Se a Casa 8 Falasse, de Vitor Martins | Resenha
Vitor Martins entrega um coração quentinho em poucas e bem escritas páginas.
Toda casa é um Big Brother. Cada parede, cada porta, cada quina sabe os acontecimentos da vida de seus moradores e coleciona informações durante anos, décadas até. E isso é assustador e mágico. Mas vamos focar na parte mágica, nostálgica e falar sobre Se a Casa 8 Falasse, o novo livro do Vitor Martins, publicado pela Editora Alt.
A Casa 8 da Rua Girassol, no bairro de Lagoa Pequena, conheceu alguns habitantes nas últimas três décadas. Ela poderia ficar calada, sabe? Como a maioria das casas. Mas, para o nosso ganho, ela resolveu falar sobre o que estava acontecendo dentro dela em 2000, 2010 e 2020. Cada ano, separado por uma década, mostra uma família, relações amorosas, história de bairro e é uma delícia de ler.
Primeiro, temos Ana e seu pai, Celso. Ela tem medo de contar para o seu pai sobre sua namorada e ele tem medo de fazer grandes mudanças na vida da filha. Depois, temos Greg, um adolescente que vai morar com sua tia na Casa 8, enquanto seus pais se divorciam. E, por fim, Beto que está louco para sair de Lagoa Pequena, como sua irmã fez há alguns anos, mas, com a pandemia, seus planos estacionam um pouco.
Se a Casa 8 Falasse é o terceiro livro publicado pela Alt do Vitor. E eu afirmo com convicção: esse cara pode escrever receita de bolo que eu vou ler. Não que Se a Casa 8 Falasse seja uma, porque não é. Inclusive, acho que é o melhor livro dele. Mais completo, mais complexo, sem perder a essência da sua escrita com a sua habilidade incrível de trabalhar seriedade e humor na medida certa. A escrita do Vitor é super fluida e é, com certeza, uma leitura para se fazer em um dia tranquilamente.
Cada núcleo me encantou de formas diferentes. Às vezes, quando lemos uma história de amor, tudo é tão focado no romance que parece que o resto do mundo não existe. Eu gosto como cada núcleo conseguia conversar sobre tudo e todas as coisas. A relação de Ana e Celso estava lá, a construção da relação de Greg com a tia também e a dinâmica familiar de Beto, sua irmã e sua mãe também. Foi bonito de ler.
Por fim, vamos falar do final (olha, essa redundância toda, Isabella, muito bem). O final é bem criativo, elaborado com o fechamento certo e deixa tanto a nós leitores quanto a própria Casa 8 felizes, entende? Pelo menos, eu acredito que sim. No caso da Casa 8, digo. Como não gostar?! O fan service tava ali e eu peguei emprestado. Sem falar para ninguém. Até porque é bem óbvio que o Vitor fez de propósito.
Vitor Martins entrega um coração quentinho em poucas e bem escritas páginas. Aguardando o anúncio de um spin-off de qualquer um desses núcleos a qualquer momento só para eu não ficar com saudades. Que foi? A esperança é a última que morre.
Obs: eu só queria agradecer a Editora Alt por terem mandado esse livro autografado <3
Título: Se a Casa 8 Falasse | Autor: Vitor Martins | Editora: Editora Alt | Páginas: 338