – Salão Carioca do Livro, e falou sobre a sua obra de estreia na literatura, ‘Azeitona’, livros de youtubers e roteiros
O que tem de pouca idade sobra no talento e na capacidade de se comunicar com os outros. Tanto que, como se já não bastasse ser uma referência entre os booktubers e os youtubers, Bruno Miranda, de 20 anos, também se destaca entre os novos escritores, com seu primeiro livro, Azeitona, lançado pela editora Planeta. Em um bate papo exclusivo com o Vai Lendo, durante a LER – Salão Carioca do Livro, ele falou sobre a polêmica em torno dos livros de youtubers, suas expectativas em relação à obra e a sua transição das telas para as páginas.
Para Bruno, que começou no Youtube com um canal literário – Minha Estante – e, agora, se dedica exclusivamente ao seu canal de humor e cultura pop, o debate a respeito dos livros publicados por youtubers é desnecessário, uma vez que eles têm ajudado na formação de novos leitores e principalmente a manter as editoras.
“Para mim, não é problema nenhum que esses livros existam e que as pessoas os leiam”, declarou Bruno.”Muitas pessoas começam a gostar de ler porque têm esse primeiro contato com livro de youtuber. E a pessoa lê o livro e vê que é uma experiência mágica. Quando o leitor é menor, talvez, seja, inclusive, o primeiro livro que ele vai ler. Então, eu acho que isso ajuda muito no mercado a formar novos leitores. Acho maravilhoso isso ter acontecido no mercado. É muito bom também para as editoras. Quanto mais livros se vendem – e esses são livros que saem bastante -, mais dinheiro as editoras têm para lançar outros autores, que têm potencial, mas não teriam chegado à editora se não tivesse dinheiro. O mercado editorial não é o mais rico que existe. Então eu acho que esse sucesso dos youtubers só contribuiu”.
Diferentemente dos demais livros de youtubers, Bruno traz em sua obra um romance contemporâneo para jovens adultos, abordando temas delicados sobre relações familiares e gravidez na adolescência, por exemplo. No entanto, o agora autor ressaltou que a ideia para o livro veio de maneira natural, lhe permitindo também expor e entender os seus próprios sentimentos.
“Eu acho que qualquer um é livre para fazer o que gosta e o que inspira a pessoa”, declarou. “Eu não pensei ‘preciso dar uma lição de moral’, quando tive a ideia do livro, quando eu decidi falar sobre esse tema. Foi tudo uma coisa natural que surgiu para contar uma história que eu acreditava. Eu não gosto muito da palavra responsabilidade, de ter que fazer alguma coisa. Azeitona acaba focando mais em relacionamentos familiares. Entre mãe e filho, principalmente. Eu fui criado só pela minha mãe, e o livro meio que foi uma forma de eu entender melhor o meu relacionamento com ela. O livro tem vários núcleos diferentes dentro dele, que vão se enroscando durante a história e, no final, se juntam. E em cada núcleo os personagens têm relações diferentes com a mãe. Por exemplo, o protagonista, que é o Ian, tem uma relação de mãe e filho com a irmã. Então, nós temos a relação da Emília, outra protagonista, com a mãe dela, que não é uma relação tão boa. Elas brigam direto dentro de casa. Eu quis mostrar essa questão das relações familiares”.
Apaixonado por roteiros, Bruno contou ainda que decidiu estudar a técnica para fazer os vídeos do canal e destacou que a diferença entre as duas escritas se mostra especialmente na proposta, no objetivo que ele quer atingir em cada uma delas.
“Hoje, a diferença entre os roteiros que eu escrevo para o canal e do meu livro é que meu canal é mais para divertir”, explicou. “Não é todo o vídeo que traz uma mensagem. O livro tem um espaço maior para lidar com isso, para abordar mais os temas. No canal é mais para as pessoas se divertirem mesmo. Mas eu quero muito escrever roteiro para outras coisas, para TV e cinema, por exemplo. Inclusive, estou trabalhando para que Azeitona vá para alguns desses meios também”.
Fazendo coro aos demais autores e youtubers, Bruno destacou ainda o poder da internet no mercado editorial de hoje em dia, ressaltando o poder que as redes têm de influenciar uma editora a contratar um autor, dependendo de sua repercussão online. Ele, que já confirmou o lançamento do segundo livro para o ano que vem, comemorou o seu momento atual, porém, garantiu que ainda não se sente uma referência no meio, uma vez que ainda sente que está evoluindo.
“Eu ainda não me sinto uma referência”, concluiu. “Eu publiquei meu primeiro livro agora. É incrível como, do primeiro para o segundo, muita coisa já mudou na minha cabeça. Eu aprendi mais coisas, eu estudei mais. Eu comecei a escrever o próximo. Estou fazendo todo um planejamento para o segundo. Devo lançar em julho do ano que vem. Eu acho que a gente evolui a cada livro. Por eu ter a exposição do canal, já estreia de uma forma diferente. Viajei para várias cidades, o que é difícil para autores iniciantes. Eu encontrei o público. Mas acho que eu vou evoluindo aos poucos para chegar aonde eu quero. Eu estou muito feliz da forma que eu cheguei até aqui e muito empolgado com o que ainda vem por aí”.
Um comentário
Brenda
Parabéns pela cobertura! =*