Quando Ela Desaparecer, de Victor Bonini| Resenha
‘Quando Ela Desaparecer’: um suspense para ser acompanhado como manchete de jornal
“Cadê a Kika?”. Esta é a pergunta que permeia Quando Ela Desaparecer, novo livro de Victor Bonini, publicado pela Faro Editorial. Um suspense de tirar o fôlego com uma pegada de livro-reportagem, cheio de reviravoltas e um final estarrecedor. A cada página uma nova surpresa, e o mistério vai além do desaparecimento de Kika. Tem assassinatos, segredos e a angústia daqueles que esperam pela volta ao lar ou um corpo para chorar.
Francisca Silveira do Carmo é uma adolescente de dezesseis anos que desaparece durante uma excursão escolar. Esta não é a primeira vez que a jovem está envolvida em um crime. Há dois anos, Kika – como a garota sempre foi conhecida – esteve à beira da morte quando foi encontrada. Agora, há dois meses desaparecida, os policiais, pressionados pela grande repercussão midiática do caso, estão desesperados por respostas, mas ninguém na longa lista de suspeitos parece ter forte motivação para cometer um crime. Em meio a tudo isso e a uma investigação atrapalhada, fica cada vez mais complicado trazer um desfecho para esta história.
Quando Ela Desaparecer cumpre com destreza a proposta de contar a história de um crime pelo viés do jornalismo. A obra é construída a partir de fatos – adquiridos através de depoimentos, provas, transcrições de áudio, imagens -, que narram o desaparecimento de Kika. Inclusive, o livro abusa de elementos que fogem do texto corrido, como fotografias, manchetes de jornal, conversas de e-mail etc. As referências são tão críveis, com citações de veículos de comunicação e referências a casos reais – como o da escola Base de São Paulo – , que a todo o momento o leitor se questiona se está diante de uma ficção ou realidade. E transitar nesta linha tênue é uma das principais qualidades da publicação.
Todavia, essa abordagem realista acaba trazendo uma frieza e distanciamento do texto, peculiar do jornalismo. Para quem está acostumado a ler ficção policial/supense, vai estranhar o pouco desenvolvimento das cenas (basicamente são relatos) e a falta de profundidade dos personagens. Entretanto, o leitor precisa entender também que a proposta é justamente narrar por este viés. E, quando o autor discute o papel da mídia e como a cobertura jornalística influencia a opinião pública, a escolha parece acertada.
Por mais que exista um certo distanciamento, a história de Quando Ela Desaparecer, por si só, é muito boa. O texto ágil e as constantes reviravoltas seguram o leitor. E, assim como os crimes de grande destaque que acompanhamos pela imprensa, gera uma certa comoção. Você fica a todo o momento querendo saber o que vai acontecer na sequência, quais são os próximos fatos, quem é o culpado… E, o principal: “Cadê a Kika?”.
Quando Ela Desaparecer é um suspense empolgante para ser acompanhado como manchete de jornal. Apesar da pegada pouco usual, a combinação com as discussões trazidas fazem do livro um conjunto muito interessante. Um mix de crimes, jornalismo, ficção e o nosso fascínio em desvendar mistérios.
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