Resenhas

Serafina e a Capa Preta, de Robert Beatty | Resenha

‘Serafina e a Capa Preta’: um livro mágico para todas as idades

A mente de uma criança é um mundo à parte. A imaginação, então, é ilimitada. Assim como a coragem, a perspicácia e a lealdade que só uma alma pura e inocente é capaz de manter. Todas essas qualidades encontramos no leve e auspicioso Serafina e a Capa Preta, de Robert Beatty, primeiro volume da série lançada pela editora Valentina.

Na trama, conhecemos a jovem e intrépida Serafina, uma menina de 12 anos que vive com o seu pai – o responsável pela manutenção das máquinas – no porão da Mansão Biltmore. Com espaço de sobra para explorar, ela, porém, precisa tomar cuidado para não ser vista pelos moradores da casa, funcionários e hóspedes, que não têm a menor ideia da sua existência. Até que, um dia, as crianças da propriedade começam a desaparecer e aparentemente apenas Serafina sabe quem é o responsável por isso: um homem misterioso e assustador, que veste uma capa preta e aterroriza durante a noite. Depois de conseguir escapar do vilão, Serafina irá se juntar ao jovem Braden, sobrinho dos donos da mansão, para descobrir a verdadeira identidade do homem e salvar as crianças. O problema é que essa aventura levará Serafina para dentro da floresta que sempre foi aconselhada a temer, o que irá revelar segredos sobre o seu próprio passado e a sua origem.

Desde que a editora Valentina anunciou Serafina e a Capa Preta, eu tive vontade de ler a obra. E mais. Sabia que iria gostar. Mesmo sendo um livro juvenil, o que, para mim, nunca foi um empecilho, muito menos demérito, embora eu já esteja muito longe de ser o seu público-alvo. Acredito que boas obras podem e devem ser apreciadas pelos leitores, independentemente da faixa etária. Basta você ter a consciência de para quem o autor está se dirigindo. Sinceramente? Serafina e a Capa Preta, é uma delícia! Tenho certeza de que a Juliana mais nova iria se encantar pela protagonista carismática, assim como a Juliana de 30 que vos fala se encantou.

É simplesmente impossível você não se envolver com Serafina. Não gostar dela. Ela é inteligente, destemida, leve, cativante e apaixonadamente inocente, porém, sem ser muito ingênua. Ela tem plena consciência das diferenças sociais, de seus desafios e obstáculos e uma excelente percepção de caráter. Uma observadora nata. Me deixei levar pela leveza da narrativa de Beatty e fiquei extremamente satisfeita ao ver que o autor não subestima a inteligência do seu jovem público. Pelo contrário. Serafina e a Capa Preta é ágil e envolvente. Inclusive, por vários momentos, tive a sensação de estar lendo um conto de fadas mais moderno, de acordo com a nova geração.

Braden, por sua vez, também é uma graça, e a dinâmica entre ele e Serafina é deliciosa. Uma amizade genuína, verdadeira, de duas crianças desesperadas para se encontrar, encontrar o seu lugar no mundo e alguém com quem elas pudessem ser elas mesmas. É muito interessante como o autor, de uma maneira muito sutil, trabalha essa questão das diferenças, de não se encaixar. E das relações familiares. Aliás, a relação entre Serafina e o pai é muito bonita e emocionante. Infelizmente, não posso me estender mais sobre isso, mas eu fiquei bastante tocada, algumas vezes (é a idade que vai deixando a gente mais mole – e meu ascendente em câncer).

Eu quase nunca comento o trabalho gráfico dos livros, pois não acho que eu esteja assim tão apta para falar sobre uma área da qual eu pouco domino, mas, gente, que CAPA e trabalho LINDOS da editora Valentina! Desde o material, até a arte, tudo. Sabe aquela cereja do bolo? Pois é. A capa, inclusive, para reluzir toda a magia da história.

Todo o mistério em torno da capa preta e do homem misterioso também é bem desenvolvido e dá até para dizer que traz uma mensagem, como um bom livro juvenil. Adorei me aventurar pela Mansão Biltmore e pela floresta com Serafina e Braden e voltar à infância, de uma maneira quase lúdica. Serafina e a Capa Preta definitivamente não se limita a um público. Afinal, quem não gosta de sonhar e de ser criança, às vezes?

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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