The One, de John Marrs | Resenha
Já tinha algum tempo que eu não pegava um livro e realmente o devorava. Eu cheguei a ler bons – ótimos na verdade – livros, mas todos foram lidos de pouco a pouco. Com The One, o jogo virou. O livro de John Marrs, publicado pela Globo Livros, é um page turner total. A história de um mundo onde almas gêmeas são determinadas pela genética é mais do que interessante, é viciante.
Dividido em alguns núcleos, nós acompanhamos diferentes personagens que foram afetados pelo Case Seu DNA, um site de relacionamentos que promete encontrar a sua alma gêmea com base na sua genética. Você se inscreve, manda uma amostra de DNA e, pronto, entra no banco de dados da empresa e roda até achar sua pessoa. A promessa pode ter causado estranheza no início, mas ganhou fama, credibilidade e mais de um bilhão de usuários no mundo.
Cada casal trabalhado na história debate os mais diversos pontos. The One traz plots de vingança, amor, compaixão, amizade, entre outros com muitas, mas muitas emoções humanas, das mais simples às mais complexas. Eu me senti mergulhando numa boa novela mexicana misturada ao melhor filme de ficção-científica contemporânea que eu poderia querer.
Muita gente pode se questionar sobre o possível tiro no pé que os múltiplos núcleos podem ser para um livro. Nas primeiras páginas, fiquei, sim, um pouco confusa com cada capítulo dedicado a um personagem diferente. Contudo, em pouco tempo, peguei a manha das coisas e isso já não era mais um obstáculo. Para falar a verdade, esse foi o único obstáculo (e totalmente perdoável) do livro. The One entrega profundidade em um tipo de construção de romance no qual isso é bastante difícil. Além de, ao mesmo tempo, conseguir que nós, leitores, não queiramos fechar o livro.
É fácil demais nos apegar aos personagens (bom, quase todos, mas não posso dar detalhes porque seria um spoiler considerável, mas, ainda assim, a história deste spoiler é super impactante). Cada arco aguça a nossa curiosidade pelos próximos passos e, honestamente, não consigo escolher um favorito. Eles são tão amplamente únicos – como o mundo é – que o interesse por cada um deles não encontra competição. E eu não poderia deixar de elogiar tanto a tradução quanto a escrita do autor, que só facilitaram o meu processo de não fazer quase mais nada da vida, além de ler este livro durante dois dias.
Como se tudo isso não fosse suficiente, The One ainda levanta questões importantes sobre avanço tecnológico e psicológico coletivo. Estamos preparados para toda e qualquer novidade tecnológica? É moralmente correto que, para avançar, usemos de atalhos suspeitos? “Os fins justificam os meios”? Isso, e muito mais, sexta-feira, no Globo Repórter.
The One é o tipo de livro “pacote completo”, telefone + TV + internet, e várias reflexões de brinde. É sobre isso: ganhei mais um autor que até bula de remédio escrito por ele eu lerei.
Título: The One | Autor: John Marrs | Editora: Globo Livros | Tradutora: Isadora Sinay | Páginas: 440