Ilha de Vidro, de Nora Roberts | Resenha
‘Ilha de Vidro’: Nora usa e abusa da magia… e a gente adora!
O combate entre a luz e a escuridão chega ao seu clímax. Surpresas e muitas emoções se misturam na conclusão da saga dos guardiões das Estrelas da Sorte, em Ilha de Vidro, último livro da trilogia de Nora Roberts, publicado pela editora Arqueiro.
Em Ilha de Vidro, resta apenas a Estrela de Gelo para os seis guardiões recuperarem, enquanto se preparam para a batalha final contra Nerezza, a deusa da escuridão. Só que essa tarefa obriga o espadachim imortal Doyle McCleary a fazer algo que ele prometeu a si mesmo que nunca mais iria acontecer: voltar para casa. O fato é que Doyle precisará enfrentar o passado ao retornar para o condado de Clare, na Irlanda, onde, há três séculos atrás, uma maldição fez com que ele fechasse o seu coração e assumisse uma vida de solidão. Isso até ele conhecer e ser surpreendido pela personalidade forte de Riley e da loba dentro dela. Fechada e intensa, Riley faz de tudo para manter o foco, encontrar a última estrela e… negar a atração que sente por Doyle. Mas é na batalha final que o grupo de amigos mostra o poder da união e que Riley e Doyle vão descobrir juntos a força do amor.
Eu estava bastante ansiosa por este livro, principalmente por saber que Riley e Doyle seriam os protagonistas da vez. E Nora não me decepcionou. Depois da leveza e da delicadeza no desenvolvimento da relação entre Annika e Sawyer, em Ilha de Vidro temos uma relação impetuosa e arrebatadora, daquelas que a gente adora acompanhar para saber quem irá ceder primeiro. E esse, inclusive, é um ponto bastante interessante no livro. Porque nenhum deles cede. Não no sentido literal da palavra. Riley e Doyle têm seus valores e ideais muito bem firmados e não abrem mão de ter a última palavra. É uma disputa bem sexy e divertida.
Riley é uma mulher bem resolvida, inteligente e sagaz. Às vezes, um pouco arrogante, mas tudo parece se encaixar perfeitamente à sua personalidade marcante. Assim, obviamente, ela bate de frente com Doyle, com uma personalidade tão marcante quanto a dela. E também seria inevitável que ambos se sentissem atraídos um pelo outro. Apesar de muito parecidos em alguns aspectos, eles também são seus opostos e complementares. Riley não só entende como não se importa com a bagagem pesada que Doyle traz consigo. Ela é pragmática o bastante para pensar apenas no presente e oferecer uma nova perspectiva de vida a Doyle, tão preso no passado que sequer consegue vislumbrar um futuro. E pior: ele boicota qualquer possibilidade de futuro por um medo totalmente compreensível, porém, que restringe a sua vida e não o permite ser feliz. Ao mesmo tempo, Doyle oferece a Riley um equilíbrio que faltava em sua rotina tão voltada para estudos e pesquisas. É Doyle também que, apesar do seu jeito rude e introspectivo, faz com que Riley consiga se abrir para os seus próprios sentimentos. A dinâmica entre os dois é excitante e a química, então, explosiva.
Em Ilha de Vidro, percebi – e isso pode ser só a minha impressão fantasiada – que Nora se soltou um pouco mais e, embora ainda tenha mantido os seus próprios padrões de trilogia, ela também se preocupou em surpreender os leitores. Apesar de ter sentido falta de um desenvolvimento melhor e mais elaborado dos momentos finais da história – achei um pouco corrido e superficial -, Ilha de Vidro fechou muito bem uma trilogia na qual Nora usou e abusou da magia. E nós, mais uma vez, nos rendemos e ficamos enfeitiçados.
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