Resenhas

O Jardim Esquecido, de Kate Morton | Resenha

‘O Jardim Esquecido’: mais uma obra encantadora de Kate Morton

A capacidade de contar histórias e de encantar. De lutar e de sobreviver através de mundos distantes, palavras e páginas de livros. O poder de hipnotizar os leitores com uma escrita apaixonante, ágil e sensível. Com Kate Morton, vivemos não apenas uma, mas várias histórias. E, com O Jardim Esquecido, publicado pela editora Arqueiro, novamente, a autora nos presenteia com uma trama arrebatadora e emocionante.

Foto: Vai Lendo

Em O Jardim Esquecido acompanhamos Cassandra em sua jornada. Dez anos após uma grande tragédia, ela precisa encarar um novo sofrimento: a morte de sua adorada avó, Nell. Solitária e sem perspectivas, ela é surpreendida com o testamento da avó, que lhe deixou uma misteriosa casa na Inglaterra, com um chalé e um jardim abandonado. Essa herança faz Cassandra perceber que sua avó era uma mulher cheia de segredos e a leva a investigar o passado de sua família. E é nessa viagem em busca de respostas, com apenas uma pequena maleta e um livro de contos de fadas escrito por Eliza Makepeace – autora vitoriana que desapareceu no início do século XX – como pistas, que ela vai descobrir tanto o que aconteceu na vida de Nell, mas também uma nova vida para si mesma.

Foto: Vai Lendo

Kate Morton me fascinou com A Casa do Lago (também publicado pela Arqueiro). Eu fiquei completamente obcecada por este livro e impressionada com a facilidade da autora de não apenas desenvolver, mas ligar várias tramas em uma só de maneira simples, porém extremamente interessante. E não é que ela conseguiu DE NOVO? Assim que a Arqueiro divulgou o lançamento de O Jardim Esquecido, fiquei bastante ansiosa. E minhas expectativas não foram frustradas, pelo contrário. O tom de O Jardim Esquecido é diferente de A Casa do Lago, mas a essência de Kate Morton permanece a mesma. E isso é muito, muito bom.

Foto: Vai Lendo

Apesar de o plot ser essa busca de Cassandra pelo passado de sua avó e consequentemente uma redescoberta de si mesma, O Jardim Esquecido é muito mais do que isso. É um livro sobre mulheres fortes, destemidas, obstinadas, sonhadoras. Kate nos faz viajar ao passado e ter o prazer de conhecer também Elisa e Nell. Que trio, minha gente. Que mulheres! Cada uma, à sua maneira e na sua época, com personalidades tão fortes, tão marcantes. Mais uma vez, fui completamente tomada por um misto de sentimentos, ao longo da leitura. Porque é impossível não se deixar envolver por essas histórias. Eu sofri, chorei, torci e sorri com essas mulheres.

Foto: Vai Lendo

A escrita de Kate é um bálsamo. A maneira como ela consegue distinguir essas histórias e, ao mesmo tempo, interligá-las é fascinante e conta muito para a fluidez da leitura. Porque não dá para largar. Eu precisava saber o que tinha acontecido com Elisa e Nell e o que iria acontecer com Cassandra. E não podemos deixar de mencionar Rose, Adelaine e Mary. Kate consegue construir cada personagem de forma única. Cada uma dessas mulheres tem uma bagagem. Cada uma delas tem uma história, que influencia diretamente na história e na essência da outra. Elas são as protagonistas. Elas fazem a sua própria história. São mulheres que não desistem. Às vezes, inclusive, beirando à loucura, sucumbindo ao desespero e tomando atitudes drásticas e nada louváveis. Mas tudo gira em torno DELAS. Kate fortalece os laços e esbanja feminilidade. Enaltece as suas personagens. Ela nos mostra em todas as nuances. Transcreve todas as inseguranças. Mulheres sonhadoras, idealistas, amarguradas, decididas, frustradas, que perderam tudo, que sobreviveram, ressurgiram. Mulheres que se reinventaram.

Foto: Vai Lendo

Eu não posso me aprofundar mais na trama e nessas mulheres para não estragar o prazer daqueles que ainda não as “conheceram”. Mas posso falar também de como Kate transforma uma casa, um ambiente, em outro personagem. Eu conseguia ver perfeitamente o jardim, o chalé, quase como se já tivesse estado neles. Suas descrições são profundas e delicadas. Uma dica para quem ainda não leu: LEIA LOGO!

O Jardim Esquecido é drama, é romance, é conto de fada. É passado, presente e futuro. É tudo aquilo que nós, leitores, esperamos de um bom livro. Mal posso esperar pelo próximo presente de Kate!

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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