Resenhas

Filha da Ilusão, de Teri Brown | Resenha

‘Filha da Ilusão’: com o perdão do trocadilho, uma leitura mágica

O que é real e o que é ilusão? Seria tudo uma ilusão de ótica ou a mágica, de fato, existe? Depende de como você a vê e do quanto acredita. Teri Brown nos hipnotiza com suas palavras encantadas em Filha da Ilusão, publicado pela editora Valentina. E, no que depender da autora, a magia está mais viva do que nunca.

Anne Van Housen é uma adolescente de 16 anos, mas não uma adolescente qualquer. Além de uma ilusionista talentosa, ela é assistente da mãe, a famosa médium Marguerite Van Housen, em seus shows e sessões espíritas, em plena Nova York dos anos 1920. E, como se isso não fosse o bastante, Anne é também a filha ilegítima de ninguém menos do que o mais famoso dos mágicos: Harry Houdini. Pelo menos, é o que afirma a sua mãe. O problema é que, apesar de Anne amar mágicas, ela precisa esconder os seus verdadeiros dons de Marguerite, que não passa de uma golpista. A menina consegue não apenas se comunicar com os mortos, mas captar as emoções das pessoas e prever o futuro. Só isso. O problema é que os seus poderes se intensificam e, quando ela conhece o jovem Cole, Anne descobre uma sociedade secreta que estuda pessoas dons parecidos. Agora, caberá a ela aprender a lidar com essa nova realidade e saber em quem confiar.

Desde que eu li o título e vi a capa desse livro, sabia que precisava lê-lo. Sou completamente apaixonada por obras relacionadas à magia, pessoas com dons especiais e derivados. É quase uma obsessão. Aliás, eu acho que, na verdade, eu gostaria de ter magia. É isso. Pronto, falei. E foi isso o que eu senti lendo Filha da Ilusão. Magia pura através das páginas tão bem escritas por Teri Brown. Sua narrativa detalhista e leve nos transporta para aquele universo tão interessante e instigante. Inclusive, a autora constrói tão bem esse mundo, esse cenário, que é quase como se estivéssemos andando pelas ruas de Nova York nos anos 20. É muito interessante imaginar aquela época, junto com a escritora, todos os costumes, a sociedade e, até mesmo, os figurinos (tão bem descritos).

Filha da Ilusão também se destaca por sua própria protagonista. E olha que a tarefa não é das mais fáceis, visto que temos um narrador em primeira pessoa que expõe o ponto de vista de uma adolescente. Teria tudo para dar errado. Anne e sua mãe não têm uma boa relação, e isso afeta a garota mais do que ela mesma imagina. E ainda tem o fato de ela não ter certeza de sua verdadeira paternidade, de ter poderes que não entende e inicialmente não quer, de ser extremamente insegura e um pouco introvertida. No entanto, magicamente (me perdoem o trocadilho, mas não consigo evitar), tudo isso só fortaleceu a personagem, que se mostrou uma garota madura, corajosa e determinada, disposta a enfrentar os seus piores medos para proteger aqueles que ama. É impossível não criar empatia por Anne, torcer por ela e se surpreender com o seu talento e carisma naturais.

Por falar na relação entre mãe e filha, é muito interessante a maneira como Teri expõe um lado nada maternal de Marguerite e, ainda assim, mesmo que a mãe de Annie se mostre uma pessoa vaidosa, invejosa e mesquinha, a gente ainda consiga, de alguma forma bem no fundo do nosso coração – caso o leitor tenha boa vontade -, sentir uma conexão forte entre as duas. Tanto que é quase como se elas fossem um complemento uma da outra, de maneira nada funcional. Dá para aprender a tolerar Marguerite. Assim como os demais personagens secundários também agregam um valor inestimável à trama e ao desenvolvimento da personalidade de Anne. Principalmente Cole, que consegue abrir um pouco a mente de Anne e mostra a ela que é possível, sim, confiar nas pessoas e principalmente aceitar os seus próprios dons e usá-los para o bem. Ele é o equilíbrio emocional que a personagem precisa, até para que ela possa agir como uma adolescente normal e não como alguém que precisou amadurecer precocemente sem aproveitar todas as etapas da vida.

Com a mágica como pano de fundo – incluindo a participação especialíssima do próprio Houdini (o que eu achei sensacional) -, Filha da Ilusão é um livro que cumpre o prometido e nos surpreendente com todo o seu encantamento. Fiquei tão envolvida na história que até achei a conclusão um pouco precipitada, mas nada que nos tire aquela sensação prazerosa ao final de uma boa leitura. Teri Brown soube aproveitar a magia das palavras para cativar o seu público. Tanto que, agora, eu realmente gostaria de ter dons especiais também para trazer os próximos volumes da série (esse é o primeiro de três) para o Brasil!

Amazon Livraria CulturaSaraivaSubmarino

 

 

 

 

 

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *