Olhos Prateados, de Scott Cawthon e Kira Breed-Wrisley | Resenha
‘Olhos Prateados’: suspense, mistério e bonecos assombrados
Quando li a sinopse do livro Olhos Prateados, de Scott Cawthon e Kira Breed Wrisley, publicado pela editora Intrínseca, a minha parte tenebrosa e assombrada despertou, dizendo: leia este livro e sinta muito medo.
Pois é, quando o seu eu trevoso te dá uma ordem dessas, você obedece. E foi assim que eu me vi lendo — meio apavorada — a história do livro inspirado no jogo Five Nights at Freddy’s.
A história se passa em Hurricane, onde dez atrás existiu a pizzaria Freddy Fazbear’s, com seus animatrônicos fofinhos. Até que ela se torna o local de sequestro de Michael, um menininho que adorava desenhar os amiguinhos — estou ficando meio bolada por ficar falando em diminutivos, chega —, que como outras crianças, nunca mais foi encontrado.
Dez anos depois, os amigos de Michael se reúnem em Hurricane novamente para irem a uma cerimônia em sua homenagem.
Mas é claro que, sendo boa parte dos adolescentes criaturas infames que não conseguem não pensar em se meter em encrenca, eles resolvem voltar à antiga pizzaria.
E é aí que a coisa começa a ficar esquisita e logo, percebemos que os animatrônicos da Freddy Fazbear’s não são tão fofinhos assim.
O grupinho é formado por cinco adolescentes, Charlie — cujo foco durante a história é bem maior, porque a pizzaria era do pai dela e os robôs esquisitos foram criados por ele, sem falar de toda a história tenebrosa de sua família complicada —, John, Jessica, Lamar, Marla e tem também o Jason — um menino de 11 anos, meio-irmão da Marla, e que caiu de paraquedas na história.
Embora esteja escrito no título Five Nights at Freddy’s, é só uma delas que importa e que os personagens realmente passam a noite lá e… coisas acontecem.
Mas não é nada demais — eu só li embolada nos cobertores como uma lagarta trêmula, abraçada com o meu feroz cachorro de 20 centímetros e 5 quilos de pura banha canina, como se ele fosse um leão ameaçador, porque é claro que eu tinha que escolher ler a coisa de madrugada e sozinha.
Porque ler um livro que promete terror e animatrônicos assassinos durante o dia seria um desperdício — como ir ao McDonald’s e pedir uma salada.
Não dá, né. Já que é para ler um livro assustador, vamos nos assustar.
Bom, o livro é baseado em um vídeo game de terror criado por Scott Cawthon, como eu citei ali em cima. Eu nunca joguei, então não posso dar a minha opinião de gamer.
Mas posso e vou dar a minha opinião como leitora. Espero que gostem.
A sinopse do livro promete terror e brinquedos sinistros assassinos, então eu li esperando justamente isso.
Não posso dizer que me decepcionei — na verdade, eu achei a história maneirinha —, mas tenho que admitir que esperava algo diferente.
Eu esperava sangue, mortes, horrores, gritos e brinquedos possuídos, mas o que eu consegui foi uma história bem macabra e, para todos os efeitos, muito real — o que, a meu ver, a torna mais assustadora.
Quero dizer, parecia real até o final, que foi, em minha humilde opinião, meio… desanimador e rápido demais — como se os autores, de repente, tivessem ficado cansados da história ou não soubessem como explicar toda a bizarrice que tinha acontecido e terminaram sem mais nem menos.
Essa parte realmente ficou a desejar — o que é uma pena, porque em um livro de terror, o leitor costuma esperar um final chocante, quando não tão aterrorizante quanto toda a história.
Mas, como eu disse, não é desmotivador, até porque eu achei a história bem montada. Durante mais da metade do livro, a história se resume a uma colcha de retalhos de lembranças da Charlie com relação ao que aconteceu na pizzaria Freddy Fazbear’s, lembranças essas que ajudam tanto a responder algumas perguntas que o leitor inevitavelmente vai ter com o início da história, como suscitam novas perguntas e teorias. Isso dá um toque de suspense e mistério à história. Achei isso muito bacana.
Mas, ao mesmo tempo, acho que esse início prejudicou um pouco o clímax da história — que é a parte assustadora e que devia ser a melhor —, porque o início dá um tom muito real à narrativa. Então, quando a coisa toda fica bizarra, eu, como leitora, fiquei em dúvida se achava aquilo legal ou não.
Eu acho que deveriam ter dado mais atenção ao terror em si. Isso teria feito toda a diferença. Há alguns sinais ao longo da trama, antes do clímax, que dão a entender que está rolando alguma coisa esquisita e nem um pouco normal ali, mas são sutis demais.
Sem falar que os personagens não ajudaram. Tudo bem que são adolescentes, mas isso não quer dizer que tenham que ser idiotas — porque se o cara está em uma situação de vida ou morte, cercado de brinquedos assassinos e com uma história aterrorizante por trás de tudo, definitivamente não é hora de ficar fazendo piadinhas sem graça. Sem falar que eu nunca vi criaturas que conseguissem não levar absolutamente nada a sério.
Enfim, os personagens me irritaram um pouco. Acho que todos podiam ter morrido — podem me julgar, eu sou um monstro.
Mas a narrativa foi bem feita e conseguiu me manter interessada, apesar disso.
Quanto ao trabalho da editora, está ótimo, como se espera da editora. A capa está muito condizente, devidamente sombria; o tamanho do livro está excelente — ótimo para carregar na bolsa sem fazer muito volume —; a diagramação está bem simples, mas bem feita. Bom, não vi nada de errado e nem que me desagradasse.
Olhos Prateados não foi bem o que eu esperava, mas não foi uma perda de tempo. Infelizmente, achei o final desinteressante e os personagens irritantes. Mas eu gostei da história, da proposta e da narrativa. Acho que se o livro fosse melhor trabalhado, seria um excelente thriller. E é por isso que vou dar 4 estrelas.
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