Sol da Meia-Noite
Resenhas

Sol da Meia-Noite, de Stephenie Meyer | Resenha

Sol da Meia-Noite

Eu li Crepúsculo no auge da “sábia” idade de catorze anos, quando tudo era super intenso, quase tão intenso quanto um beijo do próprio Edward Cullen. Fiz parte do grande fandom nascido da saga de Stephenie Meyer, fui ver todos os filmes no cinema e engoli todos os livros. Lembro de ligar para a minha melhor amiga, lá em 2008, assim que terminei de ler o primeiro livro para saber se tudo ficava bem com a Bella, após o primeiro capítulo de Lua Nova, incluído em Crepúsculo. Assim, sob toda essa nostalgia, meu coração ficou quentinho e batendo forte com o anúncio de que Sol da Meia-Noite seria lançado pela Intrínseca.

Através dos olhos de Edward, nós acompanhamos o início da história de amor entre o vampiro e a humana Bella Swan, mais uma vez. Em um calhamaço de mais de 700 páginas, a editora Intrínseca correu com o projeto gráfico e todo o processo de publicação para proporcionar aos fãs um lançamento simultâneo ao dos Estados Unidos. Por isso, em agosto de 2020, todas as crepusculetes ressurgiram da máquina do tempo e devoraram Sol da Meia-Noite. Eu entre elas.

Preciso explicar o plot?

Ok, resumindo: uma humana se muda para uma cidade nublada para viver com o pai e acaba se interessando por um adolescente fora do normal. Tão fora do normal que nem humano ele é. Na verdade, Edward Cullen faz parte de uma família de vampiros vegetarianos. Ele se vê tão obcecado e encantado por Bella quanto ela por ele e dá-se início a uma intensa e controversa história de amor.

Sol da Meia-Noite

Se é a mesma história, o que mudou?

Então, enquanto o lançamento não chegava, nós do Vai Lendo ficamos discutindo sobre o que esperar de uma narrativa que todos nós já conhecíamos começo, meio e fim. Inclusive, fizemos um post no nosso instagram sobre o que queríamos ver em Sol da Meia-Noite. Basicamente, queríamos mais dos vampiros. Queríamos mais sobre a história da formação da família Cullen, mais sobre a vida de Carlisle antes de Edward, mais sobre tudo o que não fosse o romance. Ainda assim, desejávamos entender melhor o comportamento de Edward para com Bella, porque em inúmeros momentos beira a obsessão, com invasões de privacidade, controle de decisões e superproteção exagerada.

Pois bem, Sol da Meia-Noite não decepciona os nossos desejos. Mas, para falar sobre isso, preciso dar alguns spoilers – mesmo que superficiais. A primeira parte do livro é toda voltada para o autocontrole de Edward por causa da fragrância de Bella. Nela, nós entendemos a força que esse cheiro tem sobre ele, muito mais do que em Crepúsculo. Ela evoca o monstro, o vampiro, e a pouca humanidade que ainda resta nele parece esquecida. Em meio a isso, nós conseguimos enxergar melhor a dinâmica da família Cullen e é muito bacana. Meyer desenvolveu realmente uma família, por mais sobrenatural que seja. E, olha, eu adoro a relação do Edward com a mãe, a Esmee. É linda demais. Uma das coisas que eu entendi melhor também com o nosso novo narrador foi toda a atitude de Rosalie. E, sinceramente, perdi todo o ranço que sentia dela.

Outro destaque vai para a relação entre a tribo descendente dos Black, com a sua maldição de lobisomem, e os Cullen. O pai de Jacob, responsável por manter o acordo entre os dois grupos vivo, é bem ciente que o relacionamento de Bella e Edward pode ameaçar a paz da região e isso também é um ponto positivo do desenvolvimento do livro.

Sol da Meia-Noite

Em Sol da Meia-Noite, nem tudo são flores…

O livro é uma experiência de altos e baixos. Os altos descritos aí em cima permeiam as mais de setecentas páginas saciando a nossa curiosidade e fazendo a gente se contorcer de nostalgia, maaaaas, como diz o título acima, nem tudo são flores. Menino Edward pensa muito. Demais. E isso fez com que o livro talvez tenha, eu chuto, umas cem ou duzentas páginas a mais. A escrita de Stephenie Meyer ainda é maravilhosa e viciante, mas ouso dizer que ela se deixou levar. Se isso acontecesse em uma história nova, tudo estaria bem. Nós, contudo, já conhecemos a história de cabo a rabo e, faltando um quarto para o final da história, eu comecei a não querer mais ler o livro. Eu queria mais histórias do passado, mais Volturi, mais vampiros e menos amor, por favor.

Talvez a idade para ler esse spin-off tenha sido lá nos meus sábios 14 anos? Talvez. Ou, quem sabe, se o livro fosse menor, seria uma leitura totalmente prazerosa, sem chegar nesse final como um parto de leitura… O fato é que Sol da Meia-Noite é um livro bem bom, só que com palavras demais. E isso prejudicou um pouco a minha experiência de leitura.

Ainda assim, eu o encaro como um livro bem melhor do que Crepúsculo. Ele é mais bem trabalhado, traz mais profundidade para os personagens e consegue, por uma boa parte, desviar na dose certa da história de amor que era o foco aos olhos de Bella no livro de 2008. Dessa forma, o livro fica mais diverso e bem mais interessante. Às crepusculetes, eu vos digo: leiam, sim, mas leiam sabendo que, apesar de muito boa, não é uma leitura fácil.

Título: Sol da Meia-Noite | Autora: Stephenie Meyer | Tradutoras:  Carolina Rodrigues, Flora Pinheiro, Giu Alonso, Maria Carmelita Dias, Marina Vargas, Viviane Diniz | Editora: Intrínseca | Páginas: 736

Apaixonada por música, cinema, séries e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte, mas por enquanto escreve sobre o que leu, viu e gostou no Anatomia Pop.

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