A Luz que Perdemos, de Jill Santopolo | Resenha
‘A Luz Que Perdemos’: um amor que emociona e envolve
Lucy conheceu Gabe no mesmo ano em que as Torres Gêmeas caíram. O primeiro beijo aconteceu com o céu esfumaçando de Manhattan no horizonte, enquanto os prédios ardiam em chamas após o impacto dos aviões. A vida parecia mais efêmera e era necessário que aquela história de amor andasse mais rápido. Agora, ela seria para sempre? Em A Luz que Perdemos, publicado pela editora Arqueiro, Jill Santopolo traça o caminho do casal através dos anos em que seus sonhos e vidas mudaram, cresceram e desafiaram a paixão e a juventude.
O livro que começa como uma história épica de amor e romantismo se transforma em uma jornada tão maior e abrangente que, ora sutil, ora diretamente, explora os mais diferentes temas da vida de uma mulher cosmopolita. E ela não é nada parecida com Sex & the City.
Gabe é apaixonante. Sua voracidade pela vida e pelos seus sonhos parecem inebriantes e é fácil para nós nos apaixonarmos por ele assim como Lucy o fez. Essa relação, contudo, não é tão perfeita quanto a narradora-personagem acha no momento em que a conta para gente. Montado como um grande relato, A Luz que Perdemos evoca a dificuldade de credibilidade de Dom Casmurro e nos dá um ponto de vista super imparcial. Não só pela voz da personagem, mas principalmente pelo momento que ela narra – mas isso seria um spoiler, então…
Por isso, as outras temáticas perdem um pouco as suas luzes, mas não caem na escuridão. Pelos anos que se passam pelas páginas, acompanhamos Lucy encarar um rompimento doloroso, desafios na carreira, falta de reconhecimento profissional, um marido um tanto dominador, problemas da maternidade, entre outros. Situações essas comuns a muitas mulheres, ainda que não todas. Embaladas em uma história de amor, elas enriquecem o livro de maneira singular e fazem uma boa conversa para com as problemáticas do cotidiano.
Preciso, contudo, alertar que esse romance é carregado de um tom dramático. A narradora fala sobre sua história com certa melancolia, o que pode não agradar a todos os leitores. Aos românticos, no entanto, não se preocupem: é uma ótima pedida. O drama se confunde com vozes sonhadoras, apaixonadas e esperançosas. Ainda que ecoem um pouco de nostalgia e, talvez, arrependimento. É uma complexidade de sentimentos que deixa o livro ainda melhor. Mais profundo, mais tocante.
Além disso, o estilo de Santopolo colabora para a leitura da obra. Com capítulos curtos e diretos, o ritmo de leitura avança facilmente e, se você devora livros, terminará com este em um ou dois dias. Ao mesmo tempo, a autora conseguiu em poucas palavras e sem exageros colocar poesia ou, pelo menos, um toque poético a narrativa. Isso a embeleza sem deixá-la chata. Primeiro livro adulto da autora, A Luz que Perdemos me deixou bastante curiosa sobre o resto da sua obra e pelos novos caminhos que suas palavras seguirão. Acompanharei com atenção e com saudades de Lucy e seu coração.