Resenhas

Lágrimas de Outono, de Amanda Bonatti | Resenha

‘Lágrimas de Outono’: uma visão sensível e delicada sobre morte e superação

Como encarar a morte? Para uns, o recomeço. Para outros, o fim. Mas o que fica para todos é a saudade. E o luto. Como lidar com a ausência? Com as incertezas e os medos que a falta de alguém nos traz? Com muita sensibilidade e delicadeza, a escritora Amanda Bonatti enche os nossos corações em seu livro Lágrimas de Outono, publicado pela editora Arwen, que trata justamente de perdas, superações, família, espiritualidade e amor.

A trama fala sobre uma garotinha chamada Isabel que, aos oito anos, perde precocemente a sua mãe, a quem era muito ligada. Sem a sua maior referência, ela precisa lidar muito cedo com as dores das perdas e a encarar momentos difíceis, ainda na infância. Por isso mesmo, a menina se revolta contra Deus e começa a questioná-lo. Com o passar do tempo, seu coração permanecia inquieto e a dor e a saudade seguiam inquietas e profundas em seu coração. Até que Isabel conhece Joaquim e, juntos, os dois irão enfrentar outras provações e dificuldades, mas descobrem que o amor é capaz de superar tudo.

Lágrimas de Outono consegue arrancar lágrimas logo no início da sua narrativa, uma vez que a escrita de Amanda é extremamente leve, detalhista e verdadeira. Acompanhar o sofrimento de Bel, como é chamada por seus parentes, ainda criança é angustiante e sufocante. Impossível não nos relacionarmos e simpatizarmos com a sua situação. Quem já perdeu uma pessoa querida sabe bem como é essa sensação, esse sofrimento.

Ao longo da história, e da infância de Isabel, eu só queria que as coisas melhorassem para a menina e colocá-la no colo. Felizmente, Bel não estava sozinha, e Amanda nos apresentou também à família da menina. Como toda grande família, há sempre aqueles com quem você se identifica mais, tem uma sintonia maior. No caso de Bel não é diferente. E é graças aos seus irmãos, em especial aos queridos e encantadores José e Beto, que a protagonista consegue não superar tudo, mas, pelo menos, seguir em frente e tentar recomeçar a vida. Chega de sofrimento, gente!

É claro que essas perdas nunca são esquecidas, e Amanda consegue passar bem a dificuldade de Bel de encarar o seu sofrimento, algo que acontece com boa parte das pessoas. Inclusive, mostrando que, por ser ingênua e, acima de tudo, humana, Bel também não está imune a atitudes e sentimentos que, vistos de fora, podem, inclusive, nos soar egoístas. Mas é aí que o livro nos faz refletir e questionar: quem somos nós para julgar? Quem somos nós para dizer como uma pessoa deve lidar com o seu próprio sofrimento? O seu luto? Podemos até não concordar com esses momentos de Bel, mas é preciso entendê-la. Até para que ela mesma consiga entender e, depois, aprender com tudo isso. Recomeçar, superar. Algo que todos nós, pelo menos uma vez na vida, já desejamos e buscamos.

Apesar de o romance com Joaquim ser extremamente delicado e simbólico, senti que essa parte do livro em si foi desenvolvida um pouco rápida demais. Entendi a questão, e o momento dos protagonistas, mas achei que faltou alguma coisa, nesse sentido. Por outro lado, os toques espirituais da narrativa são simplesmente lindos e muito, muito delicados. A ligação de Bel com a sua mãe é das coisas mais bonitas e tocantes, e Amanda fez uma ligação bem sutil com a questão espiritual.

Lágrimas de Outono é triste, romântico, tocante e emocionante.

Loja Arwen

 

 

 

 

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

Um comentário

  • Amanda Bonatti

    Juliana, que resenha linda! Estou encantada com as suas palavras, e que imagens lindas que você captou. Amei muito <3
    Realmente a "morte" não é algo fácil de lidar e cada um encontra a sua própria forma de superar. O que ajudou a Bel foi o amor pela mãe, pelas flores e por Joaquim.
    Estou feliz que tenha gostado da narrativa.
    Grande BEIJO

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