Resenhas

Operação Red Sparrow, de Jason Matthew | Resenha

‘Operação Red Sparrow: espionagem com pitada hot

Escrever sobre livros de espionagens é uma tarefa complicada. Assim como nas histórias do gênero, a resenhista que aqui vos escreve deve deixar pequenas pistas no caminho para que o leitor possa, por ele mesmo, chegar em suas conclusões. Um passo em falso e corro o risco de falar demais, entregando informações confidencias, reservadas apenas para os leitores de Operação Red Sparrow, lançado pela Editora Arqueiro (e anteriormente publicado sob o título de Roleta Russa).

O arquivo secreto em questão foi escrito por Jason Matthews – e, apesar da minha brincadeira ao apresentar autor e obra me apropriando do vocabulário de espiões, Matthews realmente já deve ter escrito inúmeros arquivos secretos de verdade em sua vida, uma vez que é ex-integrante da Diretoria de Operações da CIA. Aliás, em um primeiro contato com a obra, isso foi o que mais me chamou a atenção.

No entanto, admito que, no início da leitura, a escrita precisa e descritiva do autor me causou certa dificuldade. Por um momento, fiquei com medo de ser uma daquelas leituras enfadonhas, mais preocupada com detalhes do que com a trama. Mas eu estava errada, erradíssima! Assim que Dominika Egorova entrou em ação na história, eu não desgrudei mais do livro.

Dominika é russa, com o sonho e a realidade de ser bailarina separados por uma perna manca. É bonita, extremamente perspicaz e tem uma habilidade incomum: consegue ver a cor da aura das pessoas, o que faz com que ela saiba ler bem as intenções daqueles que a rodeiam. Isso é extremamente interessante na história, pois dá certo ar de fantasia para uma história que parece caminhar no lado oposto da literatura fantástica.

A perspicácia (e beleza) de Egorova é logo percebida por seu tio, que nada mais é do que vice-diretor do serviço de inteligência russa e faz uma oferta de trabalho para a menina. Mas, ao entrar para SVR, Dominika é enviada para a “Escola de Pardais”, uma espécie de escola de sedução, na qual recebe treinamento especializado para arrancar informações por meio do sexo.

É aí que o jovem Nathaniel Nash, agente da CIA, entra em cena, para cruzar o destino de Dominika. Nash tem um objetivo: proteger um importante informante russo, de alta patente dentro da SVR. Já Dominika, recém-treinada como pardal, porém extremamente competente em sua área, assume a missão de descobrir o nome do informante russo da SVR, e é solicitado que a moça siga os passos de Nash e se torne íntima dele, instigando-o a torná-lo um informante.

Dominika e Nash entram, portanto, em uma briga de “gato e rato” velada, mas repleta de tensão sexual. Aliás, esse é um ponto muito importante do livro e que, ao menos para mim, foi inesperado.

Por vezes, senti que estava lendo um livro hot e, calma, isso não é ruim! Ao contrário, acho que deu ao livro um tom muito próprio que, não só seduz o leitor, mas também o insere completamente no jogo de poder por trás das situações.

Confesso que durante a leitura refleti um pouco sobre a construção de Dominika como personagem feminina estereotipada (perfeita, fatal, sexy), mas, por outro lado, via um esforço muito claro do autor em demonstrar o ambiente sexista, machista e opressor em que a personagem estava inserida, o que me marcou como um ponto muito positivo do livro.

Uma coisa é certa: é impossível ser indiferente à obra de Jason Matthews. Caso tenha a oportunidade de abrir os arquivos secretos de Operação Red Sparrow, será difícil esquecer a russa Dominika Egorova e o americano Nathaniel Nash. Mas a informação que chega (e que posso repassar) é que a história continua por mais dois livros.

Cresceu devorando os livros da Agatha Christie e esperando sua carta de Hogwarts. Sonha em tomar um café com a Patti Smith e dar um passeio no Maine com o Stephen King. É historiadora, roteirista, contista e contribui para o aumento da taxa demográfica de personagens.

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