Provence, de Bridget Asher | Resenha
‘Provence’: o fim pode ser um recomeço
A morte é mesmo o fim? A dor da perda é dura, intensa, visceral. Mas uma hora ela também irá se transformar numa saudade eterna e, até mesmo, acalentadora. Uma lembrança sensível para aquecer o coração. O mais importante é nos permitirmos recomeçar e seguir em frente, levando para sempre os momentos inesquecíveis e a presença tão forte dos entes queridos. É essa jornada de superação e recomeço que temos o prazer de acompanhar em Provence – O Lugar Onde Se Curam Corações Partidos, de Bridget Asher, publicado pela editora Novo Conceito.
No livro, acompanhamos Heidi em sua luta para reconstruir a vida ao lado do filho de oito anos, Abbot, após perder o marido. Seu objetivo agora é manter a memória de Henry viva, mas a missão se torna cada vez mais difícil, à medida que os dias passam e a ausência de Henry se torna quase sufocante. Além disso, Heidi também precisa lidar com a mania de limpeza adquirida pelo filho e sua sobrinha problemática, Charlotte. Até que, um dia, a casa em “Provence”, na França, que pertence à família de Heidi há gerações, é atingida por um incêndio e cabe a ela salvá-la. O local é rico em histórias de amor e surpreendentes coincidências. Mas será que não é a casa que irá salvar Heidi?
A primeira coisa que eu posso dizer sobre esse livro é que Bridget criou uma história linda, sensível e delicada, que toca o nosso coração profundamente. Quem já perdeu uma pessoa querida sabe exatamente como essa ausência é difícil e a dor, absurdamente dolorosa. Cada um tem a sua maneira de lidar com o luto, mas Provence é um livro muito importante por nos mostrar principalmente que é, sim, necessário nos permitirmos sofrer e, acima de tudo, sentir essa perda. Absorvê-la. No entanto, a autora, de uma maneira muito tocante e natural, diz que recomeçar não só é possível, como fundamental.
Por falar em perda, a dor de Heidi é tão palpável, tão real que a gente sofre com ela. A narrativa de Bridget é singela e envolvente, nos fazendo viver tudo aquilo com a protagonista e sua família quase disfuncional. Heidi é uma personagem tão bem construída e tão humana que acompanhá-la em sua própria jornada e vê-la se redescobrir é muito emocionante. Mesmo nos seus momentos mais irracionais e de negação, ela nos desperta empatia. A presença de Henry no livro é tão forte com as lembranças de Heidi que a gente também sente essa perda, porque temos a nítida impressão de que Henry realmente sempre esteve ali, de que, mesmo não sendo um personagem “fixo”, ele sempre fez parte daquela história. E, de fato, ele fez.
E o que falar de Abbot e Charlotte? Mesmo tendo apenas oito anos e adquirido uma mania por limpeza, Abbot é o equilíbrio de Heidi. É o filho que consegue fazer a mãe enxergar coisas que ela tenta negar ou simplesmente fingir que não estão ali, na sua frente. Abbot é uma graça e extremamente sensível. Ou seja, apaixonante. E Charlotte, por incrível que pareça, é uma adolescente que muitos podem achar problemática, mas, na verdade, é um dos personagens mais firmes e sensatos de todo o livro. Sério mesmo. E a dinâmica entre ela, Abbot e Heidi é incrível.
Se eu falar mais sobre os outros personagens, sinto que, de alguma forma, irei tirar um pouco a graça da trama e de seus acontecimentos. Resumindo, Bridget foi certeira em suas escolhas, em todas as personalidades e essências. Cada um deles tem algo a nos ensinar, nos deixa uma mensagem (até mesmo Elysius).
É claro que também não poderia deixar de falar no lugar que dá nome ao título. Provence. Minha nossa, gente, que vontade louca de comprar uma passagem para a França e desbravar essa região! Bridget descreve tudo com tanta paixão, com tanto carinho e detalhe que nos transporta para a casa da família de Heidi. É muito doido porque eu senti como se já tivesse estado lá, como se realmente conhecesse o lugar. Consegui imaginar perfeitamente cada cantinho, cada ponto daquela casa, ao longo da narrativa. E, mais do que isso, senti a MAGIA do lugar. Acreditei em cada história que Heidi e sua mãe contavam sobre a construção.
2 Comentários
Lindiene Pavão
Amei a resenha, fiquei com muita vontade de ler… Me cativou bastante!!
Juliana d'Arêde
Oi, Lindiene!
Que bom que gostou!! Muito obrigada pelo comentário! 🙂
Olha, eu sou suspeita, mas vale a pena! É um livro muito bonito e emocionante!
Beijos