Os Distorcidos, de Scott Cawthon e Kira Breed-Wrisley | Resenha
‘Os Distorcidos’: nunca mais olhe para um boneco da mesma forma
Nada como um bom livro de terror para fazer vocA? ficar olhando desconfiado por cima do ombro a todo o momento. Afinal, nunca se sabe quando um animatrônico assassino e possuído por espíritos homicidas pode se esgueirar para acabar com a sua doce existência. Foi mais ou menos isso o que o livro Os Distorcidos, de Scott Cawthon e Kira Breed-Wrisley, baseado no jogo Five Nights at Freddy’s e publicado no Brasil pela editora Intrínseca, fez justamente comigo.
Em dado momento da leitura – no auge do horror -, cheguei a olhar para o meu cachorro, que me encarava intensamente, e perguntei: você também ouviu esse barulho?
Os truques de uma mente assustada… Delícia.
De qualquer forma, Os Distorcidos veio para massacrar os leitores e fazê-los desconfiar de qualquer brinquedo inocente. Desta vez, os autores nos levam de volta para a história de Charlie, que não apenas continua sendo atormentada pelos fantasmas do seu passado, mas eu diria até que ela se tornou ainda mais perturbada. Perguntas incessantes sobre o que aconteceu com o seu irmão, muitos anos atrás, a incomodam e o que aconteceu na pizzaria há um ano, junto com os seus amigos, ainda a assombra.
Até que acontece um assassinato perto de Hurricane, sua cidade natal – e onde toda a animada história de Charlie e sua família se desenrolou. E adivinhe quem foi o assassino. Eu nem preciso dizer. Você já deve ter uma ideia. No entanto, se não tem, sugiro que leia Os Distorcidos para descobrir.
É claro que a trama vai se desenrolar em uma coisa bizarra e assustadora, cheia de animatrônicos loucos, cenários assombrados e fantasmas descarnados. Bom, devo admitir que, em determinado momento, a trama de Os Distorcidos ultrapassa um pouco o limite do absurdo – e, quando isso acontece em um livro de terror, a coisa fica meio forçada; na pior das hipóteses, fica até cômica. Então, admito que, nesse instante, eu fiquei um pouco chateada. Porque todo o resto da história é tão bacana, que ver esse deslize me deixou muito incomodada.
Mas tudo bem. Não é nada que atrapalhe a leitura nem nada tão gritante assim. Talvez, você até discorde de mim.
Nesse segundo volume, temos bem mais ação do que no primeiro. As coisas já começam a acontecer nas páginas iniciais e suscitam tantas perguntas que fica difícil parar de ler – e, mesmo quando eu parava, ficava pensando e criando teorias para a história. E isso é muito, muito legal. Para mim, é o grande objetivo de uma história: fazer com que o leitor a viva também.
No que concerne o quesito continuação, acho que Os Distorcidos mantém um diálogo bom com o primeiro volume. Na verdade, eu diria que, quem não leu o primeiro livro, não vai conseguir acompanhar o segundo muito bem. Então, se você não leu Olhos Prateados, sugiro que o faça antes de pegar o segundo. Eu me lembro de ter falado na resenha do primeiro que tinha achado o final um tanto insatisfatório. Bom, só posso dizer que isso não acontece no segundo. Quando o livro terminou, eu fiquei, tipo: MASOQUASEEEEE????
Vai ter continuação. E eu já estou aguardando por ela.
Outra coisa que me agradou bastante foi a ideia que o livro passou de que o medo está na mente. Só é real enquanto acreditarmos que é real. E, se tivermos coragem de enfrentar esse medo, vamos descobrir que ele não assusta tanto assim. É uma mensagem um tanto inesperada para um livro de terror, mas eu gostei. Despertou o meu lado filosófico.
Enfim, a história toda segue um ótimo ritmo e dá ao leitor o que ele procura: prazer em uma leitura -quero dizer, o máximo de prazer possível de se encontrar na leitura de um livro de terror. Quanto ao trabalho da editora, está tão bom quanto o primeiro. A Intrínseca fez um trabalho excelente, mais uma vez. E vou deixar aqui o meu elogio à capa, que ficou ótima – bem assustadora e seguindo o mesmo estilo do primeiro livro também.
Os Distorcidos – eu não disse antes, mas o título faz muito sentido – traz os nossos queridos monstros pseudofofíneos de volta para assustar os nossos coraçõezinhos e faz isso muito bem. Pessoalmente, gostei bem mais dele do que do seu antecessor, o Olhos Prateados. Acho que o leitor que gosta de livros de terror e suspense vai curtir bastante.