Almanova – Trilogia Incarnate – Volume 1, de Jodi Meadows | Resenha
‘Almanova’: uma introdução cheia de ritmo, perguntas e reflexões
E se a morte não fosse o fim? E se não apenas tivéssemos a chance de voltar, mas também de lembrar das nossas outras vidas? Ter uma alma “imortal” seria o bastante? E se o destino, esse sempre implacável, resolvesse tomar o controle da situação e trocasse uma vida por outra? Seria mesmo o destino? E como lidar com a nova e não tão agradável sensação de que o fim pode ser mesmo o fim, afinal? Essas e outras perguntas são respondidas (ou não) em Almanova, primeiro volume da Trilogia Incarnate, de Jodi Meadows, publicado pela editora Valentina.
Em Almanova, conhecemos Ana, uma jovem alma que, quando nasceu, fez outra alma desaparecer, quebrando o ciclo de reencarnações – para preservar as memórias e experiências de vidas passadas – de Range. Com a mãe que a considera uma sem-alma e não faz questão nenhuma de tornar a vida da filha o mínimo agradável – pelo contrário -, Ana resolve fugir do isolamento e descobrir a verdade sobre a própria vida e se irá reencarnar. Quando ela decide ir para Heart, precisa encarar o preconceito e o temor das pessoas, que acreditam que ela seja a responsável pelas coisas terríveis que começam a acontecer. Até que ela conhece Sam, que considera a alma de Ana boa e valiosa e passa a defendê-la. Mas será que eles conseguiram viver esse amor? E, mais ainda, será que esse amor resistirá a apenas uma vida?
A Trilogia Incarnate nos traz uma premissa muito, muito interessante. Eu, pelo menos, sempre tive essa curiosidade a respeito do tema reencarnação. E Jodi Meadows conseguiu transformar o assunto em uma trama bastante ágil e instigante. Em Almanova, aprendemos que cada um de nós guarda peculiaridades e lembranças das outras vidas e que levamos boa parte dessas experiências ao nascermos novamente. O que, se pararmos para pensar, é um tanto quanto animador e, ao mesmo tempo, assustador. Porque, da mesma forma, lembramos de todos os sofrimentos e principalmente de como morremos. Não sei como lidaria com isso, mas provavelmente não de uma maneira natural. Pelo amor, né, acho que ninguém gostaria de ficar recordando a própria morte. Credo! Mas a perspectiva de voltar seria um tanto quanto intrigante.
Ana, por sua vez, é uma boa protagonista. Mesmo estando completamente perdida, ela tem personalidade forte e é corajosa o bastante para correr atrás de respostas, mesmo tendo um conhecimento mínimo sobre a vida, em geral. Seus questionamentos não chegam a incomodar, longe disso. Para mim, eles só geraram ainda mais empatia e compaixão por ver como o medo e o preconceito realmente são capazes de isolar as pessoas. Mas gostei de Ana não ficar se lamentando o tempo todo ou tendo autopiedade. Gosto de protagonistas objetivas. E, apesar de tudo o que passou e de tudo o que ainda não sabe, Ana tem força de vontade. Até o momento, eu sou #TeamAna, com certeza. Veremos como será o seu desenvolvimento, ao longo dos outros livros.
E, por falar em desenvolvimento, outros personagens também contribuem para a jornada de Ana. Simplesmente impossível falar de Ana sem falar de Sam. Gostei muito da química entre os dois. Acho que a autora soube explorar muito bem os receios e as inseguranças deles, que obviamente se transformaram numa grande tensão sexual. Sam, que parece ser o cara perfeito, bondoso e altruísta, também possui muitos segredos e isso só o torna mais interessante. Já estou cheia de expectativa quanto às respostas sobre a sua conexão com Ana e, claro, cheia das teorias (gosto de livros que me fazem elucubrar coisas).
Sendo o primeiro volume de uma trilogia, Almanova basicamente nos faz apresentações dos demais personagens, sem um maior desenvolvimento deles. O que não deixa de torná-los mais ou menos interessantes. Principalmente devido aos acontecimentos do livro. Aliás, por falar nisso, para uma introdução, Almanova tem um ritmo bastante frenético e com algumas reviravoltas. Em alguns momentos, achei tudo um pouco corrido e um pouco superficial, mas, por outro lado, gostei da agilidade e do ritmo que a autora impôs na obra. Sem maiores enrolações.
Principalmente, gostei – e muito – das implicações e reflexões que o livro traz. Da nossa capacidade de evoluir ou regredir, da força das nossas crenças e de como o ser humano reagiria ao ter o conhecimento do certo e, acima de tudo, suas ações ao ser surpreendido. Afinal, num mundo onde a certeza é a base, a surpresa e o incompreendido novamente podem trazer aquilo de mais obscuro da nossa natureza. Lidar com o “diferente” e transformá-lo em ameaça simplesmente por não ser aquilo com o qual estamos acostumados. Infelizmente, essa fantasia não está muito longe de ser apenas uma ficção. Mal posso esperar pelos outros livros!