Procure nas Cinzas, de Charlie Donlea | Resenha
‘Procure nas Cinzas’: Charlie Donlea no seu melhor
Pelo segundo ano consecutivo, a Faro Editorial selecionou alguns parceiros para ler, em primeira mão, o manuscrito de mais um lançamento do Charlie Donlea. E felizmente o Vai Lendo foi um destes contemplados, mais uma vez. Procure nas Cinzas, lançado nesta sexta-feira (10), antes mesmo do lançamento nos Estados Unidos, é uma das melhores obras do autor, que traz toda aquela fórmula de sucesso que o colocou na lista dos mais vendidos: suspense repleto de reviravoltas, texto objetivo, trama altamente viciante, personagens cheios de segredos e uma capacidade única de surpreender o público.
Vinte anos depois do atentado terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center, foi identificado, graças aos avanços de tecnologias forenses, o DNA de mais uma vítima: Victoria Ford. Pensando em utilizar esta descoberta para fazer um programa especial, em razão do vigésimo aniversário da tragédia, a apresentadora de TV Avery Manson decide ir atrás do passado de Victoria. Ela só não imaginava que a vítima identificada, pouco antes de morrer, estava sendo acusada do brutal assasinato do famoso escritor Cameron Young.
Em conversa com Emma, irmã da vítima, Avery descobre o último pedido de Victoria: provar a sua inocência. Analisando o caso, posteriormente, a jornalista descobre uma série de falhas policiais e inicia uma investigação para descobrir se Victoria era ou não culpada. Entretanto, Avery também guarda os seus segredos e, quanto mais ela tenta desvendar este complexo quebra-cabeça, mais fica exposta e vê o seu passado ameaçar o sucesso que conquistou.
Mistério para todos os lados
Quem já leu Charlie Donlea sabe que, por mais que a trama tenha um crime central – no caso, o assassinato do escritor Cameron Young -, muitos outros segredos são revelados ao longo da narrativa. Os personagens, inclusive aqueles que investigam, são cercados por inúmeros mistérios e um passado comprometedor. Em Procure nas Cinzas, a trama da jornalista Avery rouba a cena em vários momentos, a ponto de a história de Victoria Ford ficar em segundo plano. São tantas as reviravoltas, que, no fim, quase nos esquecemos da solução para o crime do famoso escritor. Mas, não se preocupe, tudo tem resposta.
Como em outros livros, o autor narra alguns acontecimentos sem revelar os personagens. Gosto muito desta característica do trabalho do Charlie, pois eleva o suspense e mostra outras cenas que fogem da trama central. Na ação final de Procure nas Cinzas, que acontece na parte V do livro, mais suspense. Muita coisa é omitida para que a tensão e a adrenalina fiquem lá em cima. A fórmula funciona de forma excepcional. Mistério para todos os lados.
Cobertura midiática
Além da investigação policial, outro elemento bastante frequente nas tramas do autor é a cobertura midiática: os bastidores, tramoias e negociações. Charlie aborda como transformar um crime em algo que prenda a atenção do espectador, da audiência e, por que não, do leitor? Afinal, ele acaba trazendo estes ganchos da narrativa televisiva para a literatura e funciona muito bem, já que rapidamente somos fisgados pelas páginas.
Falando em cobertura midiática, Procure nas Cinzas tem um pano de fundo bastante simbólico e que, de certa forma, mexe com o público: o atentado terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center. Um ingrediente a mais que gera uma identificação instantânea com o público, pois, mesmo não estando lá, o mundo parou para assistir incrédulo à tragédia.
É bastante curioso como Charlie usa este acontecimento na trama. Não posso falar muito para não dar spoilers. Mas posso adiantar que uma narrativa bem peculiar sai dos escombros dos edifícios. Após a leitura, fiquei refletindo quantas histórias inusitadas podem ter surgido neste contexto. Curti.
Protagonista
A jornalista Avery Manson foi uma grata surpresa de Procure nas Cinzas. Seu passado nebuloso e sua audácia para conquistar seus objetivos me conquistaram. Ela não é dona da moral. Comete erros. Tem muitos segredos. É sagaz em alguns momentos e trouxa, em outros. Como Charlie Donlea adora resgatar os seus personagens em mais de uma obra, espero encontrá-la em breve.
Atento às pistas
Ler suspenses, para mim, é bancar o detetive. É desvendar o caso ao longo da leitura. Charlie coloca muitas pistas no texto. Se o leitor prestar atenção, consegue desvendar boa parte dos mistérios. No entanto, o autor tem uma capacidade muito boa de brincar com o foco do leitor, que, pelo menos em algum momento, será surpreendido (enganado).
Tudo é tão empolgante – são muitas surpresas – que o desenvolvimento da narrativa é tão instigante quanto o grand finale (que, por sinal, é muito bom). De certa forma, o processo é meio imprevisível, fazendo a leitura ser prazerosa e viciante. O leitor nem sente o tempo passar.
Procure nas Cinzas é Charlie Donlea no que ele sabe fazer de melhor: contar uma narrativa envolvente, alucinante, com muito suspense e reviravoltas. Sem dúvidas, repito, é um dos melhores trabalhos do autor.
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Título: Procure nas Cinzas | Autor: Charlie Donlea | Tradutor:
| Editora: Faro Editorial | Páginas: 356