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Nevermoor – Os Desafios de Morrigan Crow, de Jessica Towsend | Resenha

A primeira vez que coloquei os olhos em Nevermoor, Os Desafios de Morrigan Crow, da autora Jessica Towsend, publicado aqui pela editora Rocco, foi na Bienal de 2019. Admito que a arte da capa me chamou a atenção e o título também. Eu cheguei a pegar o livro e flertei um pouco com ele, folheando e lendo a sinopse, mas não cheguei a levar — principalmente quando olhei para a fila quilométrica. Mas fiquei com o livro na cabeça e acabei comprando alguns dias depois.

E ainda bem que eu fiz isso, porque, do contrário, teria perdido uma história maravilhosa. Mas vamos a um resuminho.

A história se passa em um universo diferente do nosso, no qual o mais poderoso e também perigoso tipo de energia conhecido é o fabulânio — que, pessoalmente, eu achei uma tradução horrorosa, porque parece nome de remédio.

E isso nos leva à nossa protagonista, a Morrigan, que, nesse universo meio doido, é tida como uma criança amaldiçoada — o que automaticamente a tornaria “culpada” de tudo de ruim que acontecesse na cidade e nos arredores de onde ela vive. 

Bom, depois de alguns acontecimentos misteriosos, Morrigan se vê perseguida por criaturas sombrias e assustadoras.

E é aí que entra o personagem mais legal da história inteira, o magnífico capitão Jupiter North — dono de um nome que eu achei maneiríssimo —, que é o cara legal que vai ajudar a Morrigan a fugir, levando-a para o fantástico mundo de Nevermoor, onde ela fará muitas descobertas e viverá perigos ainda maiores.

E acho que já está bom de resumo, porque pensar no que dizer sem falar demais é muito complicado. Se quer saber mais, vá ler o livro — recomendo. 

Enfim, eu adorei a história. Achei o ambiente de Nevermoor sensacional. É um lugar mágico — apesar de não falarem em mágica no livro, não sei por quê —, com criaturas esquisitas e pessoas com habilidades especiais e uma escola mágica…

E é aí que você comete o erro de achar que Nevermoor é uma nova versão de Harry Potter. Vi muita gente comparando e falando que Nevermoor é uma imitação e blá. Mas não é! A única semelhança é essa troca de mundos pela qual passa a personagem principal; é essa ideia de existir um mundo escondido e muito diferente do comumente conhecido. E a semelhança acaba por aí. Algumas pessoas compararam o vilão de Nevermoor com o Voldemort. Mas, fala sério, não tem nada a ver. Contudo, eu estaria mentindo se não dissesse que não vi semelhança de Nevermoor com outras histórias de uma certa autora — cujo trabalho eu amo demais —, que é a Diana Wyne Jones. 

Para os pecadores que não a conhecem, Jones escreveu O Castelo Animado — que foi adaptado em uma animação pelo estúdio japonês Ghibli, O Castelo do Ar, embora ela não tenha nem a menor semelhança com a história do livro, incrivelmente —, A Casa dos Muitos Caminhos e toda a Saga Crestomanci. Há outros livros, mas esses são os que ficaram mais conhecidos.

Eu vi certa semelhança do mundo criado pela Jones com Nevermoor, também entre a Morrigan e muitos dos protagonistas da Diana W. Jones e, principalmente, eu achei o Jupiter North absurdamente parecido com o Crestomanci — que é outro personagem sensacional e que eu adoro — e o jeito dele de sempre aparecer na hora certa, no lugar certo, sempre saber as coisas certas a dizer e conseguir resolver praticamente todos os problemas do mundo.

Mas, na boa, se Townsend tomou a obra de Jones como influência, eu fico muito feliz por isso. Porque ficou ótimo! Ela criou um universo maravilhoso, uma boa protagonista, um personagem impossível de não amar e um excelente enredo com início, meio e fim — e ainda deu margem para o próximo volume.

Eu gostei tanto de Nevermoor, que comprei e já li o segundo volume em inglês, porque em português ainda não foi lançado. 

Quanto ao trabalho da Rocco, está excelente. A capa está maravilhosa, a diagramação, a revisão, o material… Tudo ótimo. Meus parabéns à editora e meus agradecimentos por ter trazido esse livro — podem fazer mais propaganda, eu acho. 

Eu simplesmente amei Nevermoor e devorei o livro. Foi o tipo de leitura que eu ficava ansiosa para continuar sempre que precisava parar e ficava especulando o que poderia acontecer. E, na minha opinião, esse é o melhor jeito de se ler.

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