Resenhas

Belgravia, de Julian Fellowes | Resenha

Belgravia: uma charmosa viagem a Londres de 1840

Faça-me um favor e feche os olhos. Agora, imagine o seguinte: uma grande soirée, que certamente vai varar madrugada adentro, em uma morada luxuosa. Provavelmente, esta casa pertence a alguma duquesa, no centro de Londres.

Carruagens refinadas com seus corcéis imponentes estacionam na entrada da residência. Delas, saem casais vestindo suas melhores roupas. Os homens com seus smokings pretos sóbrios contrastam com os coloridos vestidos de seda e tafetá de suas esposas, filhas, primas, tias ou mães. Jovens desfilam pela habitação sem nenhuma agonia em mente, só o flerte interessa. Enquanto isso, mães discutem os casamentos dos filhos e pais, a política estrangeira do país. A noite é rodeada de música, risadas, champagne e, claro, empregados. Outra pintura. Outra cena retirada dos livros de Austen.

Mas o que será que existe por trás das finas rendas e laços, dos elaborados penteados e joias, dos leques detalhados e cigarros enrolados à mão, dos sapatos lustrados e ternos meticulosamente passados?

Duas palavras: mistério e intriga.

O esplendor esconde casamentos arranjados, desaparecimentos, amantes, planejamento de assassinatos, filhos bastardos, mortes precoces, além de sentimentos nada nobres… E é exatamente neste ambiente que transcorre a narrativa envolvente de Belgravia, do criador da renomada série “Downton Abbey”, Julian Fellowes, publicado aqui no Brasil pela editora Intrínseca. “Uma história de segredos e escândalos na Londres dos anos 1840” é a oração estampada na capa do livro. Somente Fellowes consegue estimular nossa imaginação com uma frase tão pequena…

O exemplar expõe os acontecimentos entre duas famílias inglesas. Uma nobre e outra, não. A casa nobre possui somente um herdeiro e a outra, um casal de filhos e um pai que desesperadamente deseja subir de classe social, mas não me pergunte mais nada porque eu não quero estragar a história! Ok, uma dica: o livro começa com a batalha de Waterloo!

O que eu acho interessante em Fellowes é que ele não pinta uma versão estereotipada dos aristocratas. Eles são tão humanos quanto eu e você. Eles também se apaixonam, se decepcionam e desapontam, cometem erros, sonham, conquistam e falham.

O autor também é muito bem-sucedido em mostrar personalidades multifacetadas. Uma pessoa não é honesta o tempo inteiro, ou maldosa, ou altruísta. Os personagens têm seus momentos de fraqueza e fortaleza, de lealdade e traição, como todos nós.

Quem conhece Downton Abbey já está acostumado(a) com a escrita e principalmente com o ritmo do autor. A obra tem o compasso muito característico de Fellowes. Uma batida que pode parecer lenta, porém, é perfeita para a prosa. Por vezes, a sensação é que a história está andando muito devagar, mas, quando você menos espera, o livro terminou e, mesmo assim, você não sentiu falta de nada.

A leitura deste livro é deleitável! Então, aproveite para separar uma tarde de domingo preguiçosa para fazer aquele piquenique maravilhoso e se deliciar com as palavras do escritor bebendo um bom vinho, espumante, suco de laranja ou xícara de chá e deixe-se transportar para a Londres do século XIX! 

Cineasta, publicitária, marketeira que sonha em passar seus dias escrevendo! Apaixonada por storytelling, seu mundo, coração e alma estão repletos pela magia dos livros, filmes e músicas...

4 Comentários

  • ALEXANDRE

    A história, apesar de ser meio bobinha e algo previsível, é divertida e leve. Coisa pra ler numa tarde de verão descompromissada. Mas a tradução brasileira é pior, muito pior do que ruim! Erros de português, palavras que perdem o sentido (provavelmente erro de tradução) e troca de pronomes num mesmo parágrafo (tem TU e VOCÊ no mesmo diálogo!). Pra piorar, o tom coloquial da narrativa não combina com a atmosfera de 1840!! Uma pena que o livro tenha sido tão mal tratado.

    • Renata Bacellar

      Obrigada pelo seu comentário Alexandre!

      Que pena que você teve uma experiência tão negativa com a tradução do livro. Confesso que como faz tempo que o li não lembro do texto com detalhes, então não posso opinar. Gostaria de ler a publicação em sua língua original para poder fazer uma comparação com o original e a tradução.

      Fora isso, a história é divertida e leve como você disse!

    • Renata Bacellar

      Obrigada Isabella!

      Este livro é uma delícia e é ótimo para matar um pouco da saudade de Downton Abbey!

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