Resenhas

Born Cartolla (HQ), de Levi Tonin | Resenha

Reservei o meu exemplar da HQ Born Cartolla, de Levi Tonin, publicado pela Avec Editora, bem antes de ser lançada de fato. E, depois, fiquei esperando ansiosamente pelo lançamento e que o meu exemplar fosse, enfim, enviado para a minha humilde residência.

Toda espera de algo muito aguardado parece demorar bem mais. Mas valeu muito a pena, porque recebi uma história excepcional e exatamente do jeito que eu gosto. 

Born Cartolla — que, para quem não sabe, é uma HQ nacional — se passa no nosso mundo mesmo, mas, na versão de Levi, a natureza é uma imensa fonte de magia. E os únicos capazes de usá-la são os viajantes. E é aí que entra a maravilhosa personagem principal, Galla Cartolla, uma viajante extremamente forte, cujo poder reside nas várias tatuagens que ela tem pelo corpo. Logo nas primeiras páginas, Galla conhece Terry, um rapaz que foi atacado por uma criatura maligna quando mais jovem, que o privou de seus pais e de seus olhos — literalmente —, mas que, talvez, tenha muito para mostrar do que um passado sombrio.

Só com isso já dá para saber que os dois vão acabar viajando juntos e que vai rolar muita treta, certo? E é isso mesmo o que acontece, porque logo o universo dos viajantes começa a entrar em colapso, diante de uma grande ameaça. 

Eu não vou falar mais nada, porque vou acabar dando um spoiler. Então, quem quiser saber mais, vá ler a HQ.

E, se for ler mesmo, eu te aconselho a ficar de olho nos detalhes, nos símbolos e a pesquisar sempre que sentir necessidade, porque o autor faz muito uso de mitologias e figuras antigas e místicas, que nem sempre conseguimos identificar de imediato, mas cujo significado é bacana de saber. Eu, inclusive, depois que terminei de ler a primeira vez — sim, eu já li duas vezes, porque, assim que terminei na primeira vez, fiquei tão ávida por mais, que abri no início e li tudo de novo —, entrei em contato com o Levi para tirar algumas dúvidas que haviam ficado justamente porque eu não prestei atenção em alguns detalhes que se provaram mais importantes do que eu achei que fossem.

Uma das coisas que mais me agradaram no livro — junto com os personagens em si, que eu achei maravilhosamente bem construídos — foi a forma como o Levi colocou a magia e todas as regras que a tornam real. Ou seja, eu amei o universo dos viajantes e tudo o que faz com que eles sejam como são. Achei que ficou muito bem feito e coerente com o que o autor parece se propor a mostrar.

Achei o final sensacional — ainda melhor do que eu tinha imaginado — e fiquei bem satisfeita.

Posso falar com toda segurança que eu amei a história, e acho que contá-la no formato de uma HQ a enriqueceu absurdamente. Com certeza, ela perderia um pouco do impacto se fosse narrada apenas em prosa. Eu acho que o autor mandou muito bem, tanto na história em si quanto nas artes. Levi, já sou sua fã e estou aguardando os próximos trabalhos.

E, por falar em próximos trabalhos, acho que o universo de Born Cartolla deixou muitas pontas que, de fato, não eram relevantes para essa história especificamente, mas que seria maravilhoso explorar — temos o pai da Galla, que certamente teria muito para mostrar, temos os Fullgrans e a ligação deles com a natureza, muito mais forte do que em outros viajantes, temos o próprio vilão, cujo passado poderia ser mostrado, enfim, tem é pano para manga nessa história.

Então, Levi, fica aqui a dica. Sem pressão.

Mentira. É com pressão, sim. Faz logo essa “bagaça”. 

Quanto ao trabalho da editora, só tenho uma reclamação e uma sugestão. Por que não tem as orelhas de capa no livro? Elas são nossas amigas e nos impedem de amassar as pontinhas da capa. Por favor, Avec, a partir de agora, coloca as orelhas de capa, “okay”? E a minha sugestão é que façam uma reimpressão colorida — naturalmente, o preço vai aumentar, então uma tiragem pequena já seria maravilhoso. Ficaria incrível

Born Cartolla é o tipo de obra que eu mais gosto, bem formulada e bem executada. Apesar de já ter lido duas vezes, tenho certeza de que vou ler de novo.

Amei.

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