Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida, de Eduardo Spohr | Resenha
‘Herdeiros de Atlântida’: Eduardo Spohr e suas batalhas épicas
Por Erika Alvarenga
Com o sucesso do seu livro de estreia, Eduardo Spohr criou uma legião de fãs e se consagrou como um dos maiores nomes brasileiros de ficção fantástica. Após toda a repercussão de A Batalha do Apocalipse, não seria nada fácil atender às expectativas dos leitores. Porém, quatro anos depois, Spohr volta em grande estilo com Herdeiros de Atlântida, o primeiro livro da trilogia Filhos do Éden.
Dessa vez, o egocêntrico arcanjo Miguel encontra-se em guerra contra as tropas revolucionárias de seu irmão, o também arcanjo Gabriel. Enquanto isso, dois anjos, Levih e Urakin, são enviados ao mundo físico para uma missão nada fácil: resgatar Kaira, líder dos exércitos rebeldes, desaparecida enquanto investigava uma suposta violação do tratado. A empreitada é repleta de surpresas e perigos e conta ainda com a presença de anjos, arcanjos, demônios e até um anjo exilado em busca de anistia.
A partir daí, Spohr usa todo seu talento para criar cenários incríveis e batalhas capazes de transportar o leitor a um universo fantástico com arcanjos de armaduras douradas e ferozes demônios. A alternância entre o presente e o passado cria uma dinâmica capaz de nos prender capítulo a capítulo. Além disso, para nós, leitores brasileiros, locais como a região serrana do Rio de Janeiro e a BR-040 nos aproximam ainda mais da história.
Agora, os personagens são mais reais, mais humanos, o que provoca uma identificação ainda maior com os protagonistas. Confesso que, após me apaixonar por Ablon, não acreditava que outro personagem seria capaz de tal façanha. Porém, Denyel conseguiu o inesperado. Apesar de ser um querubim, o anjo aparenta traços da personalidade de um homem, mortal, normal, como cada um de nós. Seus modos brutos e rudes, sua descrição física (e até sua barba mal feita!) associados ao gosto pela cerveja, o fascínio por alguns bens materiais (como sua querida Hayabusa e suas armas) deixam o personagem simplesmente cativante.
Não somente Denyel, mas Kaira também apresenta vários traços humanos (apesar de, nesse caso, existir um motivo bem específico para isso…). A protagonista apresenta diferentes visões das criaturas celestes e humanas passando por dilemas comuns do nosso dia-a-dia, como o fato de achar que está louca a ponto de procurar um médico para esclarecer suas dúvidas.
Outro personagem singular é Levih, o ofanim conhecido como o Amigo dos Homens. O anjo é incapaz de agredir, ofender ou machucar alguém. De um autocontrole incomparável, ele é o que caminha na Terra ajudando os humanos. Sua bondade extrema faz com que o leitor se admire e sofra com o benevolente anjo.
Ao seu lado, Levih tem Urakin, o querubim. O Punho de Deus. Um verdadeiro guerreiro de força descomunal que não nega um combate e sonha em morrer com honra defendendo sua missão.
E o tempero do livro: as batalhas!!! Inúmeros são os confrontos dos heróis a caminho do reino de Atlântida. Criaturas horrendas e sanguinárias. Batalhas entre fogo e gelo. Demônios a capturar anjos na Terra. E… Traidores!! Tudo isso em templos, santuários e até em estradas a céu aberto!!
A diagramação do livro e o trabalho da editora também são notáveis. O título em alto relevo, o tipo de letra nos títulos (mantendo o padrão de A Batalha do Apocalipse) e a capa são marcantes. Além disso, os capítulos curtos facilitam a leitura. Para os leitores mais obsessivos que não interrompem a leitura de um capítulo no meio é excelente.
Essa é mais uma fantasia única passada no céu, na Terra e em Atlântida! O livro conta com uma trama original vivida por personagens fantásticos, porém, capazes de fazer com que o leitor se identifique, torça e sofra durante toda a história.
Por último, preciso destacar: Eduardo Spohr sabe como conquistar os fãs. O livro começa com “Uma mensagem aos leitores de A Batalha do Apocalipse”. Nessa mensagem de apresentação da trilogia, ele diz que os leitores são heróis e mais: “Este livro é, sobretudo, uma homenagem aos antigos leitores…”. Como não adorar Eduardo Spohr? Agora, rumo ao livro dois da trilogia: Anjos da Morte!!!
Um comentário
Pingback: