Uma Estrela Me Disse, de Minnie Darke | Resenha

Justine Carmichael é uma pessoa prática, organizada e planejadora. Totalmente diferente do seu crush da adolescência e melhor amigo durante a infância, Nick Jordan, um ator cheio de sonhos, extrovertido e sensível. Ele até acredita em horóscopo, ora bolas! Depois de muito tempo sem se verem, o destino bate na porta de Justine na forma de Nick no meio do supermercado. E ela, adivinhem, ainda é apaixonada por ele e acabará fazendo tudo o que pode para conquistá-lo. Essa é a premissa geral de Uma Estrela Me Disse, publicado pela Globo Livros, da autora Minnie Darke.

Contudo, porém, todavia, os pormenores da história precisam ser compartilhados. Justine trabalha como basicamente uma faz-tudo em uma revista local bem conceituada e seu sonho é um dia alcançar a redação. Após esbarrar com Nick e descobrir que ele cultua o astrólogo misterioso da Star, a citada revista, Justine bola um plano perigoso de mudar as previsões do signo de Aquário – signo de Nick -, sabendo que ele as lerá e tentará segui-las. Leo Thornbury, o famoso astrólogo, envia suas previsões por fax, sem nenhum outro contato com o pessoal da Star. Ele, inclusive, nem quer receber um exemplar da revista. Então, o que poderia dar errado?

Nas entrelinhas de Uma Estrela Me Disse

A premissa de Uma Estrela Me Disse promete uma história divertida, como as comédias românticas do cinema. Os amigos de infância que se reencontram do nada e um deles descobre que ainda é apaixonado pelo outro? A garota que faz de tudo para conquistar um cara que não mostra que quer ser conquistado por ela? Inclusive, arriscar a sua carreira tão desejada e planejada por ele? Tina Fey, lá em 2004 com Meninas Malvadas, já avisou que isso não ia dar certo porque, na realidade, foge da sua personalidade e o cara não vai curtir isso nem um pouco. Enquanto isso, a personagem principal tem um outro homem interessado nela, sem que ela perceba. E que está bem próximo dela.

Uma Estrela Me Disse é uma piscina de clichês. E eu não tenho nada contra os clichês desde que eles sejam evoluídos e bem trabalhados. Mas, nesse caso, eles me incomodaram demais. Acho que é possível fazer uma boa comédia romântica sem que a mulher precise tomar atitudes duvidosas que ponham em risco tudo pelo que ela lutou por um homem que ela não tem ideia se sente a mesma coisa por ela – e tudo indica que não. A mentira de Justine, que era para ser o plot cômodo, foge do meu gosto e eu penso que é um clichê que precisa acabar. Os outros, no entanto, eu até gosto e bastante! Adoro a ideia de um casal que se reencontra depois de muito tempo. Acho muito curioso como uma história de amor pode se misturar à profissional, mostrando que ali nós temos pessoas e não robôs. Eu só acho que um livro publicado em 2019, com toda a discussão de emponderamento feminino, poderia ser melhor.

Quando a receita não tem liga

A autora parece tão dedicada ao plano de Justine que o desenvolvimento da profundidade dos personagens não é prioridade. Assim, todos eles parecem ter a mesma voz superficial e animada demais, por algum motivo que honestamente não sei explicar. Em alguns momentos, nós vemos consequências das ações de Justine que mudam completamente a vida de algumas pessoas que encararam aquele parágrafo falso plantado na Star. Por isso, eu passei a leitura inteira torcendo para cada um deles bater na porta do escritório dela e dizer algumas verdades. Assim como esperei o astrólogo surgir do nada e tirar satisfações sobre as mudanças no seu trabalho. Eu simplesmente não consegui torcer por ela.

Da mesma forma, eu não consegui torcer por Nick. Não consegui me envolver com nenhum personagem. Normalmente, quando leio histórias assim, que prometem romance e fofura, engulo todas as páginas por causa da química dos personagens. Uma Estrela Me Disse não sabe bem o que é química. E tem uma protagonista que usa a mentira como base da vida, ao que parece. 

Acho que eu nunca escrevi uma resenha tão negativa quanto esta, mas infelizmente a história não me pegou. 

Título: Uma Estrela Me Disse | Autora: Minnie Darke | Tradutora: Fal Azevedo |Editora: Globo Livros | Páginas: 392