Bazar do Tempo discute o papel dos jovens no mercado editorial
Numa época de tantas dificuldades, especialmente para a área de cultura, com tamanhos obstáculos e desafios, a palavra de ordem do mercado editorial é resistência. E as livrarias estão na linha de frente dessa batalha diária, se esforçando e tentando se superar para se manterem de pé. Mas esta não é uma luta solitária. Pelo contrário. Como mostra a obra Livrarias: Uma História de Leitura e de Leitores, de Jorge Carrión, publicado pela editora Bazar do Tempo, que tem realizado uma série de eventos para debater a importância desses espaços, bem como as novas tendências e nuances da indústria do livro. O próximo, inclusive, já está marcado: Livrarias – Lugares de Jovens acontece neste sábado, dia 15, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon (no Rio de Janeiro).
“A livraria é feita por pessoas”, declarou Michelle Strzoda, editora executiva da Bazar do Tempo, no evento Livraria: a Alma das Cidades, que aconteceu no último mês, na Livraria Leonardo da Vinci, e contou com a presença de Raquel Menezes (presidente da Liga Brasileira de Editoras, Libre), Daniel Louzada (da Leonardo da Vinci), Solange Jacob Whehaibe (da Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro, AEL) e Daniel Chomski (Livraria Berinjela). “Quem são essas pessoas? É o que o autor do livro Livrarias buscou”.
Louzada, apontou que este, talvez, seja o pior momento para as livrarias no Brasil, devido a uma junção de fatores.
“Acho curioso o lançamento desse livro no Brasil neste momento”, disse. “É quase irônico. É uma situação praticamente inédita. Temos uma combinação de fatores negativos que colocam o mercado editorial numa situação ruim. A livraria é um empreendimento modesto e pessoal. O livreiro, por sua vez, tem que gostar de ler. Talvez, este seja o pior momento para livrarias no Brasil”.
Já Raquel apontou para outro lado: o da resistência das próprias pessoas. Ela indicou as mais variadas formas de dispersão a que estamos submetidos, hoje em dia, como um facilitador para afastar o público das livrarias e ressaltou a importância da união entre os profissionais do mercado.
“Antes da resistência que temos que enfrentar diariamente, é preciso combater a resistência das pessoas aos livros”, afirmou. “São as redes sociais, a cerveja, não importa. O que a gente vê é uma grande resistência ao livro e à leitura. E o nosso papel é ver o que podemos fazer. Nosso trabalho, enquanto cadeia, vem através da união e da transparência. Temos que entender que somos uma cadeia e que precisamos trabalhar como tal”.
Daniel Chomski, por sua vez, destacou a experiência oferecida pelas livrarias, principalmente no que diz respeito ao caráter social. Toda essa troca entre as pessoas, atestou, é insubstituível.
“Você se torna livreiro porque gosta do objeto, da experiência, da troca”, declarou. “Acho que as livrarias ainda são um lugar de resistência. E isso se dá pelo comportamento de vocês, leitores. A resistência existe. A gente gosta do que faz e vai continuar enquanto permitirem. Mas os leitores também precisam continuar frequentando. É um ato de resistência do público. É aqui que os leitores se conhecem, conhecem os autores. Aqui não tem clique, tem relações pessoais”.
E, de fato, Chomski está certo. É nas livrarias que somos felizes, que respiramos aquilo que mais amamos: literatura. E, no evento Livrarias: Lugares de Jovens – Dentro e Fora dos Livros, Histórias e Jovens que Dão o que Falar, a Bazar do Tempo convidou Frini Georgakopoulos, Iris Figueiredo, Leonardo Antan e Vivi Maurey para o debate e para nos representarem.
Viva as livrarias!