A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil, de Becky Chambers | Resenha
‘A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil’: o título não é dos melhores, mas a história vale muito a pena.
Quando vi o livro A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil pela primeira vez, o que eu pensei foi: nossa, que título imenso. Pessoalmente, acho o título do livro uma parte crucial para a história – afinal, é o que lhe dá uma identidade, de certa forma. E, cá entre nós, sempre tive um pouco de implicância com títulos longos demais – isso é coisa minha mesmo.
Mas, quando eu olhei para o livro e ele olhou para mim, rolou alguma coisa, e não foi apenas porque a premissa prometia um sci-fi espacial, com direito a aliens e naves, mas tenho que admitir que isso ajudou bastante.
Então, resolvi apostar no livro com a capa cheia de glitter e um título imenso.
Felizmente, não me decepcionei. Para falar a verdade, eu meio que devorei o livro – com título e tudo. Sinceramente, LVPPH – nem a pau vou escrever isso tudo de novo – foi um dos melhores do gênero e estilo que já li. Foi escrito por Becky Chambers e publicado pela Darkside Books.
A trama é nada mais, nada menos do que um tipo de diário de bordo – embora seja feito em terceira pessoa- da viagem da tripulação da nave perfuradora de túneis espaciais Andarilha a… bom, a um pequeno planeta hostil. E como a viagem é longa – já diz o título, não -, muitas coisas acontecem, boas e ruins. E é justamente isso o que torna a história tão interessante – sem falar dos personagens, que são, cada um a seu modo, apaixonantes.
Sabe o que eu gosto tanto em livros de sci-fi que se passam no futuro? É a imensa criatividade que o autor mostra. Afinal, ninguém sabe exatamente como vai ser o futuro. Então, a única coisa que se pode fazer é imaginar e criar uma história, onde absolutamente tudo é fruto da mente do autor. Então, a cada página o leitor se depara com linhas e linhas de ideias e teorias.
E eu achei que a Chambers fez isso maravilhosamente bem. Ela conseguiu criar um universo imenso, muito maior do que ela sequer consegue mostrar no livro, mas que o leitor percebe que está lá e ele mesmo pode imaginar o que e como é.
Uau… viajei, hein.
O que eu quero dizer, basicamente, é que ela mandou muito bem.
Os personagens também estão magnificamente montados. São todos muito diferentes – de espécies diferentes, inclusive, o que só ajudou a me conquistar -, com suas filosofias, suas histórias, seus traumas, medos e suas personalidades absolutamente encantadoras.
Eu poderia citar cada um deles e também suas espécies, mas quem ainda não leu não ia entender bulhufas, então, vamos deixar para lá.
A trama criada por Chambers não é cheia de batalhas intergaláticas, tiros para todo lado e sabres de luz – foi mal, não deu para resistir -, e nem precisa. Na verdade, acho que isso estragaria o livro. Existem problemas ao longo da história, tem guerra acontecendo, tem tensão no ar, tem seu lado trágico, mas a impressão que passa é de que tudo isso faz parte do cotidiano.
Não há um vilão propriamente dito – pelo menos, eu não acho que haja. Há os que cometem erros e são irritantes – toda história precisa desse tipo de personagem -, mas eu não os chamaria de vilões.
Quanto ao trabalho da editora, está excelente. A capa está linda – pessoalmente, consigo imaginá-la de outro jeito, mas também está ótimo como fizeram. O material físico está muito bem feito e o tratamento do texto está muito bom. A editora está de parabéns!
A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil (ufa!) narra um momento vivido por uma família sem laços sanguíneos – na verdade, sequer precisam ser da mesma espécie ou planeta -, mas com todos os outros laços fortes o suficiente para tornar isso irrelevante. É uma mistura realmente deliciosa do simples e do complexo. Eu terminei de ler feliz por ter conhecido uma história tão maravilhosa, mas também com muita tristeza por ter chegado ao final.
Recomendo muito mesmo a leitura.
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