A Mulher na Janela, de A. J. Finn | Resenha
‘A Mulher na Janela’: aquele suspense que não dá para largar
É possível acreditar em tudo aquilo que se vê? Ou tudo não passa de um equívoco? A Mulher na Janela, de A. J. Finn, publicado pela editora Arqueiro, apresenta a perturbadora história de Anna Fox que, ao bisbilhotar a janela do vizinho, acaba vendo mais do que deveria. Parece que os Russells – novos moradores da casa do outro lado do parque – não são o que aparentam. Mas será que ela não está imaginando coisas?
Anna é uma psicóloga infantil que vivia aparentemente feliz com marido e filha, porém, após a separação, ela ficou sozinha na bela casa onde morava com toda a família e passou a sofrer de agorafobia – transtorno psicológico onde o paciente tem um medo mórbido de se achar sozinho em grandes espaços abertos ou de atravessar lugares públicos. Reclusa, ela passa os dias bebendo, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e… espionando os vizinhos.
A personagem em si já é intrigante, e os seus dramas envolvem o leitor: seja pela condição em que ela se encontra, por sua doença, traumas, medos e pelo seu hobby de bisbilhotar a vida alheia (quem nunca? – risos). É fascinante! Outro detalhe que chama a atenção é que ela, como psicóloga, conhece bem o próprio transtorno e a forma como ela lida é muito bem desenvolvida no livro.
A agorafobia é incorporada à trama como um elemento instigante ao suspense. Não tem aquele didatismo chato e também passa longe de ser superficial. O autor consegue um equilíbrio fantástico de apresentar o transtorno e incorporar, com muita naturalidade, à história. Sendo honesto, pouco conhecia a doença antes da leitura.
A Mulher na Janela segue à risca a receita de um bom thriller capaz de arrebatar o público: com ótimos personagens, leitura envolvente, reviravoltas e bom texto, mas falta aquele toque especial para deixar os leitores de queixo caído. Aquele elemento surpresa que transforma a experiência em algo inesquecível.
A. J. Finn desenvolve a fórmula tão bem que acaba sendo previsível, em quase todos os aspectos. O texto é excelente, prende o leitor, mas fica fácil adivinhar o que vai acontecer em seguida. E, para uma trama que se baseia no suspense, isso particularmente me decepciona. Afinal, o leitor do gênero, além de adivinhar, gosta de ser surpreendido. Eu, particularmente, prefiro a segunda opção.
Sem dúvidas, A Mulher na Janela é um trabalho muito bem executado. Uma leitura daquelas que não dá para largar. Os capítulos curtos, a edição precisa e a boa história vão cativar o público.