Resenhas

Deixada Para Trás, de Charlie Donlea | Resenha

‘Deixada Para Trás’: você vai se surpreender

Duas jovens completamente diferentes. Um sequestro. Enquanto uma escapa do cativeiro, a outra continua desaparecida. Só uma versão da história é contada. Será a verdade? Deixada Para Trás, novo livro de Charlie Donlea, autor do sucesso A Garota do Lago, ambos publicados pela Faro Editorial, surpreende nos detalhes, agilidade e se torna uma leitura obrigatória para amantes de um bom thriller. É de tirar o fôlego! Repleto de reviravoltas que vão dar um nó na sua mente. Preparem-se!

Megan McDonald e Nicole Cutty estudavam na mesma escola, mas tinham lá as suas diferenças. Megan era a “menina certinha”, popular, com um futuro bem planejado e uma bolsa na universidade; em contrapartida, Nicole era conhecida pela sua vulgaridade, excessos e agressividade. Existia uma certa rivalidade entre as duas, porém, um sequestro acaba por cruzar a trajetória das jovens. Há muita nebulosidade neste período de clausura, afinal, apenas Megan consegue fugir daquela prisão e contar a sua versão, não muito confiável – digamos assim -, da história. A jovem está muito traumatizada e confusa, e a fama que conquistou com a tragédia só piora as coisas. Mas e Nicole? Bom, ela parece ter sido esquecida por todos. Pelo menos, no noticiário.

Um ano depois, Megan relata as suas experiências no livro Desaparecida e instantaneamente vira autora best-seller. O país inteiro parece sedento por informações/curiosidades sobre a jovem sobrevivente. Mas, pelo menos, Lívia, irmã de Nicole, não está muito preocupada com a fuga/vida de Megan e, sim, no desejo de encontrar informações que a levem ao paradeiro da irmã ou – pasmem – ao corpo de Nicole. Lívia, que é médica legista, anseia pelo dia em que irá abrir o saco preto e encontrar o cadáver da irmã e, através da autópsia, desvendar o mistério. Sinistro, não é? Tem que ter muito sangue frio!

Até que um dia… Um cadáver chega!

Calma, não é o corpo de Nicole que aparece – ufa -, e sim de um suposto suicida, que está morto há mais de um ano e tem uma ligação com a sua irmã. Procurando respostas, Lívia entrará numa busca incessante para desvendar o que aconteceu com Nicole. E, para isso, vai precisar unir forças com Megan, se quiser encontrar uma saída. 

Deixada Para Trás se destaca, logo no comecinho, na contextualização do ambiente de trabalhos dos médicos legistas. Além de ser bastante informativo sobre as diferentes causas de uma morte e o que acontece com um corpo – como num suicídio, por exemplo.  É um assunto que, mesmo mórbido – vamos confessar -, desperta a curiosidade. E a descrição é tão boa, que o leitor tem a sensação de fazer uma autópsia junto com Lívia. É meio tenso, dá nervoso, ao mesmo tempo que prende o leitor à trama. Como é indicado no livro, um corpo realmente tem muita história. Essa abordagem médica é o que cativa logo de cara.

Mesclando presente e passado, a estrutura narrativa corrobora para que o leitor não tire os olhos de cada detalhe. E essa mudança temporal é ainda mais nítida pelas cores das páginas (branca e cinza), indicando o tempo. Outro elemento que aguça a curiosidade do público, e gera ainda mais interesse, é a utilização de frases ditas por personagens, antecipando os capítulos que vêm a seguir. É muito eficiente para o engajamento. Isso sem contar na trama em si, que é fantástica!

Ainda que seja narrado em terceira pessoa, Deixada Para Trás muda o foco de seus personagens centrais em cada capítulo, dependendo do momento da história. Com isso, o autor consegue desenvolver bem as ações e emoções de cada um deles. Inclusive do sequestrador. Assim, podemos também mergulhar um pouco na sua mente, nos seus pensamentos, e ver a sua ação em tempo real, mesmo sem saber quem ele é. 

Deixada Para Trás é um livro com muitas reviravoltas. Confesso que eu adoro isso! Do meio para o final, então, é difícil de largar. Fiquei pensando em várias hipóteses, sem nenhuma certeza. No fim, fui surpreendido! E isso é o que eu mais gosto no suspense. Ler o inesperado. Nesse sentido, mérito total de Charlie Donlea, que mostra ser um excelente condutor  no desenvolvimento/investigação de histórias criminais. Dando pistas e confundindo o leitor, ao mesmo tempo.

Não é todo mundo que lida bem com questões envolvendo autópsias e coisas do tipo. E, como puderam perceber – espero ter passado isso -, o cadáver na obra é uma questão central. Ele é a chave para desvendarmos todo o mistério. É tudo bem detalhado e instigante – pelo menos, para quem não tem repulsa pelo assunto. Então, se você não se incomodar em falar de corpos, dissecar cadáveres, Deixada Para Trás é um suspense que tem que encabeçar a sua próxima lista de leituras. O trabalho de Charlie Donlea é simplesmente incrível. Ele consegue imergir o público no sequestro de Megan e de Nicole, despertando o investigador que há em nós. É muita adrenalina! Uma leitura que só para no fim.

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

3 Comentários

  • Karen

    Li este livro recentemente, e tive dois palpites errados de quem era o sequestrador, achei um pouco pesado pro meu costume de leitura, mas gostei muito me prendeu do início ao fim.

    • Vai Lendo

      As partes das autópsias são realmente tensas… Tem que ter muito sangue frio. Os livros do Charlie geralmente são assim, te prendem do começo ao fim. Esta é uma das razões que eu gosto muito do trabalho do autor.

      Abs,

      Daniel

  • Cezar

    Spoliers
    Olá, tenho algumas dúvidas, qual a importância em dizer sobre a mulher do Dr. colt ser veterinária? Apenas para ficamos com a pulga atrás da orelha?
    Quanto ao Kent, quando ele foi pescar… Ficou meio no ar de ele ser o assassino também…
    Livrão!!! Uma baita leitura, li em dois dias de tão empolgante que foi.

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