Entrevista: Chris Melo
O Vai Lendo conversou com a escritora Chris Melo, que irá lançar dois livros pelo selo Fábrica231, da editora Rocco
“Eu sou todas as histórias que conto”. Assim que abrimos a página principal do site da escritora Chris Melo nos deparamos com uma frase que não poderia representá-la melhor. Autora de livros como Enquanto a Chuva Caía e Sob a Luz dos seus Olhos, Chris conquistou o público com seus romances escritos de maneira tão verdadeira e natural que permitem ao leitor se identificar com os personagens e as situações logo nas primeiras páginas. Muito disso se deve principalmente ao caráter pessoal de suas obras. Por isso mesmo, ela já foi, inclusive, considerada a “Nicholas Sparks de saia” por seus fãs. Agora, a escritora – e também professora – se prepara para escrever um novo capítulo em sua carreira: o lançamento de uma nova edição de seu sucesso Sob a Luz dos seus Olhos, previsto para o segundo semestre deste ano, e o spin-off desta obra, Sob um milhão de Estrelas, em 2016, ambos pelo selo Fábrica231, da editora Rocco.
O relançamento de Sob a Luz dos seus Olhos era um pedido antigo dos fãs que, segundo Chris, ansiavam por mais conteúdo relacionado à obra. O pedido não só foi atendido, como também o livro virá com cenas inéditas. Ao Vai Lendo, a autora falou sobre a expectativa da nova edição do título, especialmente em relação ao retorno do público com as alterações e aos novos leitores que ela espera conhecer.
“Sempre terá um frio na barriga (com o lançamento)”, declarou ela. “Minha escrita será sempre o meu maior segredo. Parece que estou entregando meu diário para as pessoas lerem. O que eu escrevo é ficção, mas os sentimentos e pensamentos são reais. Além disso, há a expectativa de um significativo aumento da rede de leitores; cada lançamento traz gente nova para a minha vida. Muitas pessoas vão me ler pela primeira vez e todo o primeiro encontro gera nervosismo. Em relação às mudanças no livro, o manuscrito que a editora recebeu para analisar já contava com essas alterações, e a ideia de ter surpresas na nova edição foi recebida de maneira muito positiva. Os leitores sempre querem mais de Sob a Luz dos seus Olhos. Mais livros, mais capítulos, mais diálogos, mais tudo (risos)… Por isso, acredito que eles vão gostar muito das novidades, principalmente porque o livro continua o mesmo em sua essência”.
Em Sob um milhão de Estrelas, por sua vez, Chris trará novamente um personagem da obra predecessora, porém, o período da história, explicou a autora, será concomitante. Ou seja, a trama se desenrola no mesmo tempo dos acontecimentos de Sob a Luz dos seus Olhos, mas em outro espaço. No entanto, ela garante que aqueles que ainda não conhecem a primeira obra poderão ler a outra sem maiores problemas. A ideia deste novo livro era justamente apresentar um ponto de vista diferente sobre o amor.
“No caso de Sob um milhão de Estrelas, quis contar sobre outra vertente do amor”, afirmou. “Uma tão intensa quanto o amor de Paul e Elisa, mas oposta ao estilo de vida e personalidade dos personagens. Eu queria outro livro arrebatador, mas com uma fórmula totalmente oposta. Acho que consegui e, só por isso, resolvi entregar para a editora e aos leitores. Sempre começo uma história sem pretensão de publicá-la. De verdade. Sempre começo movida por um desafio que eu mesma me coloquei. Em breve, saberemos o resultado. Desejo que essa história seja recebida tão bem quanto as minhas anteriores”.
No que depender dos leitores, Chris Melo não precisa se preocupar. Com uma relação bem próxima ao seu público, a escritora ressaltou a importância desse contato, uma vez que eles influenciam diretamente o seu processo criativo. Tanto que a comparação com Sparks a pegou de surpresa, mas, logo em seguida, ela teve a consciência do reconhecimento de seu trabalho, já que “a semelhança estava relacionada à emoção que os leitores sente ao ler a ambos e não necessariamente ao texto”. “Para mim, soa como um elogio ser comparada ao líder do gênero romântico. Antes de ser um fenômeno de vendas, ele é um mestre na arte de arrancar suspiros, falar de amor e transformação. Objetivos que também busco com os meus textos”.
“Muitos diálogos foram escritos pensando nos leitores”, confirmou. “Paul fala mais na nova versão de Sob a luz dos seus Olhos e vejo isso como um presente ao meus leitores. Chega a ser estranho imaginar que, um dia, escrevi sem esperar pela leitura de alguém. Hoje, quando termino um capítulo, já fico imaginando o que vão achar das cenas, como eles se chocarão com alguma situação ou como os olhos vão lacrimejar com algum diálogo. Aprendi que as emoções que sinto quando escrevo são replicadas a cada leitura. Se uma situação me faz rir, os leitores riem. Se eu choro, eles choram. Se eu reflito, eles também são atraídos para essa pausa na leitura. Essa mágica conexão só pode gerar proximidade porque, mesmo sem nos conhecermos pessoalmente, nos sentimos próximos dentro das palavras. Leitura, antes de tudo, é afinidade. Seu autor favorito sempre será aquele que falou sobre você, seus sentimentos mais profundos e suas confusões mais íntimas. Por essa razão, é sempre uma alegria saber que o meu texto ultrapassou minha particularidade e falou com o outro, sobre o outro. Esse diálogo mágico é a maior honra da minha vida. Por isso, carrego no coração cada leitor que se encontrou dentro das minhas linhas”.
E é justamente essa escrita “intimista”, como ela mesmo descreve, que torna as suas obras bastante pessoais e interessantes aos olhos do público. Todas as suas experiências, inclusive o seu trabalho como professora de crianças e adolescentes, formam um conteúdo especial para a imaginação da escritora, que, acima de tudo, busca histórias que valem a pena ser contadas.
“Toda experiência influencia o meu trabalho”, garantiu. “Escrita é fruto de vivência somada à observação. Ando com os olhos e ouvidos atentos sempre, inclusive, na sala de aula. Não planejo a idade dos meus personagens, eles simplesmente aparecem e me convencem de que possuem uma história que vale a pena ser contada. Se, um dia, um jovem ou criança, por exemplo, invadir a minha cabeça, não hesitarei. Tem que ser honesta. Eu escrevia diários, depois, crônicas, que são textos que nascem da subjetividade. Só sei fazer assim. Talvez, seja a maior característica da minha escrita. Difícil mesmo foi me convencer de que eu deveria entregar o livro para uma editora e tentar publicar. O primeiro mês foi intenso demais para mim, a cada resenha eu pensava: meu Deus, estão lendo! As pessoas estão me lendo (risos)!
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