Entrevista: Fernanda França
A escritora Fernanda França conversou com o Vai Lendo sobre o lançamento de seu novo livro, ‘O Pulo da Gata’, na Bienal do livro 2015, o humor em suas tramas e estímulo à leitura
Levar a vida com bom humor e sorrir, até mesmo, para os problemas. É isso o que a escritora Fernanda França tenta mostrar para os seus leitores, através de obras inspiradoras e delicadas, que, em sua maioria, buscam sempre apresentar o lado positivo das coisas. Por isso mesmo, a autora já está em seu quarto trabalho, O Pulo da Gata, que será lançado na Bienal do Livro 2015, nestes sábado e domingo, dias 12 e 13, respectivamente, pela Essência, selo da Editora Planeta. Ao Vai Lendo, Fernanda falou sobre a escolha da sua temática, bem como a expectativa de apresentar seu novo livro ao público e a carreira de escritora.
“A minha expectativa é sempre positiva”, declarou. “Primeiro, porque eu encontro os leitores nos lançamentos e essa é a parte mais importante de todas. O Pulo da Gata é o meu quarto livro, mas é o primeiro narrado em terceira pessoa. Nós conhecemos a história da veterinária Maggie May, que tem o sonho de se casar! Mas, afinal, o que é amar e ser amada? E qual é o limite para ir em busca de um sonho? Acho que o diferencial nos meus livros é sempre abordar questões sérias com bom humor. Tratar de assuntos difíceis, mas com gentileza, e o equilíbrio com as cenas divertidas. Eu gosto de usar o humor para refletir”.
Autora do gênero chamado chick-lit, Fernanda acredita que a literatura é fundamental para transmitir mensagens aos leitores e fazê-los refletir sobre diversos assuntos, independente do gênero. Ela ainda ressaltou que o humor também ajuda a criar essa identificação com a obra e traz mais leveza aos debates de questões mais sérias, sem deixar, contudo, de se falar sobre qualquer tema.
“Mesmo quando o livro é um entretenimento, ele pode ajudar alguém a refletir sobre algum momento da sua vida ou pode fazer uma pessoa repensar sobre um preconceito, por exemplo”, afirmou. “Com as comédias românticas, não somente as mulheres, mas os homens também conseguem ver suas vidas nas páginas de um livro. E o riso é uma ferramenta poderosa para a reflexão. Quando achamos algo engraçado, também estamos pensando sobre o assunto”.
Fã de Mauricio de Sousa e Ziraldo – suas principais referências literárias e nomes que, ela mesma confirmou, lê até hoje com o seu filho -, a autora também citou Pedro Bandeira, Agatha Christie, Sidney Sheldon, Machado de Assis, Clarice Lispector, entre outros, como suas inspirações e disse que acrescenta um pouco de cada autor que passou pela sua vida, principalmente os nacionais contemporâneos. Para ela, o preconceito em relação à literatura brasileira ainda é um empecilho para que os escritores do país possam dominar as livrarias, porém, ela apontou que esse cenário vem mudando, ao longo do tempo.
“Acho que o maior concorrente do escritor nacional é o preconceito”, declarou. Felizmente, o cenário melhorou muito desde quando publiquei meu primeiro livro, em 2010. Hoje, nós podemos ver livros nacionais contemporâneos nos destaques das livrarias e eu me encho de orgulho dos meus colegas. Mesmo assim, ainda ouvimos muito ‘eu não leio livro nacional’. O preconceito dos leitores é uma barreira para aumentar as vendas – e ele acaba interferindo no restante do processo, com editoras, livreiros e mídia. Mesmo assim, meu foco é naqueles que acreditam na literatura nacional”.
Para agradecer todo o carinho do público com os seus livros e estreitar os laços com os leitores, Fernanda está disponibilizando diariamente um capítulo da obra 9 Minutos com Blanda, no Wattpad, uma rede social literária. Ela disse acreditar que a internet tem um papel muito importante atualmente para os escritores se tornarem mais acessíveis e se apresentarem, algo que já começa, inclusive, a influenciar no mercado editorial.
“Estou adorando a experiência de ler os comentários sobre 9 Minutos com Blanda em tempo real”, disse. “A internet tem um poder enorme, hoje em dia. Ela auxilia os autores a estarem mais próximos de seu público – inclusive, em muitos casos, ela faz com que o autor tenha a oportunidade de apresentar o seu trabalho para o público pela primeira vez – e influencia o mercado editorial, à medida em que editoras já buscam sucessos da internet para trazer para o ‘mundo real’ dos livros”.
Aliás, é através das respostas dos leitores que Fernanda tenta se aprimorar, pois, para ela, o retorno do público é imprescindível para a continuidade do trabalho. Tanto que, em seu canal no Youtube, ela também ajuda a estimular o hábito pela leitura, e defende que é importante as crianças terem esse contato com os livros desde cedo, a partir do exemplo dos pais.
“Meu público é fundamental para mim!”, garantiu. “Eu dou valor a cada recado que recebo e respondo a todos pessoalmente. Às vezes, me emociono com algumas mensagens, elas mexem de verdade comigo. É esse retorno que me faz perceber o que está funcionando no meu trabalho e o que preciso melhorar. Eu presto atenção às críticas, eu absorvo os elogios com todo o meu agradecimento. Tudo isso me faz querer melhorar. Eu acho que a leitura é um hábito importantíssimo e que deve ser estimulado desde bebê. Conforme ele cresce, os livros mudam um pouco, mas o importante é que os livros já foram apresentados à criança, e será mais fácil ela tomar gosto pela leitura. Com a leitura, a criança aprende valores e adquire conhecimento. O melhor jeito de estimular é lendo junto. Vai chegar um momento em que eles vão querer ler sozinhos, mas, enquanto pequenos, é importante participar desse momento com os bebês e com as crianças menores. Você vai contribuir para um hábito maravilhoso e ainda vai se divertir um bocado!”.