Cidade das Cinzas, de Cassandra Clare | Resenha
‘Cidade das Cinzas’: uma continuação fantástica que faz jus à obra original
Cidade das Cinzas, da autora Cassandra Clare – publicado pelo Grupo Editorial Record -, é o segundo livro da série Instrumentos Mortais – mundialmente conhecida e, se eu não me engano, há até uma série de televisão baseada nos livros.
Bom, queridos, a primeira coisa que tenho a dizer sobre a trama desse segundo volume é que é quando as coisas começam a dar errado. É quando a autora resolve dar um tapa na cara dos personagens que adoramos e diz: quem manda nisso aqui sou eu.
Pois é. A situação fica bem complicada para os nosso heróis Clary e Jace e todos os outros que tem sua participação na história.
Exceto para o grande vilão Valentim. Para ele as coisas vão bem.
Observação: se alguém não leu o primeiro volume da série, sugiro que comece por ele. Porque as chances de entender tudo o que é necessário a partir desse primeiro volume são poucas – talvez até seja possível, mas vai dar o maior trabalho. Então, leia o primeiro livro. Vai por mim.
A história continua exatamente de onde parou o primeiro volume, Cidade dos Ossos. Ou seja, Clary, depois de conhecer o lindo e charmoso Jace Wayland e seus companheiros Caçadores de Sombras – Alec e Isabelle Lightwood – descobriu que ela também é uma Caçadora de Sombras; e mais tarde tem a duríssima notícia de que, além disso, também é filha do corrompido, louco e malvado Valentim Morgenstern – o Caçador de Sombras mais sinistro da parada e que tem um plano maligno ainda não revelado. E é claro que as coisas tinham que ficar ainda mais complicadas quando ela descobre que Jace, por quem ela começa a desenvolver sentimentos bem fortes – também é filho de Valentim, ou seja, eles são irmãos.
Já deu para notar o drama, né?
E olha que eu ainda nem terminei.
Como se tudo isso não bastasse, temos o problema enorme que é o coma misterioso no qual entrou a mãe de Clary, e tudo indica que o único que pode ajudá-la com isso é Valentim – por quem ela não nutre nenhum sentimento afetivo, muito pelo contrário. E não apenas isso, nos deparamos também com os sentimentos que o Simon, que começam a mostrar que gostaria de ser mais do que apenas amigo de Clary.
Tinha que ter um triângulo amoroso muito complicado, é claro. Essa parece ser uma característica da Cassandra.
Mas agora permitam que eu apresente a problemática do livro em si – independente do drama dos personagens com hormônios em fúria:
Alguém está matando jovens Submundo – fadas, lobisomens, vampiros. Não se sabe quem é, mas as suspeitas caem logo sobre Valentim e logo sobre o seu filho, Jace, que passa a ser investigado de maneira um tanto bruta – o suficiente para fazê-lo, talvez, enxergar Valentim e suas palavras mansas com outros olhos.
E o resto vocês vão ter que ler para saber!
Eu diria que Cidade das Cinzas é a perfeita continuação para Cidade dos Ossos. A autora soube como manter o mesmo ritmo e o mesmo tom em ambos os livros – e isso não só é muito importante, como também é bem difícil para o autor. Acho que aqueles que leram e curtiram o primeiro volume vão gostar bastante desse.
Eu gosto do trabalho da Cassandra. Principalmente da forma como ela descreve os lugares, os personagens e as situações – ela faz isso com uma sutileza e naturalidade que permitem que o leitor realmente crie uma imagem para si mesmo; gosto também dos diálogos que ela cria – me parecem muito naturais é, na minha opinião, crucial em qualquer narrativa. E, acima de tudo, eu gostei muito da temática fantástica e da forma como ela a abordou, misturando uma fantasia oculta com a realidade comumente aceita.
No entanto, não gosto desse tom adolescente demais que ela dá as obras. Esse tom dramático além da conta, com problemas como: “com qual dos garotos eu fico?”. Não consigo ver ninguém além do público jovem lendo e aproveitando essa série.
Mas ela se tornou um sucesso mundial, então, quem sou eu para falar alguma coisa?
A verdade é que eu mesma li e gostei dos livros a ponto de continuar a leitura. E isso é o que importa.
De resto, tudo o que eu observei nesse segundo livro, também vi no primeiro. Então, não tenho muito mais a acrescentar.
Quanto ao trabalho da editora, também não tenho muito o que dizer que já não tenha dito. A Record é uma das pioneira do mercado editorial brasileiro e novamente ela mostrou o motivo desse status trazendo para os leitores um trabalho que beira a perfeição – a capa lindíssima, a diagramação bem feita, a fonte ótima para leitura e a qualidade do material em si. Sou fã dessa editora e aguardo por novidades.
Assim como o primeiro volume da série, Cidade das Cinzas continua a tradição de excelência da série Instrumentos Mortais, imergindo o leitor cada vez mais nesse universo fantástico criado pela Cassandra Clare.