Meu Romeu, de Leisa Rayven|Resenha
‘Meu Romeu’: assim como Shakespeare, Leisa Rayven nos presenteia com personagens apaixonantes em uma história de amor envolvente e arrebatadora de tirar o fôlego
Amar alguém, para alguns, é o maior ato de coragem que um ser humano pode ter na vida. Isso porque, quando nos envolvemos inteiramente com outra pessoa, somos despidos das nossas seguranças e razões e damos lugar aos receios, ansiedade e principalmente à emoção. Mas amar profundamente também significa entrega, compartilhar e viver intensamente, transformando cada atitude, cada gesto, cada experiência em um momento inesquecível. Muitos conseguem e desejam fervorosamente viver algo assim. Dividir os sonhos. Outros, por sua vez, têm dificuldade em demonstrar os seus próprios sentimentos e se abrir. Ethan e Cassie, personagens criados por Leisa Rayven, em Meu Romeu, agora parte do Globo Alt, o selo jovem da Globo Livros, são a representação perfeita dessas duas nuances da essência do ser humano.
Quando Cassie foi chamada para estrelar um espetáculo da Broadway, ela pensou que o seu sonho finalmente se realizaria. O que ela não esperava era ter que contracenar justamente com o charmoso Ethan Holt, ninguém menos que o seu ex-namorado, responsável por destruir o seu coração e todo tipo de perspectiva amorosa que ela pudesse ter. O problema é que os dois sempre tiveram uma ótima química (tanto nos palcos quanto na vida real), e trabalhar novamente com ele obrigará Cassie a enfrentar um passado que ela adoraria deixar para trás e principalmente sentimentos que ela esperava ter esquecido.
Mais do que um romance, um new adult, e muito além de uma obra “picante”, Meu Romeu é um livro sobre o amor em todas as suas formas e defeitos. O amor ingênuo, quente, arrebatador, aconchegante, frustrado, que transcende o tempo e desesperado. Leisa transformou em páginas todas as nossas inseguranças e ideais através de um casal extremamente verdadeiro e intenso. Qualquer um de nós poderia ser Cassie ou Ethan. Todos nós temos os nossos sonhos e perspectivas amorosas e somos arrebatados pelos medos e conflitos na hora de nos entregarmos a alguém. É bom e, muitas vezes, divertido acompanhar Cassie em sua árdua luta para conquistar Ethan, ou melhor, abrir o seu coração aparentemente trancado e frio. Assim como observar as tentativas frustradas de Ethan de simplesmente se render aos seus próprios medos e não se permitir amar novamente nos faz refletir e, até mesmo, questionar algumas de nossas atitudes.
Aliás, essa foi uma das características mais surpreendentes de Meu Romeu, que tornou o livro ainda mais interessante. Diferentemente de outras obras, apesar de Cassie ser uma “mocinha” ingênua, inexperiente e, por vezes, imatura, ela sabe exatamente o que quer e corre atrás disso, com toda a perseverança, se jogando literalmente no desconhecido. Enquanto Ethan, o “mocinho”, é, por sua vez, o personagem inseguro, fechado, que simplesmente não ousa arriscar, mesmo que isso possa fazê-lo perder o que mais quer. É impressionante como a construção desse personagem é verossímil e verdadeira, de modo que ficamos hipnotizados pela carga e toda a bagagem que compõem a sua personalidade. Na maioria das vezes, Ethan é simplesmente um troglodita. Um cara insensível e um pouco agressivo, mas é nítido que essas são consequências de um estrago ainda mais profundo. Quando temos a consciência do peso que ele carrega e seus motivos, é impossível não se envolver e ter vontade de pegá-lo no colo e dizer que “tudo ficará bem”. E o mesmo acontece quando temos Cassie amargurada e desiludida, após ter a maior decepção de sua vida. Como não se compadecer com o seu sofrimento?
Essa reações, porém, não seriam possíveis sem a escrita envolvente de Leisa. Ainda que seja uma linguagem leve e extremamente informal, a autora deu um ritmo delicioso à história, intercalando momentos do passado com o presente, nos possibilitando acompanhar o crescimento e desenvolvimento de Cassie e Ethan e de sua relação disfuncional. A leitura flui tão bem que você não sabe se quer ficar no passado acompanhando o início intenso e cheio de encontros, desencontros e conquistas dos dois ou simplesmente avançar para o presente para vivenciar todo o clima de questões mal resolvidas, em meio a uma tensão sexual capaz de nos deixar sem fôlego. Literalmente. E tudo perfeitamente dentro do contexto.
Mesclando muita emoção com uma boa dose de humor, o livro nos faz viajar em nossas emoções e viver, ainda que por tabela, um romance tórrido, complexo e viciante para Shakespeare nenhum colocar defeito. Cassie e Ethan, assim como Julieta e Romeu, são personagens únicos e apaixonantes. E a obra de Leisa Rayven é totalmente cativante e prazerosa. Sexy (MUITO sexy), sem ser vulgar.
PS: para o nosso êxtase (sem trocadilhos ou segundas intenções), a continuação Minha Julieta sairá, em breve, aqui no Brasil, também pelo Globo Alt, que já divulgou o primeiro capítulo, e você confere aqui.
Um comentário
Pingback: