Sociedade da Rosa, de Marie Lu | Resenha
‘Sociedade da Rosa’: uma continuação alucinante e sombria
Em nota, no fim de Sociedade da Rosa, Marie Lu afirma que este é o livro mais sombrio que já escreveu. E, de fato, ela tem razão. Isso fica bastante nítido ao longo da leitura. Como já comentei na resenha de Jovens de Elite, a saga da escritora se difere por trazer personagens extremamente ambíguos. Uma anti-heroína construída e desconstruída com o desenrolar de sua história. Aqui não existe o lado bom e o lado mau. Mas, sim, seres humanos vulneráveis, impetuosos e intensos. Existe uma realidade nem tão fictícia na qual uma minoria é desprezada por seus governantes incapazes de aceitarem o diferente. Existe um povo carente, desesperançoso, abandonado. Existe uma revolta generalizada capaz de ditar as (novas) regras de uma sociedade.
Ao mesmo tempo, Marie Lu acrescenta novos personagens que dão um equilíbrio não apenas à Adelina, mas à trama. Violetta, por sua vez, ganhou mais destaque, claramente para gerar um conflito com a sua própria irmã e tentar colocar os seus pés mais no chão. Razão x emoção. Cabe à Violetta tentar controlar Adelina em seus momentos profundos de ilusão e perda da realidade. A dinâmica e os questionamentos entre as duas são muito interessantes e, mais uma vez, nos dividem. Por outro lado, Magiano e Sergio são novas e excelentes aquisições à série e podem oferecer à Adelina a segurança da qual ela também necessita. Especialmente Magiano, capaz de despertar a jovem de seus piores pesadelos e de afastar os seus fantasmas. Que personagem fascinante e carismático!
Quanto aos Punhais, suas tramas não foram tão bem desenvolvidas neste livro quanto a dos novos companheiros de Adelina, mas a participação de Maeve e de seus irmãos não passou despercebida. Muito pelo contrário. Por causa dela, temos uma das principais reviravoltas desta história e mal posso esperar para ver o desfecho de tudo isso e quais serão os lados escolhidos. A única certeza é que, neste caso, ninguém será verdadeiramente um vencedor.
Sociedade da Rosa é um ótimo momento de transição e nos presenteia com um gancho de tirar o fôlego. Uma continuação que mantém a essência de seu original e nos surpreende. Marie Lu nos cativa, mais uma vez, com sua escrita forte e intensa. Impossível de largar!