FLIPOP 2020: Resumão do terceiro dia
Com o terceiro dia da FLIPOP 2020, chegam três mesas incríveis que fecharam com a entrevista da Kiersten White. Que dia, meus amigos! Vamos ao nosso resumão?
Mesa #1 – Explorando outros gêneros literários
O start do terceiro dia de FLIPOP foi com a ilustradora Luiza de Souza, o escritor Samuel Gomes e a escritora Aryane Carraro, sob a mediação da livreira Nanni Rios. O bate-papo focou na experiência de ler outros gêneros literários, essencial para marcar o tempo em que vivemos e, acima de tudo, enxergar a importância da vida do outro. Com o lançamento de “Valentes“, Aryane mostrou a vivência de refugiados no Brasil, dando nomes a eles e assimilando suas histórias. Ela retira-os, por fim, do estado de “estatística”.
“Conhecer as suas histórias faz a gente ver o outro de verdade, ver que ele é uma pessoa como a gente.” – Aryane Carraro
Samuel apresenta a sua história de vida e ressalta como fez parte de muitas estatísticas durante a sua vida. Ele é um homem negro, da periferia e gay. Dito isso, ele nos atenta a tamanha violência que há no país com a comunidade LGBT+ e debate sobre o seu livro – que ele chama de manifesto -, que contém histórias de brasileiros e suas vivências como LGBT.
O quadrinho Arlindo, da ilustradora Luiza de Souza, tem feito muito sucesso e ela se diz muito feliz com a possibilidade dele ser um espelho para uma comunidade, gerando uma sensação de pertencimento e acolhimento. A Nanni complementa destacando o potencial do Arlindo.
“Só a representatividade confere essa capacidade de encontrar a potência de você sensibilizar outras pessoas para poder entender mais ou menos o que a gente sente.” – Nanni Rios
O bate-papo destaca que as pessoas que não se inserem no grupo tratado num livro, num quadrinho, também fazem parte da mobilização, que, às vezes, precisam de uma sensibilização extra.
“Eu tento escrever Arlindo para que as pessoas mudem um pouco” – Luiza de Souza
Em seguida, Nanni lança a questão da religião e pede uma reflexão sobre o papel dos diferentes gêneros na interpretação das mudanças no cenário religioso brasileiro e mundial. Sobre essa temática, Samuel relembra a sua relação com a igreja evangélica e destaca a importância dessa religião nas comunidades, oferecendo um lugar de pertencimento.
Mesa #2 – Ninguém é uma coisa só
A segunda mesa do terceiro dia continua a afirmar que a FLIPOP 2020 é pura representatividade. Elayne Baeta, escritora, Gabriel Mar, autor, Rebeca Kim, escritora, com mediação do booktuber Alexsander Costa, se jogam numa conversa sobre estereótipos e resumos de uma pessoa completa a um rótulo só.
“É importante representar da forma certa e não reproduzir os estereótipos que já existiam.” – Rebecca Kim
Elayne afirma que começou a escrever romances com protagonismo lésbico pela falta de tais obras nas livrarias. “Eu queria me ver também”, diz ela, “ver que também era normal o que eu sentia”. Ela é autora do livro O Amor Não É Óbvio, publicado pela Galera Record. Gabriel lembra ainda que, há alguns anos, o debate sobre representatividade era muito escasso e relata sobre a dificuldade dele de viver a sua identidade como um homem gay sem estar ligado à luta contra o preconceito.
Dito isso, Elayne fala sobre a sua intenção de a escrita girar em torno de escrever uma história com final feliz, onde um casal de meninas não precisaria de um fim melancólico ou triste. Ainda, queria uma história em que a protagonista se descobrisse desde o princípio como gay e pudesse criar uma identificação com o leitor que estivesse passando pelo mesmo processo.
“É muito estranho a gente ter que ficar justificando os personagens no ambiente literário. (…) É ok quando isso vem de um lugar genuíno de mostrar qual é a vivência dessa pessoa, não é ok quando isso tá lá por decoração.” – Gabriel Mar
Continue assistindo a mesa aqui.
Mesa #3 – Lendo na pré-adolescência
Para fechar o terceiro dia, a mesa Lendo na Pré-Adolescência contou com os escritores, Thalita Rebouças, Carol Christo e Jim Anotsu e a mediação do produtor de conteúdo Adriel Bispo. O início do bate-papo questionou os autores se, quando escrevem para pré-adolescentes, o processo criativo deles se modifica. Para Thalita, escrever para pré-adolescentes e adolescentes é muito natural.
“É como seu eu sentasse com 14 anos na frente do computador, sabe? Aí a jornalista de 45 vem e revisa o texto.” – Thalita Rebouças
A Carol disse que não vê muita diferença no seu processo no que diz respeito ao público, mas vê ao gênero. “Se eu vou escrever uma história contemporânea, a leitura é muito mais intuitiva (…). Agora quando eu vou escrever uma história de fantasia, eu preciso de um planejamento mesmo”, diz ela. Por outro lado, Jim afirma que sente diferença em seu processo de escrita quando escreve literatura infantojuvenil. Há muito mais cuidado para esse público, mais planejamento.
Todos os autores misturam mídias nas suas criações. Thalita tem livros que viraram filmes, Carol escreve sobre o mundo Pokémon e Jim, sobre Minecraft. Quando Ariel pergunta sobre as diferenças dessas transmídias, Thalita fala sobre a diferença entre escrever um roteiro e o livro. Ao passo que ela adora adaptar um para o outro, Jim não gosta de perder as páginas do seu livro para o cinema.