Okko, O Ciclo da Água, de HUB|Resenha
‘Okko, O Ciclo da Água’: arte impecável e história surpreendente
Sei que o que importa realmente em qualquer livro — seja uma HQ, mangá, gibi ou um romance — é a história, mas quero deixar registrado aqui que a arte que vi em Okko, O Ciclo da Água me deixou com o queixo caído. Mesmo se eu tivesse achado a história uma droga — o que não é o caso —, eu teria curtido a leitura só por causa das artes.
Não sei dizer quem é o autor — ou autores — nem o artista — ou artistas — que trabalharam nessa HQ, porque toda a informação que se tem sobre isso é o nome Hub. Até onde eu sei, é um tipo de studio de arte, com vários artistas.
Mas posso estar enganada e falando besteira. Se esse for o caso e você souber a verdade, por favor, me elucide.
Acho que foi a primeira vez que li alguma coisa da Mythos Editora e gostei bastante do trabalho deles — mas vale atentar para o fato de que o livro, normalmente, é bem caro. Eu tive sorte e comprei em uma bela duma promoção, mas, na verdade, o preço dele faz o bolso sangrar um pouquinho. Mas nenhum livro é caro demais quando a história é boa — é o que eu sempre digo para mim mesma quando vejo o meu dinheiro voar para a conta das livrarias.
A história se passa no Império de Pajão — qualquer semelhança com alguma terra à leste do mundo, cuja história nos traz lendas sobre samurais, katanás, honra de guerreiro, sepukku e essas coisas, não é mera coincidência. É parecido mesmo.
Até o nome é um anagrama, mas é um universo completamente fictício e místico, cheio de criaturas sobrenaturais e pessoas esquisitas.
A trama se passa na Era Asagiri, um momento em que os clãs lutam entre si pelo controle do país, causando muito sofrimento à nação. Mas, na verdade, O Ciclo da Água contempla um caso muito menor do que essa guerra — pelo menos, à primeira vista, já que eu ainda não sei o que acontece no próximo volume. Ela gira em torno da aventura na qual parte Okko, um ronin — um tipo de samurai — muito famoso e habilidoso, e seu grupo de caçadores de demônios para tentar encontrar e salvar a irmã de Tikku— um zé ninguém, mas que ama muito a irmã e quer salvá-la dos caras malvados que a sequestraram para fins maléficos.
E, a partir daí, é só treta e treta braba.
Eu não tenho muita coisa para dizer a não ser que adorei a história — tem início, meio e fim, um objetivo que é seguido até o final e uma problemática, que, tudo indica, pode crescer e se tornar algo ainda maior — e a forma como foi contada. A trama é exibida de maneira muito crua humanamente falando — se eles têm que mostrar sangue espirrando, gente pelada, tripas e cabeças voando, eles mostram numa boa com artes fenomenais. Uma coisa da qual eu senti um pouco de falta foi de palavrões. Acho que cairiam bem em alguns momentos e combinariam com a forma como a história foi narrada.
Gostei bastante dos personagens — especialmente do Noburo, que é aquele tipo de personagem naturalmente sinistrão, que tudo pode, tudo faz com perfeição — e achei muito bem feito o crescimento do personagem Tikku ao longo da trama.
Quanto ao trabalho da editora, está lindíssimo, maravilhoso, tudo de bom. Normalmente, eu não gosto de livros muito grandes, como esse. Mas acho que, se ele fosse no formato livreto, perderia muito de sua beleza.
Okko foi um achado, que eu encontrei por acidente e apostei na possibilidade. E saí ganhando. Estou muito ansiosa para o próximo, O Ciclo da Terra.